A receita do sabão caseiro que a mãe fazia – para cortar gastos em tempos de grana curta – foi retomada por Maria Angélica Dias Pinto.
Ela passa horas batendo num balde a mistura de soda cáustica e óleo de cozinha, depois bota tudo numa forma, espera três dias até ficar firme e, finalmente, leva aquilo para o carro. Já distribuiu mais de 400 tabletes para moradores em situação de rua.
“É um pouco cansativo, mas vale a pena. Estava agoniada, porque higiene é algo básico para todo mundo, mas, na pandemia, ficou ainda mais importante”, diz a educadora física de 38 anos, moradora do bairro Sumaré, em Alvorada.
Ela vai dirigindo o Palio e, quando vê um sem-teto, entrega o sabão – bairros e vilas de norte a sul da Capital, além da Região Metropolitana, recebem a visita de Maria Angélica. E é com o carro, também, que ela busca doações para continuar o trabalho: quem tiver soda cáustica, por favor, escreva para angelica.dias82@gmail.com.
“Muita gente julga quem está na rua, mas ninguém sabe o que eles passaram na vida. Já participei de alguns projetos sociais, e a realidade é bem pesada”, afirma Maria Angélica, que procura sempre entregar garrafões de água com o sabão.
É para garantir que eles vão, mesmo, conseguir espantar o vírus.
(Por Paulo Germano, com informações de Rossana Ruschel, do Diário Gaúcho)