O ganhador do Nobel que ajudará Salvador a criar seu Plano de Mudanças Climáticas

Carlos Nobre é um dos cientistas mais renomados do País/Diego Reis/Ascom do MCTI

Um dos cientistas mais renomados do Brasil, o climatologista Carlos Nobre integrará a equipe que desenvolverá estudos para subsidiar o Plano Municipal de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas de Salvador. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 12 de agosto, pela Prefeitura da capital baiana.

O plano, desenvolvido com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio do Prodetur, e do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima, será um instrumento para que a cidade atinja as metas do Acordo de Paris, e deverá iniciar seu desenvolvimento durante a Semana do Clima da ONU, que será realizada em Salvador de 19 a 23 de agosto.

Salvador foi a primeira cidade da America Latina a assumir compromissos com o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia, formado por prefeitos para implementar politicas e ações para redução das emissões e adaptação das cidades aos efeitos das mudanças climáticas. O Dr. Carlos Nobre, que preside atualmente o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, vai ministrar a palestra de abertura da Semana do Clima.

Na abertura do evento, o cientista vai apresentar os impactos das mudanças climáticas no Brasil e falar sobre o que pode acontecer com a cidade, a saúde humana e a agricultura, caso a temperatura média global continue aumentando. Para o pesquisador, encontros como esse são de extrema importância para o País.

“É um evento muito simbólico. Em todas as pesquisas de opinião mundiais, a população brasileira é a terceira do mundo que mais se preocupa com as mudanças climáticas. O Brasil tem sido protagonista nas discussões sobre o clima e preservação do meio ambiente, desde a Rio-92, e essa Semana do Clima em Salvador mantem viva a esperança de que o país não vai abandonar esse protagonismo”, destaca Nobre.

Amazônia
A floresta amazônica possui área de cerca de 6,2 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 4,2 milhões de quilômetros quadrados estão situados no Brasil. O cientista ressalta que um milhão de quilômetros quadrados de área da Amazônia já foi desmatada, 800 mil deles no Brasil. Os quatro principais causadores de desmatamento são a exploração de madeira (a maior parte ilegal), a pecuária, a agricultura e a mineração.

Além disso, o cientista ressalta que, se a temperatura média global aumentar mais que quatro graus Celsius, existe um grande risco de desaparecimento da floresta. “A saída para reverter a situação está em ações como a restauração florestal, mudança da matriz energética para fontes renováveis e aproveitamento da biodiversidade, cujo potencial econômico é maior que a pecuária”, opina.

Nobel
Além da formação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do doutorado em meteorologia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Estados Unidos, Carlos Nobre foi um dos autores do IPCC-AR4, documento premiado com o Prêmio Nobel da Paz em 2007, juntamente com o ex-vice-presidente americano e ativista ambiental Al Gore.

Atualmente, Nobre é pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador científico do Instituto de Estudos Climáticos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

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