Salvador ganha a sua primeira horta de folhas sagradas

A Horta de Folhas Sagradas foi instalada em um espaço de 12 metros de comprimento por 3 metros de largura/Foto: Jefferson Peixoto/Secom

Candomblecistas de sete terreiros de Salvador agora têm uma horta própria com plantio de mudas específicas que são comumente utilizadas nos cultos e rituais das religiões de matriz africana. Ao atender a um pedido antigo dos representantes dos adeptos do candomblé, a Prefeitura entregou na terça-feira, 22 de outubro, a Horta de Folhas Sagradas, localizada no Terreiro Ilê Axé da Nação Ketu, na Avenida Aliomar Baleeiro, na Estrada Velha do Aeroporto. A ação é fruto de uma parceria entre as secretarias municipais da Reparação (Semur) e de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis).

A Horta de Folhas Sagradas foi instalada em um espaço de 12 metros de comprimento por 3 metros de largura, onde estão as sete leiras que abrigam mudas de diversos tipos de ervas utilizadas nas práticas litúrgicas, como alecrim, arruda, erva-doce, manjericão miúdo, manjericão grosso e sálvia. A pedido dos líderes do terreiro, mudas de cebolinha, salsa e coentro também foram plantadas.

Para o presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras (CMCN), Eurico Alcântara, a horta é um verdadeiro presente. “Estávamos precisando ir comprar nossas ervas e plantas nas feiras da Sete Portas e São Joaquim. Agora temos na nossa própria casa tudo que precisamos. Há muito tempo batalhamos por isso e agora virou realidade. Somos muito gratos”, disse.

O subsecretário de Reparação da Semur, Valcir Silva, fez questão de explicar o processo de implantação da horta. “Em novembro passado, a Prefeitura promoveu um grande encontro com representantes de mais de 300 terreiros onde discutimos quais seriam essas mudas. Depois dessa seleção, fomos verificar o espaço físico e, na sequência, cadastrar os sete terreiros, um por nação, que farão uso da horta”, explicou Silva.

Projeto-piloto

De acordo com secretário da Secis, André Fraga, a Horta de Folhas Sagradas é muito específica. “Nesse nosso trabalho de implantar hortas urbanas e escolares, identificamos essa demanda e então ampliamos ainda mais esse nosso projeto de hortas e pomares. Depois de ouvir o Conselho, colocamos a mão na massa para instalar esse espaço que atende as necessidades dos povos de matriz africana. Nesse segmento é um projeto-piloto, mas, com certeza, a partir dele, implantaremos outras hortas semelhantes em demais pontos da cidade”, assinalou Fraga.

Na frente da horta, uma placa apresenta as regras necessárias para o uso do espaço. Para melhor utilização do espaço, somente voluntários estão habilitados manejar as mudas e os canteiros, respeitando os horários de rega, colheita e manejo. Os visitantes são bem-vindos, mas devem sempre estar acompanhados de um voluntário, que vai orientar sobre como fazer uso do espaço.

Balanço e benefícios

Até o final deste ano, a gestão municipal entregará mais dez hortas, totalizando 53 equipamentos espalhados pela cidade. Salvador conta atualmente com 43 hortas, sendo 15 escolares e 28 urbanas – duas dessas acessíveis para deficientes, idosos e crianças, situadas no Imbuí e Jardim das Margaridas.

Em espaços onde, muitas vezes, havia um terreno baldio que acumulava lixo e proporcionava insegurança nas comunidades, estão sendo plantadas hortaliças, verduras, frutas e ervas. São comuns a alface, cebolinha, coentro, pimenta, tomate, couve, cenoura, manjericão, hortelã e orégano. Também podem ser encontradas plantas medicinais como erva-cidreira, aroeira, boldo e capim-santo, entre outros.

As hortas tornaram-se espaços ecológicos de socialização, dando sentido à vida de muitas pessoas que antes conviviam com a depressão. Além disso, esses ambientes têm fornecido alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos à população.

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