SPVS e empresa de tintas firmam parceria pela compensação de CO2

A Tintas Verginia é uma das empresas parceiras da SPVS na busca por compensar parte das emissões de suas operações.
A Tintas Verginia é uma das empresas parceiras da SPVS na busca por compensar parte das emissões de suas operações/Fotos: Divulgação/SPVS

A SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) e a Tintas Verginia, empresa com mais de 30 anos de existência e mais de 40 lojas no Paraná e em Santa Catarina, firmaram em outubro uma parceria para que a marca possa compensar parte das emissões de gases de efeito estufa (GEEs) geradas pelas operações da companhia.

A partir de um apoio financeiro em prol da manutenção de uma das três Reservas Naturais criadas e mantidas pela SPVS desde a década de 1990 no litoral do Paraná, a Tintas Verginia vai apoiar, pelo período de cinco anos, a manutenção de um hectare de floresta da Reserva das Águas, localizada em Antonina, e, com isso, compensar 278 toneladas de CO2e, equivalente às emissões de GEEs geradas pela empresa ao longo de 2022.

O projeto que já restaurou 700 mil hectares de terra na Mata Atlântica

A partir de 2000, a SPVS adquiriu mais de 19 mil hectares de áreas. Surgem então a Reserva das Águas que possui cerca de 4 mil hectares, a Reserva Guaricica, também em Antonina, com cerca de 9 mil hectares de área e a Reserva Natural do Papagaio-de-cara-roxa, em Guaraqueçaba, com cerca de 7 mil hectares. Todas as áreas possuem remanescentes de Floresta Atlântica – um importante ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica.

A Mata Atlântica se caracteriza como um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, mas também é um dos mais ameaçados do planeta. Pesquisas revelam que apenas cerca de 8% de Mata Atlântica ainda exista em bom estado de conservação.

Conservação e proteção

Por meio do apoio financeiro da Tintas Verginia, uma parcela de área da Reserva das Águas passa a ser apoiada, a fim de estimular a manutenção de atividades em prol da conservação e da proteção da reserva a fim de manter os estoques de carbono presentes nos ambientes florestais.

Clóvis Borges, diretor-executivo da SPVS, destaca que a parceria representa o início de uma relação capaz de garantir ainda mais resultados em favor da conservação da biodiversidade. “O entendimento de que todos os empreendimentos usam a natureza para desenvolver suas atividades e que a gestão ambiental corporativa pode mensurar e incorporar esse custo como parte dos negócios vem se tornando uma tendência que permite uma relação mais harmônica entre os negócios e o nosso patrimônio natural. Exemplos como esse em que a empresa Tintas Verginia mensura e busca compensar suas emissões são muito importantes para garantir o fortalecimento dos negócios e também um exemplo a ser seguido por outras corporações para garantir maior resiliência em relação aos eventos climáticos extremos”, explicou Clóvis.

Eduardo Bathke, diretor-executivo da Tintas Verginia, reforçou que o momento representa uma oportunidade de celebrar as ações que vêm sendo conduzidas para que a companhia se consolide como um modelo de empresa capaz de inspirar outros negócios e pessoas.

“Esperamos que iniciativas como essas possam ser capazes de motivar outras pessoas, concorrentes, amigos, parceiros e marcas a fazerem o mesmo. Por um mundo mais colorido e cheio de vida!”, disse, no evento de apresentação da novidade aos funcionários, na unidade de distribuição da marca em Campo Magro, Região Metropolitana de Curitiba, no dia 17.

Ainda em outubro, representantes da equipe estiveram em uma visita às Reservas Naturais da SPVS e fizeram um plantio simbólico de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica em uma das áreas da Reserva Guaricica.

Estreitamento de vínculos

Esta é a segunda vez que a Tintas Verginia se aproxima da SPVS para apoiar ações de conservação conduzidas pela instituição. Em 2023, a marca já havia direcionado recursos para apoiar parte das ações do monitoramento do projeto do papagaio-de-cara-roxa, espécie que habita a região do litoral do Paraná, e o litoral Sul de São Paulo, e pela qual a SPVS trabalha há quase 30 anos.

“Ao longo dos anos de trabalho da SPVS, o papagaio-de-cara-roxa deixou a categoria de ameaçada de extinção para vulnerável, um avanço importante em relação à condição de proteção desta espécie”, destacou Monica Borges, diretora de parcerias estratégicas da SPVS. O dado é da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em Inglês). “Com o apoio que recebemos da Tintas Verginia no ano passado, incrementamos os esforços em prol deste projeto”, lembrou. Atualmente, no Paraná e em São Paulo, existem cerca de nove mil indivíduos da espécie.

Segundo Eduardo Bathke, os recursos dedicados agora ao projeto de compensação de parte das emissões de GEEs feitas pela companhia, e no ano passado para o monitoramento dos papagaios, vêm do lucro das vendas de todos os produtos da marca Verginia comercializados no Dia Da Árvore, em 21 de setembro, quando a companhia promove ações de marketing e vendas, e direciona os valores arrecadados integralmente com as vendas a projetos de conservação. “Escolhemos a SPVS para receber esses recursos por confirmarmos na seriedade, no histórico e na experiência dessa instituição”, disse Eduardo.

