Natalia Fochi

Como ações e iniciativas sustentáveis estão contribuindo para o agora

Nossas ações não esperam resultados apenas a longo prazo, elas já estão moldando o presente. Cada projeto, cada prática adotada, cada solução sustentável implementada faz parte de um esforço contínuo para garantir que as gerações atuais vivam em harmonia com o meio ambiente, demonstrando que o futuro sustentável é construído com decisões tomadas no agora.

A implementação de programas de coleta seletiva e logística reversa desempenha um papel estratégico na gestão integrada de resíduos sólidos, evitando o descarte inadequado de grandes volumes de materiais e mitigando o risco de contaminação dos recursos hídricos e do solo. Tais programas promovem o encaminhamento correto dos resíduos a cadeias de reaproveitamento ou destinação final ambientalmente adequada.

No caso específico de resíduos como lâmpadas fluorescentes, que contêm componentes tóxicos, como o mercúrio, a reciclagem adequada minimiza a dispersão desses elementos nocivos ao meio ambiente e a saúde humana. Além disso, a recuperação de matérias-primas secundárias, como vidro, plásticos e metais, reduz a demanda por recursos naturais e prolonga a vida útil dos aterros sanitários.

Dessa forma, essas iniciativas contribuem diretamente para a transição à economia circular, ao reinserir materiais na cadeia produtiva e diminuir os impactos ambientais associados à extração e descarte de recursos.

A adoção de fontes de energia renováveis e a eficiência energética desempenham um papel fundamental na mitigação das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), contribuindo para o combate às mudanças climáticas e a melhoria da qualidade do ar. A substituição de combustíveis fósseis por fontes limpas, como solar, eólica e biomassa, reduz significativamente a liberação de dióxido de carbono (CO₂) e outros poluentes atmosféricos, impactando diretamente a saúde pública ao diminuir a exposição a Partículas Inaláveis (MP) e Óxidos de Nitrogênio (NOₓ).

O incentivo ao transporte verde depende da integração entre iniciativas individuais e o suporte governamental. Políticas públicas que promovam a expansão da infraestrutura necessária são fundamentais para viabilizar essas práticas. A articulação entre órgãos públicos e privados é essencial para garantir que a mobilidade sustentável se torne uma realidade nas cidades.

As ações de manejo sustentável da água, como sistemas de reaproveitamento e tecnologias de reuso, reduzem o consumo e minimizam a escassez hídrica. Implementar essas soluções é um meio para que comunidades e indústrias tenham acesso à água de maneira sustentável e segura hoje.

Outra importante iniciativa é a integração de soluções sustentáveis no planejamento urbano – como a criação de áreas verdes e o incentivo à mobilidade ativa – visando a melhora na qualidade de vida. Esses espaços ajudam a mitigar as ilhas de calor, aumentando o bem-estar da população e reduzindo a poluição sonora e do ar.

Por fim, a incorporação da educação ambiental em diferentes setores é fundamental para a construção de uma sociedade mais sustentável. As mudanças nos hábitos cotidianos promovidas por essa consciência ambiental resultam em benefícios imediatos, como a redução de resíduos e o uso consciente de recursos, além de construir no agora uma base sólida para um futuro ambientalmente responsável.

*Natalia Fochi – Gerente de Sustentabilidade da Reciclus.


O que é design sustentável e como essa estratégia contribui para o meio ambiente

Você já deve ter se deparado com canudos de papel ou de aço inox; ou, quem sabe, com copos feitos a partir de materiais reciclados e biodegradáveis. Esses itens, que têm ganhado cada vez mais espaço no mercado, não são criados por acaso, eles fazem parte de um conceito chamado design sustentável.

Essa ideia não é exclusiva do design de produto, mas permeia também o design de interiores, a arquitetura, engenharia, o urbanismo, entre outras áreas.

O design sustentável é um conjunto de estratégias que buscam criar soluções que atendam às necessidades do mundo atual sem envolver altas demandas de recursos naturais. É uma prática fundamental para a preservação do meio ambiente, pois promove a eficiência na utilização de recursos e a redução do impacto ecossistêmico. 

