Reunião de líderes mulheres defende renascimento da economia para Agenda 2030

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, discursa em reunião virtual focada no desenvolvimento sustentável e na economia global/Foto: ONU/Eskinder Debebe

A pandemia da Covid-19 ameaça não somente a Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável, mas avanços já alcançados em várias partes do mundo.

A declaração abriu a participação do secretário-geral da ONU em uma mesa redonda sobre o renascimento da economia após a crise global, comandada na quarta-feira, 1º de julho, por um grupo de jovens economistas.

António Guterres avisou que se o mundo não agir agora, poderá enfrentar vários anos de depressão e de interrupções do crescimento econômico. Ele citou o aumento da pobreza e da fome e o colapso de sistemas de saúde. Além disso, advertiu para a falta de acesso à educação de uma geração inteira de crianças.

Guterres pediu um pacote de resgate para a crise que represente pelo menos 10% do valor total da economia global.

A ONU está participando de iniciativas, que já contam com 50 chefes de Estado e governo, para unir países e instituições financeiras internacionais assim como o setor privado, credores e agências da ONU.

Para Guterres, trata-se de uma crise humana que está se tornando uma crise financeira e de desenvolvimento. Segundo ele, qualquer resposta abrangente e global tem de centralizar o aspecto financeiro.

G-20

Países sem os meios para lutar contra a pandemia e investir em recuperação podem cair numa catástrofe de saúde e provocar uma recuperação global lenta. Muitos estão tendo que escolher entre pagar suas dívidas externas ou proteger suas comunidades da pandemia.

O Grupo das 20 maiores economias do mundo, G-20, promoveu a suspensão do pagamento da dívida de alguns países. Para Guterres, a ação tem que ser ampliada a outras nações.

O secretário-geral ressaltou o caos criado pela pandemia a cadeias de fornecimento e comércio, e o que ele chamou de risco de que algumas operações de manufaturados voltem para os países desenvolvidos, reduzindo assim os recursos das nações pobres, que por sua vez poderão perder a integração na economia global.

Mercados financeiros

Uma outra consequência da crise da Covid-19 é a redução de remessas de migrantes a países em desenvolvimento, onde muitas famílias dependem inteiramente do dinheiro enviado de fora.

António Guterres voltou a mencionar a força da liderança feminina ao dizer que apenas 10% das chefes de Estado e governo são mulheres, mas que elas têm tomado medidas efetivas na resposta ao vírus. Ele citou a participação das economistas entre os mais inovadores e importantes profissionais do setor.

Ao assumir a palavra, a vice-secretária-geral, Amina Mohammed, que também participou do encontro, disse que teve a ideia de organizar o evento com as mulheres líderes por acreditar que elas são capazes de imaginar e produzir um mundo onde os valores e o comércio sejam mais sustentáveis e justos.

Mohammed contou que é preciso persuadir credores e agências de risco. Para ela, é preciso criar uma parceria com os mercados financeiros e atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Globalização

A vice-chefe da ONU afirmou que ao fazer renascer a economia, é preciso acabar com a desigualdade e a degradação ambiental.

Para ela, a nova economia global tem que se basear no consumo sustentável e produção que conceda acesso e oportunidades a todos no futuro.

Mohammed acredita que a globalização e os mercados liberais falharam, mas não existe uma alternativa no momento, e que para isso é preciso criar uma que possa colocar o planeta e as pessoas em primeiro lugar.

A próxima mesa redonda com as líderes mulheres será em 3 de setembro.

As propostas serão discutidas com vários grupos liderados pelos países-membros da ONU e apoiados por agências da organização e outras entidades. O trabalho final será analisado por um grupo de ministros das Finanças e chefes de governo ainda este ano.

(Via ONU News)

 

 

 

 

 

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