Geração solar distribuída deve gerar 118 mil empregos em 2021
Se a energia solar fotovoltaica existe há décadas, o grande responsável pela aceleração recente foi a queda expressiva no custo de um sistema de geração solar, ocasionado principalmente pelo aumento da produção e oferta global de painéis solares. Com isso, o payback do consumidor que investe em energia solar hoje pode ser visto em prazos a partir de dois anos, enquanto para quem fez o investimento há cinco anos ou mais, o mesmo prazo beirava os dez anos.
Segundo as concessionárias, a conta não inclui o custo de distribuição e investimentos em infraestrutura de transmissão feitos pela distribuidora. O que não está sendo considerado e colocado na conta é que o usuário, ao gerar sua própria energia, está desonerando as redes distribuidoras de investir na malha, que é uma parcela relevante do investimento (capex) que fica sob responsabilidade delas. Ou seja, a concessionária deixa de ter receita, mas também deixa de ter que investir.
Fato é que o debate, atualmente, está bem polarizado. Acredito que a virtude, porém, está no meio, porque é sim possível achar uma solução que seja “ganha-ganha” – que continue incentivando a adoção da geração solar em larga escala, sem que a maior parcela da geração se perca na rede, como é a proposta atual das concessionárias.
Nessa conta, é preciso considerar que a energia solar é de interesse da população e das próprias concessionárias à medida que ajuda a trazer eficiência para o setor. Isto porque, além de desonerar investimentos na distribuição, a GD solar ajuda a equilibrar a matriz energética do País, reduzindo a necessidade de acionamento das usinas termelétricas, grandes vilãs no aumento da conta de luz sentido anualmente pelos brasileiros (na forma das bandeiras tarifárias – amarela e vermelha). O benefício acaba sendo maior do que o suposto subsídio que os geradores de energia solar têm por não pagar a tarifa de distribuição.
7 razões que impulsionam a energia solar fotovoltaica
Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostram que a expansão da geração distribuída solar pode gerar benefícios líquidos da ordem de R$200 bilhões para o mercado brasileiro até 2050. Ademais, nem é preciso dizer que a geração solar traz muito menos impactos ambientais do que as demais fontes como as termelétricas, representando um benefício importante na luta global por uma matriz energética mais sustentável.
Considerando a energia solar como um investimento, o retorno hoje está bem atrativo e de baixíssimo risco, mas acredito que, não por isso, devemos buscar inviabilizar o modelo no Brasil. Existem soluções mais inteligentes como rever os benefícios de forma mais assertiva, separando, por exemplo, grandes indústrias e residências em categorias diferentes. Cumpre-nos sempre zelar pelo bem-estar da população, oferecendo tarifas melhores e alternativas de geração energética.
Nós do setor precisamos nos unir aos consumidores na pressão para que não tenhamos uma inversão dos valores. Precisamos chegar a uma solução que seja, de fato, coerente e explore bem esse balanço entre os lados.