Acordo firmado na COP16 visa acelerar restauração florestal no Brasil

Parceria contribuirá para a restauração florestal em biomas brasileiros/Foto: re.green/Divulgação

Durante a 16 ª Conferência das Nações Unidas para a Biodiversidade (COP16 da Biodiversidade), que está sendo realizada na Colômbia, e a poucas semanas da COP climática, a CI-Brasil e a re.green assinaram um acordo com o objetivo de unir esforços e conhecimentos  para acelerar e dar escala à restauração florestal no Brasil, contribuindo para metas de clima e biodiversidade nacionais e internacionais.  O acordo prevê a mobilização de esforços conjuntos que permitam viabilizar a restauração de até 12 mil hectares na Mata Atlântica, Amazônia e no Cerrado. 

“Sabemos que a restauração de paisagens tem efeitos positivos para o enfrentamento da crise climática e de perda da biodiversidade, que estão entre os desafios mais graves e urgentes que enfrentamos atualmente. E o primeiro passo é coordenar esforços e compartilhar conhecimento com quem já está envolvido na geração e disseminação de informações. Por isso, um objetivo prioritário deste acordo é a geração e o compartilhamento de conhecimento entre atores-chave engajados na promoção de iniciativas de restauração em regiões críticas”, explica Mauricio Bianco, vice-presidente da Conservação Internacional (CI-Brasil).

“A CI-Brasil tem liderado projetos de grande impacto no Brasil e a re.green, com sua reconhecida expertise no desenvolvimento de projetos voltados à geração de créditos de carbono e à conservação da biodiversidade, é um parceiro natural. Essa colaboração tem o potencial de acelerar de forma significativa os esforços de restauração no Brasil”, completa Mauricio.

Apesar do enorme potencial – o Brasil tem mais de 21 milhões de hectares a serem restaurados, de acordo com a legislação – faltam investimentos públicos e privados em soluções baseadas na natureza.  Isso levou ao surgimento de inúmeras start-ups que têm trabalhado para desbloquear diferentes fluxos e mecanismos financeiros para a economia da restauração.

Mercados voluntários de carbono

Nesse contexto, o enfrentamento da crise climática tem sido um impulsionador: mercados voluntários de carbono têm contribuído para ampliar a restauração no Brasil, especialmente porque eles podem representar uma parte significativa da receita dos projetos.

Os padrões de carbono para projetos de ARR (Florestamento, Reflorestamento e Revegetação) permitem ter impactos positivos na conservação da biodiversidade e comunidades rurais. Apesar disso, a complexidade da restauração florestal e os benefícios da biodiversidade, incluindo os benefícios sociais, podem não ser contemplados em projetos com foco exclusivo no carbono.  A parceria entre a CI-Brasil e a re-green quer preencher esse hiato.

“A variável social não pode ser excluída da equação do futuro que queremos”, sintetiza Miguel Moraes, diretor de projetos da re.green. “Já temos evidências suficientes indicando que projetos de restauração que integram benefícios à vida de populações locais geram maior engajamento e conseguem uma sustentabilidade mais duradoura. É com essa visão que direcionaremos os trabalhos, começando por uma região que já tem tradição em projetos de restauração florestal”, completa.

Restauração da Mata Atlântica

O foco inicial desta parceria é a região do Extremo Sul da Bahia, um dos principais centros de biodiversidade global e onde CI-Brasil atua há quase 30 anos com foco em um modelo de desenvolvimento que conserve e restaure a natureza, beneficie as pessoas e fortaleça a economia regional, e onde re.green desenvolve projeto icônico de restauração florestal em diversos imóveis rurais na região. 

“O sul da Bahia é um importante centro de endemismo da Mata Atlântica brasileira e um dos hotspots globais de biodiversidade”, lembra Miguel Moraes. É nessa região também que a CI-Brasil e a re.green já operam projetos relevantes de restauração. Por isso, a Mata Atlântica foi escolhida inicialmente para o planejamento, desenvolvimento e implementação de uma visão integrada de conservação e restauração em larga escala. “O esforço combinado nos permitirá desenvolver capacidades locais, reduzir os riscos operacionais e definir a condição necessária para entregar os resultados esperados, fortalecendo a presença de ambas as organizações e parceiros na região”, destaca Mauricio. As lições aprendidas na Mata Atlântica serão posteriormente levadas para a Amazônia e o Cerrado.

Iniciativas de restauração na região têm potencial de empregar centenas de trabalhadores locais e fomentar o estabelecimento de uma nova economia florestal baseada na restauração e na silvicultura de espécies nativas, de forma a incluir as comunidades, aumentar sua renda e contribuir com sua qualidade de vida. “Além das diferentes etapas do processo de restauração, existem diversos modelos econômicos, com níveis de investimento e retorno distintos. Isso permite engajar diferentes atores, incluindo produtores locais”, ressalta Miguel.

Centro de inovação

A parceria também prevê a promoção de um centro de inovação em restauração florestal, focado em superar as principais barreiras que limitam a escala e a qualidade dos projetos de restauração. O objetivo é desenvolver estratégias para reduzir custos, aumentar a eficiência e melhorar a qualidade e quantidade na coleta de sementes e na produção de mudas.

Outro aspecto fundamental será o monitoramento do impacto da restauração, tanto no nível dos projetos específicos quanto em uma perspectiva mais ampla de paisagem. Essa colaboração fornecerá insumos essenciais para a construção de uma base de conhecimento estratégica, crucial para atingir uma das metas centrais desta parceria: impulsionar a restauração florestal em larga escala, contribuindo para a preservação da biodiversidade e o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

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