A brasileira Paloma Costa está liderando o engajamento dos jovens no ativismo pelo clima. Aos 27 anos, ela comandou a participação do Brasil no Encontro de Cúpula da Juventude para o Clima, em 2019, e coordenou o grupo de trabalho sobre o clima na Engajamundo, com articulações como as sextas-feiras pelo futuro e as greves climáticas.
A organização nasceu depois da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio+20. Durante o evento, realizado há quase 10 anos, um grupo de jovens não se sentiu representado entre tantos líderes mundiais e agências da ONU.
Para Paloma, hoje, as juventudes já estão à frente da resposta à emergência climática e os tomadores de decisão, assim como todos os atores e setores que compõem a dinâmica socioambiental, devem aprender, conectar e criar junto com o que elas vêm propondo. “Nós somos ação, esse é o desejo da nossa geração”, diz ela.
A crise climática é prioridade no mundo pós-Covid-19, segundo o secretário-geral da ONU. “A revitalização das economias é a nossa oportunidade de redesenhar o nosso futuro”, acredita António Guterres, que criou um Grupo Consultivo para Jovens sobre Mudanças Climáticas, do qual Paloma faz parte.
A importância dos jovens para o mundo alcançar os ODS
“Assim como com a pandemia da Covid-19, todos estamos vulneráveis aos impactos da crise do clima”, alerta Paloma. “Devemos entender que somos a cura da Terra e, portanto, trabalhar em coletividade e união para endereçar os desafios cumulativos enfrentados em todo o planeta”, diz a ativista, em sintonia com o discurso das Nações Unidas de que somente juntos os países conseguirão vencer os desafios atuais.
“Os jovens estão pressionando os mais velhos a fazer o que é certo. Este é um momento de verdade para as pessoas e para o planeta. A Covid-19 e o clima nos levaram a um limiar”, diz Guterres ao defender um caminho “mais limpo, mais verde e mais sustentável”.
Paloma elogia a iniciativa do chefe da ONU. “Acho que realmente diz muito que o secretário-geral das Nações Unidas construiu seu próprio grupo de assessores de jovens e agradeço o apoio da equipe e das agências da ONU que sempre nos ajudam em todas as atividades que queremos fazer”, afirma.
No entanto, ela ainda considera que muito mais pode ser feito. Para a ativista, o futuro que deseja construir passa por mais democracia, com uma maior participação dos jovens e também mais informação e educação para o clima. “Afinal de contas, para participar efetivamente é necessário o acesso à informação, o fomento à pesquisa e uma educação de qualidade que seja capaz de promover o amplo entendimento das informações disponíveis”, explica, lembrando que sua geração deve sofrer os impactos da mudança climática também no mercado de trabalho.
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A jovem conta que ela mesma não teve uma educação focada nas questões do clima e que seu entendimento, e consequente engajamento, sobre o tema só aconteceu depois, já durante a faculdade. “Enquanto fazia estágio no Instituto Socioambiental, onde trabalho até hoje, comecei a aprender sobre emergência climática e o papel das comunidades indígenas e tradicionais do Brasil”, relata Paloma, que hoje é advogada.
“Precisamos criar espaços formais dentro das estruturas de cada estado que incluam as vozes jovens de uma forma deliberada e vinculante – não apenas como um conselheiro ou conselho consultivo”, afirma. “Por enquanto, podemos recomendar e dar nossas opiniões e o secretário-geral está interessado em ouvir e se envolver com as coisas que fazemos. Mas eu sinto que, se não tivermos uma cadeira formal, somos apenas nós e o secretário-geral. E precisamos de todos a bordo para assumir e liderar isso”.
(Via ONU News)