As ideias de um Nobel da Economia para negociações climáticas mais eficientes

Nobel da Economia propõe soluções para negociações climáticas/Arte: Brian Cronin

Em palestra feita ao receber o Prêmio Nobel de Economia em 2018, William Nordhaus defendeu um novo modelo para as negociações climáticas internacionais. Um resumo de suas ideias foi publicado na edição mais recente da revista científica americana Foreign Affairs, conceituada publicação especializada em relações internacionais.

Nordhaus identifica quatro causas para a lentidão e os parcos resultados obtidos em duas décadas e meia de negociações: uma estrutura de incentivos intrínsecamente difícil de funcionar; líderes míopes ou venais que não têm interesse em questões globais de longo prazo; a escala, a dificuldade e o custo da desaceleração da mudança climática; e um modelo equivocado sobre como os acordos internacionais devem ser estruturados.

No caso específico do Acordo de Paris, o autor destaca dois grandes defeitos estruturais: ser descoordenado e voluntário. Por descoordenação ele se refere ao fato de que suas políticas, se adotadas, não limitariam a mudança climática à meta de dois graus. Com isso, os países acabam tendo um incentivo para confiar nas reduções de emissões dos outros, sem fazer suas caras reduções domésticas.

Para Nordhaus, a chave para um tratado climático eficaz é mudar a arquitetura, de um acordo voluntário para outro com incentivos para a participação – que ele chama de Clube do Clima. Nele, os países participantes concordariam em realizar reduções harmonizadas das emissões projetadas para atender a um objetivo climático (como um limite de temperatura de dois graus) e incorreriam em penalidades se não participassem ou não cumprissem suas obrigações.

Clube de benefícios

Como benefício para que os países participem do clube, Nordhaus defende a precificação do carbono e o estabelecimento de metas de precificação ao invés de redução de emissões. Como penalidade, ele sugere tarifas sobre as importações dos não participantes. Ele propõe também, embora reconheça a dificuldade de implantação, um direito compensatório sobre o teor de carbono das importações, ou ainda uma tarifa uniforme para todas as importações feitas pelos países pertencentes ao clube que viessem de países não pertencentes.

Em tempo: O artigo comentado acima faz parte de uma edição da Foreign Affairs inteiramente dedicada à análise de “políticas públicas sensatas” que ainda podem limitar a dimensão da crise climática. As informações são do Clima Info.

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