Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica que o número de processos judiciais sobre mudanças climáticas quase dobrou nos últimos quatro anos.
Já são 1.550 ações em 38 países. A maioria dos casos é registrada nos Estados Unidos. Em 2017, eram 884 processos em 24 nações.
Segundo o Relatório Global de Litígio Climático, em 2017, 654 tramitavam pelos tribunais americanos e 230 em outras nações. Hoje, são 1,2 mil ações nos Estados Unidos e 350 no restante do mundo.
De acordo como a pesquisa, “cada vez mais pessoas, incluindo crianças e comunidades indígenas, estão recorrendo aos tribunais para obrigar governos e empresas a respeitar e acelerar os compromissos sobre mudança climática.”
Mudança necessária
A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, disse que “esta onda de casos climáticos está gerando uma mudança muito necessária.”
Para ela, “o relatório mostra como os estão obrigando governos e atores corporativos a buscar metas mais ambiciosas de mitigação e adaptação à mudança climática.”
Brasil
Desde 2017, Brasil, Colômbia, Indonésia, Paquistão e África do Sul têm recebido mais casos de processos ligados à mudança climática.
No Brasil, foram impetradas pelo menos três ações judiciais contestando a anulação de regulamentos sobre exploração de madeira e buscando reativar recursos reservados para combater o desmatamento na Amazônia e a mudança climática.
Já na Colômbia, um grupo de jovens ganhou uma decisão da Suprema Corte que obrigou o Estado a desenvolver um plano para conter o desmatamento da Amazônia.
Direitos
A maioria das ações sobre mudança climática no mundo ocorre contra governos, incluindo autoridades nacionais e locais, mas as empresas também são visadas.
Um grande número de processos baseia-se em leis nacionais e internacionais que garantem aos cidadãos o direito fundamental a um meio ambiente saudável. Os defensores têm usado essas leis para forçar mudanças em companhias petrolíferas, responsabilizar empresas por poluição e obrigar governos a adotar novas políticas.
O relatório destaca o exemplo do caso Urgenda, na Holanda, onde a Suprema Corte decidiu que a Convenção Europeia sobre Direitos Humanos obriga o Estado a proteger o direito de seus cidadãos à vida. Para cumprir essa obrigação, o tribunal deve tomar medidas para reduzir as emissões de carbono e limitar o aquecimento global.
Risco
Cidadãos, empresas, organizações não-governamentais e até mesmo governos locais também estão processando empresas e governos federais por não serem protegidos dos efeitos de enchentes, incêndios florestais e outros desastres relacionados ao clima.
Até o momento, nenhum tribunal ordenou pagamento de indenização por mudança climática. Mas o relatório alerta que as empresas estatais e do setor privado correm um risco significativo de multa se ignorarem os efeitos do aquecimento global em suas operações.
O relatório concluiu que o litígio está sendo usado para forçar as empresas a divulgar os riscos relacionados ao clima e impedir governos de enfraquecer a legislação ambiental existente.
(Via ONU News)