Emergência climática: as 9 principais conclusões do Relatório Síntese do IPCC

Ações urgentes contra mudanças climáticas ainda podem garantir ‘futuro habitável’ na Terra/Foto: Mika Baumeister/Unsplash

Depois de uma semana de negociações, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), divulgou nesta segunda-feira, 20 de março, o relatório síntese do seu atual ciclo de avaliações sobre o aquecimento global provocado pelo homem – o próximo só deve ser publicado no final desta década.

O documento não traz novos estudos, mas sim um resumo final do conteúdo dos seis últimos relatórios elaborados pelo painel, reconhecido mundialmente como a fonte mais confiável de informações sobre as mudanças do clima.

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Nele, os cientistas alertam que ainda há esperança para a ação global frente à estabilização da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, embora muito ainda precise ser feito para evitar o colapso climático do nosso planeta.

As nove principais conclusões do documento são as seguintes:
  1. O uso de combustíveis fósseis está impulsionando de forma esmagadora o aquecimento global;
  2. A temperatura global da superfície aumentou mais rapidamente desde 1970 do que em qualquer outro período de 50 anos durante os últimos 2.000 anos;
  3. Para manter o aquecimento em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas de forma profunda, rápida e sustentável em todos os setores;
  4. Para chegar lá, segundo os atuais cálculos do IPCC, precisamos reduzir as emissões globais pela metade até 2030 [48%] e até 99% até 2050;
  5. Os atuais níveis de financiamento para o clima são altamente inadequados, e ainda pesadamente ofuscados pelos fluxos financeiros para as energias fósseis;
  6. A mudança climática reduziu a segurança alimentar e afetou a segurança da água, e os eventos de calor extremo estão aumentando as taxas de mortalidade e doenças;
  7. Apesar da crescente conscientização e criação de políticas, o planejamento e a implementação da adaptação estão ficando aquém do necessário;
  8. Para que o nosso mundo seja sustentável e igualitário, precisamos tomar as medidas certas agora;
  9. Um futuro resiliente e habitável ainda está disponível para nós, mas as ações tomadas nesta década para produzir cortes de emissões profundos, rápidos e sustentados representam uma janela rapidamente estreita para a humanidade limitar o aquecimento a 1,5°C com mínimo ou nenhum excesso.

“A humanidade está num gelo fino – e esse gelo está derretendo rapidamente”, alertou o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres. “Nosso mundo precisa de ação climática em todas as frentes – tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo”, acrescentou.

As demandas vistas como fundamentais para que o aquecimento do planeta não ultrapasse o limite de 1,5°C até o fim do século vêm sendo implementadas em um ritmo considerado “insuficiente” pelos membros do painel.

Para chegar lá, segundo os atuais cálculos do IPCC, precisamos reduzir as emissões globais pela metade até 2030 [48%] e até 99% até 2050.

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Lições para o Brasil

Na avaliação do WWF Brasil, os dados do relatório são um duro recado ao governo brasileiro e às petroleiras que pretendem aumentar a exploração de combustíveis fósseis no país.

A organização ressalta que o novo texto o IPCC alerta, mais uma vez, que as opções de mitigação estão disponíveis em todos os setores e destaca a transição energética – principalmente no caso das energias eólica e solar – como um ponto-chave para reduzir as emissões até 2030.

“O IPCC dá, novamente, um recado contundente às lideranças de todo mundo: a natureza é inegociável e a mudança precisa ser feita agora”, observou Alexandre Prado, especialista de Conservação em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.

(Com informações do portal G1)

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