Um ‘raio-x’ detalhado sobre os parques municipais de São Paulo

Parque da Luz foi um dos cem espaços verdes avaliados pela metodologia do ONU-Habitat. Foto: © Divulgação/Prefeitura de São Paulo.
Parque da Luz foi um dos cem espaços verdes avaliados pela metodologia do ONU-Habitat/Foto: © Divulgação/Prefeitura de São Paulo.

Por ONU News

Os parques de São Paulo estão distribuídos de forma adequada para atender a toda a população? Oferecem acessibilidade? Contam com participação ativa da sociedade em sua governança? Garantem segurança para que todas as pessoas possam usufruir de seus benefícios? Fortalecem a igualdade de gênero e contribuem para promover a diversidade?

Em busca de respostas para perguntas como essas, o Viva o Verde SP, parceria entre o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), da Prefeitura de São Paulo, analisou cem parques da capital paulista. A Avaliação de Espaços Públicos da Cidade: Parques Municipais de São Paulo foi lançada na última quinta-feira (28), em evento no Edifício Martinelli – construção icônica da capital paulistana – com o objetivo de promover a inclusão e a sustentabilidade nas áreas verdes de São Paulo, especificamente nos parques municipais. O relatório completo está disponível aqui.

Gildo José dos Santos, representando Fernando Padula Novaes, Secretário Municipal de Educação de São Paulo; Jordi Sánchez-Cuenca Alomar, coordenador do Viva o Verde SP; Tamires Oliveira, secretária em exercício da SVMA; José Carlos da Silva Paludeto, coordenador da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ); e Nina Orlow, coordenadora-geral do Movimento Nacional ODS São Paulo, participaram do evento de apresentação do relatório. Foto: Daniel Reis / SVMA
Gildo José dos Santos, representando Fernando Padula Novaes, Secretário Municipal de Educação de São Paulo; Jordi Sánchez-Cuenca Alomar, coordenador do Viva o Verde SP; Tamires Oliveira, secretária em exercício da SVMA; José Carlos da Silva Paludeto, coordenador da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ); e Nina Orlow, coordenadora-geral do Movimento Nacional ODS São Paulo, participaram do evento de apresentação do relatório/Foto: © Daniel Reis/SVMA.

Durante o período de avaliação, realizada em diferentes etapas entre meados de 2023 e o início de 2024, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente contava com 114 parques municipais sob sua administração, dos quais cem estavam abertos ao público no período. Esse expressivo número leva à necessidade de mapear a situação atual destes espaços com o fim de verificar seu efetivo atendimento às necessidades da população por espaços de lazer e convívio com a natureza, que sejam seguros, acessíveis e inclusivos em toda a cidade.

Dimensões de análise 

Espera-se que o estudo permita ao governo municipal compreender as dinâmicas socioterritoriais na distribuição dos parques municipais e entender como questões sociais como segurança, acessibilidade e inclusão são projetadas no território da cidade. A partir dessa compreensão, será possível ter maior assertividade na elaboração e implementação de políticas públicas e no desenvolvimento de projetos voltados aos parques municipais.

Avaliação apresenta os resultados para cada região dentro de sete dimensões de análise. Imagem: Camila Nogueira/ONU-Habitat
Avaliação apresenta os resultados para cada região dentro de sete dimensões de análise/Foto: © Camila Nogueira/ONU-Habitat.

Para a realização da avaliação, foram agregadas informações quantitativas e qualitativas dos cem parques para fornecer um diagnóstico representativo das quatro regiões político-administrativas da cidade: norte, sul, leste e centro-oeste. Para isso, foi aplicada a Avaliação de Espaços Públicos da Cidade (City-Wide Public Space Assessment), uma ferramenta do Programa Global de Espaços Públicos do ONU-Habitat, adaptada ao contexto de São Paulo. Para a implementação da ferramenta, foram definidas sete dimensões de análise e 42 indicadores.

Resultados

Entre os resultados encontrados, destaca-se a identificação de prioridades de intervenção, a criação de mecanismos de monitoramento e controle para gestão dos parques, e a ampliação do potencial dos parques urbanos enquanto espaços sociais e de promoção da biodiversidade.

A avaliação espacial identificou tendências relacionadas à oferta e qualidade destes espaços. Foi identificada, por exemplo, uma associação entre aspectos de vulnerabilidade socioeconômica e qualidade dos parques: 

As regiões com as maiores condições de vulnerabilidades (Leste e extremo Sul), que demandam mais infraestruturas, equipamentos e serviços públicos, apresentaram parques com a menores pontuações pelo Indicador de Parques. 

Mapa destaca parques avaliados e o perímetro das áreas de influência, com oferta de equipamentos públicos como Centros Educacionais Unificados (CEUs) e associações comunitárias e beneficentes/Foto: © ONU-Habitat.

Foi observado um padrão espacial direcionado às periferias, onde a região Centro-Oeste, de maior renda, apresentou melhores resultados gerais na avaliação quando comparada às regiões de menor renda, no Leste e extremo Sul. Os resultados na dimensão de segurança apontam para a necessidade de investir em novas infraestruturas, garantir a manutenção e reparos das existentes e aumentar e capacitar o quadro técnico nos parques, especialmente nas regiões Norte, Sul e Leste.

Além disso, a menor presença de mulheres nos parques destaca a necessidade de fortalecer as condições de segurança e inclusão. 

Para garantir a inclusão em espaços públicos, além das questões gerais de acessibilidade nas entradas dos parques, também foi constatado que a maioria dos parques carece de infraestrutura e equipamentos dedicados a pessoas com deficiência. 

Assim, entre as políticas voltadas para grupos vulnerabilizados, aquelas direcionadas às pessoas com deficiência apresentam-se como prioritárias.

Para além do relatório completo, também foram produzidos resumos executivos em português e em inglês, apresentando de forma sucinta os principais resultados da avaliação, apontando as particularidades e os principais desafios enfrentados em cada região na promoção de espaços verdes públicos seguros, inclusivos e sustentáveis.

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