O fundador da FabricAID, Omar Itani, 24 anos, venceu o Prêmio Jovens Campeões da Terra 2019 para a região do Sudoeste Asiático por seu trabalho pioneiro na criação do primeiro centro de reciclagem e redistribuição de roupas de Beirute, capital do Líbano.
A indústria da moda é o segundo maior consumidor de água no mundo. Ela utiliza uma quantidade do recurso que é suficiente para satisfazer as necessidades de cinco milhões de pessoas e produz o equivalente a três milhões de barris de petróleo em microfibra – que muitas vezes são despejados no mar.
A solução criada por Itani coleta, classifica e redistribui roupas para comunidades de baixa renda – incluindo refugiados da Síria e da Palestina, a preços baixos (entre 30 centavos de dólar e dois dólares por item).
A iniciativa também confere vida nova a tecidos previamente incinerados ou desperdiçados que foram jogados em aterros sanitários. Eles são transformados em almofadas, cadeiras, sofás, colchões e bolsas.
“A FabricAID redesenha a forma como pensamos a moda”, apontou Itani. “Pessoas em necessidade têm poucas roupas e posses.” Sua iniciativa contribui para evitar o descarte desnecessário, favorecendo quem mais precisa.
Além do auxílio humanitário, a iniciativa de Itani também previne os maus impactos ao meio ambiente provocados pela indústria da moda em geral. “Há também um desperdício de roupas queimadas ou jogadas em aterros sanitários. Isso acaba poluindo o meio ambiente e criando resíduos desnecessários”, relatou o jovem.
Soluções simples e benéficas a todos
Até o momento, a organização já reciclou 75 mil quilos de roupas e vendeu mais de 50 mil peças para mais de 10 mil pessoas – principalmente refugiados e comunidades vulneráveis.
Para realizar esse grande trabalho, a FabricAID conta com uma rede de cabines de recebimento de roupas espalhadas por todo o Líbano.
A iniciativa também trabalha conjuntamente com parceiros, que auxiliam em vários processos das atividades, como a Orphan Welfare Society, que doa roupas; estudantes universitários da Escola de Moda, que criam novas peças criativas; e mulheres costureiras refugiadas da organização Sawa for Development and Aid, que dão vida às novas peças.
Para as novas criações, a FabricAID deu origem a uma marca de roupas, a RemAID, que comercializa as roupas criativas em desfiles e eventos de moda para um público de maior poder aquisitivo, que paga entre 100 e 200 dólares por peça.
“A mudança climática é o desafio definitivo de nosso tempo. Devemos reduzir, reutilizar e reciclar para eliminar os resíduos”, disse Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
“A indústria da moda precisa de novos modelos de negócios e líderes como Omar para ajudar a avançar em direção a uma economia de zero resíduos e baixa emissão de carbono”, concluiu a diretora.
Sobre o Prêmio Campeões da Terra
O Prêmio Jovens Campeões da Terra, oferecido pela Covestro, é concedido anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) a jovens ambientalistas entre 18 e 30 anos de idade, por suas destacadas ideias de proteção ao meio ambiente.
Omar é um dos sete vencedores entre África, América do Norte, América Latina e Caribe, Ásia e Pacífico, Europa e Ásia Ocidental.
Os vencedores receberam seu prêmio durante a Cerimônia dos Campeões da Terra na sede da ONU em Nova Iorque, no dia 26 de setembro – evento que coincidiu com a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas e a Cúpula de Ação Climática. O portal Notícia Sustentável conversou com a ganhadora da honraria na América do Sul, a jovem brasileira Ana Luisa Beserra. Relembre aqui.
(Via ONU News)