Todos os dias, cerca de 270 mil árvores são encaminhadas para aterros sanitários e lixões na forma de papel de limpeza (papel toalha, guardanapos e papel higiênico). Desse total, o papel higiênico responde por 27 mil árvores (10%), de acordo com um estudo da ONG World Wildlife Fund (WWF). Para minimizar esse impacto ambiental, algumas empresas desenvolvem produtos menos nocivos. É o caso da Companhia Paduana de Papéis (Copapa), do Rio de Janeiro, que anunciou recentemente a criação do primeiro papel higiênico do Brasil sustentável em todas as etapas do seu ciclo de vida.
Batizado de “Carinho Eco Green”, o papel higiênico apresenta embalagem e rolinho compostáveis: o plástico da embalagem é feito à base de milho e o tubete com cola à base de fécula de mandioca e água, que viram adubo quando descartados junto a resíduos orgânicos em locais próprios para compostagem. O papel possui folha dupla, é suave ao toque e possui alto grau de absorção. O propósito da Copapa é atender aos anseios dos consumidores conscientes, que buscam alternativas de produtos mais sustentáveis. Segundo pesquisa de 2019 da Nielsen – empresa global de gestão de informação que proporciona uma visão completa sobre mercados e consumidores – esse público já representa 42% do mercado brasileiro.
Desenvolvido com base nos princípios da economia circular, com investimento em pesquisa de R$10,2 milhões e cerca de R$ 47 milhões em maquinário, esse é o primeiro produto do segmento tissue (fabricantes de papel higiênico, papel toalha e lenços de papel) a receber o rótulo ecológico ABNT Ambiental, que certifica a sustentabilidade dos produtos nas fases de extração de recursos, fabricação, distribuição e descarte.
“Sabemos que o modelo de produção industrial que nos trouxe até aqui está em colapso. Para continuarmos existindo e sendo relevantes para a sociedade, precisamos adotar práticas inovadoras e sustentáveis em todo o ciclo de vida do produto, desde a captação dos recursos naturais, passando pela produção, consumo e pós-consumo”, destaca Fernando Pinheiro, diretor-presidente da Copapa.
“Há cerca 10 de anos tive acesso a um papel higiênico europeu que garantia a sustentabilidade em apenas uma dessas etapas. Desde então, trabalhamos incansavelmente para ir além e lançar um produto sustentável em todas as etapas. Assim, avançamos com Carinho Eco Green, um produto que respeita o meio ambiente do começo ao fim, em todas as etapas do seu ciclo de vida.”
O Carinho Eco Green está sendo comercializado inicialmente no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. De acordo com a empresa, o preço do produto está alinhado aos das marcas premium do mercado.
Sustentável do início ao fim
“O Rótulo Ecológico ABNT é uma importante ferramenta que comunica aos consumidores que o produto certificado atende a diversos requisitos ambientais, sociais e de desempenho, garantindo à sociedade que irá causar um impacto menor, contribuindo para a sustentabilidade das futuras gerações”, afirma Guy Ladvocat, gerente de certificação de sistemas da ABNT. Para obter a certificação, a Copapa comprovou resultados inéditos em cada uma das etapas.
Na extração da matéria prima, a celulose selecionada para produzir o Carinho Eco Green é 100% virgem e certificada pela FSC® (Forest Stewardship Council), uma organização internacional independente, não governamental, sem fins lucrativos, criada para promover o manejo florestal responsável ao redor do mundo. O selo FSC® garante que a celulose é proveniente de florestas plantadas, extraída em conformidade com as leis ambientais internacionais, sem desmatamento de matas virgens, com respeito ao ecossistema e garantia da preservação da floresta para as futuras gerações.
A produção do Carinho Eco Green é feita com produtos químicos de baixo impacto ambiental. Não leva alvejantes adicionais em sua composição, ao contrário do que a maioria das marcas do segmento fazem para deixar o papel ainda mais branco. A Copapa pratica reuso de água no processo produtivo e emite cerca de 25% menos toneladas de carbono equivalente em seu processo de fabricação, em comparação à fabricação de um produto de qualidade similar. Além disso, todo carbono emitido na fabricação é neutralizado com restauração de florestas, em parceria com a ONG SOS Mata Atlântica. Essa neutralização é certificada pelo selo PRIMA neutro em carbono.
Na distribuição, a Copapa também neutraliza toda emissão de carbono da logística com plantio de árvores, em parceria com a ONG SOS Mata Atlântica. Além disso, tem a meta de substituir combustível fóssil por energia renovável na distribuição. No prazo de três anos, além de adotar empilhadeiras elétricas em seus processos, a companhia substituirá a frota atual para transporte rodoviário por veículos híbridos ou 100% elétricos.
No descarte, o Carinho Eco Green inova ao embalar o produto que vai para a casa do consumidor com plástico feito com polímero compostável, feito à base de milho. Se descartado com resíduos orgânicos em plantas de compostagem, em até 180 dias o material vira adubo. O tubete do rolo é feito com cola à base de fécula de mandioca e sem utilização de químicos que poluem, por isso também pode ser compostado. Já o plástico que embala os fardos que chegam aos pontos de venda são feitos com matéria prima renovável (cana-de-açúcar) e são destinados à reciclagem por meio de logística reversa. Para garantir a reciclagem do mesmo volume de plástico que utilizou, se necessário, a empresa destina o equivalente à Cooperativa de Catadores de Santo Antônio de Pádua. A Copapa também participa do programa de logística reversa em parceria com o programa de geração de renda “Dê a mão para o futuro”, da ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.