Experiência em compensação de carbono

Natasha Choinski, analista de processos ambientais da SPVS, conta que, desde 2002, a ONG aplica uma metodologia moderna e inovadora de medição, monitoramento da biomassa de carbono e compensação de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs) em suas Reservas Naturais, que permite compensar parte das emissões de uma empresa por meio da manutenção de florestas nativas bem conservadas para evitar a perda de estoques de carbono presente nos ambientes florestais com o desenvolvimento de ações de manejo conservacionista.

“Este modelo é um padrão voluntário de compensação pela parte interessada, sem geração de créditos de carbono comercializáveis em mercados regulado ou voluntário. A compensação ocorre a partir de iniciativas mensuráveis que a instituição desenvolve, reconhecendo a dependência dos serviços ecossistêmicos para os negócios”, disse ela.

A técnica também conta que são mais de 600 parcelas instaladas nas Reservas Naturais da instituição, para medir o estoque e o incremento de carbono presente em áreas florestais, o que permite à SPVS estimar que o estoque médio de carbono da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica) de suas áreas é de 152,9 toneladas de carbono por hectare.

A parceria representa o início de uma relação capaz de garantir ainda mais resultados em favor da conservação da biodiversidade
A parceria representa o início de uma relação capaz de garantir ainda mais resultados em favor da conservação da biodiversidade

Sobre as Reservas da SPVS

Em parceria com a General Motors, Chevron e American Eletric Power, a partir da participação direta da organização internacional The Nature Conservancy (TNC), a partir de 1999, a SPVS teve a oportunidade de adquirir 19 mil hectares de áreas naturais nos municípios de Antonina e Guaraqueçaba, no Paraná.  Iniciava-se, com isso, um dos primeiros, e mais expressivos, projetos de combate às mudanças climáticas aliados à agenda da conservação da biodiversidade do Brasil e da América Latina, financiado por empresas privadas.

Cerca de 40 fazendas de búfalos foram adquiridas pela SPVS na época para a criação das reservas. A proposta do projeto, aprovado com as três empresas, envolvia a restauração das pastagens degradadas e a proteção dos remanescentes de Mata Atlântica bem conservada existentes nas propriedades.

No total, são 19 mil hectares de áreas naturais mantidas na forma de Unidades de Conservação privadas, ou Reservas Particulares de Proteção da Natureza (as RPPNs), que asseguram a conservação perpétua das áreas.

Além da contratação de um amplo contingente de moradores locais, em 17 anos, entre 2005 e 2022, o município de Antonina, localizado no litoral do Paraná, já recebeu quase R$ 40 milhões de recursos do ICMS Ecológico oriundos de duas Reservas Naturais da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) para serem direcionados às áreas, principalmente, de Saúde e Educação do município. Por lei, no mínimo 25% do total dessa arrecadação deve ser aplicada na Educação e 15% na Saúde.

A Reserva Natural da SPVS presente em Antonina que mais garante arrecadação de ICMS Ecológico para o município é a Reserva Natural Guaricica, em razão do tamanho: quase nove mil hectares – o equivalente a mais de nove mil campos de futebol. Até 2022 foram arrecadados, graças sua existência e à qualidade de gestão aplicada pela SPVS, R$ 27.524.408,63.

Por que as RPPNs são importantes?

Mecanismo financeiro

Por Lei, no mínimo 25% do total dessa arrecadação deve ser aplicada na Educação e 15% na Saúde. O ICMS Ecológico é um mecanismo financeiro que possibilita aos municípios acesso a parcelas maiores que àquelas que já têm direito dos recursos financeiros arrecadados pelos Estados por meio do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS, em razão do atendimento de determinados critérios ambientais estabelecidos em leis estaduais.

As Reservas Naturais da SPVS, vale lembrar, ficam localizadas dentro do território da Grande Reserva Mata Atlântica, uma região de rara beleza que abriga o maior trecho contínuo remanescente desse bioma no mundo. A delimitação deste território leva em consideração o habitat de espécies “topo de cadeia” como a onça-pintada, que precisam de grandes extensões ininterruptas de áreas naturais bem conservadas para sobreviver.

Patrimônio natural gigantesco

A Grande Reserva abrange 2,7 milhões de hectares de florestas e outros tipos de vegetação e conta ainda com 2,2 milhões de hectares de áreas marinhas. Cerca de 1,4 milhão de pessoas vivem nos 60 municípios que compartilham este gigantesco patrimônio localizado entre os estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Além de sua relevância internacional, é uma excelente oportunidade para a Produção de Natureza no Brasil. É a casa de espécies únicas, como o mico-leão-da-cara-preta, o papagaio-de-cara-roxa, o muriqui-do-sul, entre diversas outras ameaçadas ou endêmicas, que habitam os diversos ambientes que aqui existem.

 

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