ONU prevê oceanos com temperaturas mais altas e menos oxigênio

O gelo das regiões geladas, como o Ártico por exemplo, estão derretendo a um ritmo nunca antes registado/Foto: Alan Arrais/NBR/Agência Brasil

O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), criado pelas Nações Unidas (ONU), apresentou nesta quarta-feira, 25 de setembro, um relatório dedicado aos efeitos das alterações climáticas nos oceanos e nas massas de gelo permanentes da Terra. A degradação dos mares e das regiões geladas é o grande problema apontado no documento.

É urgente priorizar “ações oportunas, ambiciosas e coordenadas” de forma a enfrentar estas mudanças “sem precedentes e duradouras” nos oceanos e na criosfera – regiões cobertas por gelo e neve permanentes e que constituem 10% da superfície do planeta –, alerta o relatório.

Durante este século, os oceanos poderão sofrer alterações “sem precedentes”, com temperaturas mais altas, água mais ácida, menos oxigênio e condições alteradas de produção de recursos.

O gelo das regiões geladas, como o Ártico por exemplo, estão derretendo a um ritmo nunca antes registrado e, em consequência, o nível dos oceanos está elevado, o que põe em risco a vida de milhões de pessoas, advertem os cientistas no documento.

O IPCC estabelece que “o oceano e a criosfera acolhem habitats únicos e estão ligados a outros componentes do sistema climático através de trocas globais de água, energia e carbono”.

Adaptação

A verdade é que cerca de “670 milhões de pessoas nas regiões de alta montanha e 680 milhões nas zonas costeiras mais baixas dependem diretamente destes sistemas”. Por exemplo, pelo menos “4 milhões de pessoas vivem permanentemente na região do Ártico” e serão afetadas com o degelo e a subida do nível do mar.

Este relatório destaca, ainda, os benefícios de uma adaptação “ambiciosa e eficaz para o desenvolvimento sustentável” e os “custos e riscos crescentes de uma ação adiada”.

Mais 1ºC

A temperatura global já “atingiu 1ºC acima do nível pré-industrial”, alertam os cientistas. Este aquecimento global deve-se às “emissões passadas e atuais de gases de efeito de estufa” e já há provas “esmagadoras de que isso pode provocar profundas consequências para os ecossistemas e as pessoas”.

Os cientistas do painel constataram que a temperatura dos oceanos desde 1970, absorvendo “mais de 90% do calor em excesso no sistema climático”, com ondas de calor duas vezes mais frequentes desde 1982.

“Ao absorver mais dióxido de carbono, o oceano sofreu um aumento da acidez à superfície”, esclarecem os cientistas, considerando muito provável que 20 a 30% do dióxido de carbono (CO2) emitidos pela atividade humana desde 1980 foram parar no oceano.

Degradação acelerada

O problema é que com o degelo e a diminuição permanente das massas geladas, mais dióxido de carbono é emitido e, assim, acelera-se a degradação dos oceanos e da criosfera. O IPCC diz que esta subida do nível médio global dos oceanos foi acentuada no período de 2006 a 2015 em relação ao último século e a um ritmo de 3,6 milímetros por ano, atribuindo-a principalmente às massas de gelo e glaciares que derreteram.

Na Antártida, as perdas de gelo “triplicaram no período entre 2007 e 2016 em relação ao período 1997-2006”, o relatório conclui com “confiança alta” que “a causa dominante da subida do nível médio do mar desde 1970 tem origem humana”.

Os cientistas preveem que a subida do nível dos oceanos atinja 15 milímetros por ano em 2100 e “vários centímetros por ano no século 22”. No entanto, não descartam a possibilidade de a subida do mar ser uma realidade anual ainda neste século.

Os cientistas do painel dizem que uma “redução urgente das emissões de gases de efeito estufa” pode limitar e desacelerar as mudanças nos oceanos e na criosfera, assim como possivelmente preservar “os ecossistemas e os meios de subsistência” que dependem dos oceanos.

(Via RTP)

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