Os princípios do design sustentável têm como base a minimização de resíduos, o uso de materiais renováveis e a eficiência energética. A ideia é que, ao projetar um produto, o(a) designer considere não apenas sua funcionalidade, mas também os impactos que ele trará ao planeta ao longo de sua vida útil. Por exemplo, uma lâmpada LED consome menos energia em comparação às lâmpadas fluorescentes e oferece uma durabilidade maior, o que reduz a quantidade de resíduos gerados e a extração de novos recursos.

Dessa forma, considerando o ciclo de vida do objeto, e neste caso de lâmpadas, é possível avaliar todas as etapas de sua produção, desde a extração de matérias-primas até o descarte final, tendo como pilar a logística reversa, que proporciona a esses resíduos coleta e destinação ambientalmente adequada.

Outro ponto é a escolha de materiais sustentáveis, que é o aspecto central do design sustentável. A utilização de elementos como bambu, plásticos reciclados e tintas à base de água são alternativas para minimizar a degradação ambiental e incentivar a economia circular. 

Em termos de tendências, o design sustentável está cada vez mais integrado às novas tecnologias. A impressão 3D, por exemplo, pode ser utilizada para criar produtos personalizados, otimizando o uso de materiais e minimizando o desperdício.

Outro conceito que está ganhando popularidade é o biodesign, com inovações que utilizam organismos vivos para desenvolver soluções que são eficientes e que trazem benefícios diretos ao meio ambiente. Essas tecnologias permitem a criação de artigos mais inteligentes e sustentáveis.

Por fim, a educação e a conscientização são aspectos importantes para a promoção do design sustentável. Tanto profissionais como consumidores devem estar informados sobre as opções disponíveis e as práticas que podem adotar para reduzir seu impacto ambiental. Ao integrar esses princípios e práticas, podemos transformar a maneira como criamos e consumimos produtos, e, assim, caminhar para uma realidade mais respeitosa com os recursos naturais e o meio ambiente.

*Natalia Fochi – Gerente de Sustentabilidade da Reciclus.


O uso eficiente de lâmpadas LED: sustentabilidade e economia

As lâmpadas LED têm se destacado como uma das melhores opções de iluminação tanto para ambientes residenciais quanto comerciais, visto sua durabilidade e eficiência energética, mas também o seu menor impacto ao meio ambiente. Esses produtos são mais eficazes em termos de consumo de energia.

Comparadas às lâmpadas fluorescentes, elas podem proporcionar uma economia quatro vezes superior, segundo a Neoenergia. Além disso, devido à economia na conta de luz e menor necessidade de trocas frequentes, resultam também na redução de resíduos e impactos ambientais.

Entretanto, para maximizar os benefícios proporcionados por essa tecnologia, é fundamental escolher o modelo correto para cada ambiente. Fatores como a temperatura de cor, o fluxo luminoso e o tipo de soquete são determinantes para que a iluminação atenda às necessidades do espaço. Por exemplo, uma lâmpada de luz branca fria é mais adequada para escritórios e ambientes de trabalho, enquanto uma lâmpada de luz branca quente cria uma atmosfera mais acolhedora, ideal para salas de estar e quartos.

A instalação correta das lâmpadas LED também influencia diretamente na eficiência. Elas devem ser colocadas em luminárias adequadas, que permitam a dissipação do calor, garantindo a longevidade do produto. Evitar o uso de dimmers (dispositivo de controle de luminosidade) que não sejam compatíveis com LEDs é importante, pois o uso incorreto desse aparelho pode causar oscilações na luz e reduzir a vida útil da lâmpada.

Alguns outros aspectos importantes para a manutenção:

  • A necessidade de limpeza periódica das lâmpadas e luminárias. O acúmulo de poeira pode diminuir a eficiência luminosa, exigindo mais energia para iluminar adequadamente o espaço. Além disso, é essencial verificar regularmente a integridade das conexões elétricas e o estado das superfícies refletoras, pois pequenos defeitos ou corrosão podem comprometer o desempenho e a segurança do sistema de iluminação;
  • O aproveitamento máximo da luz natural. Em ambientes onde há grande abertura de luz solar, utilizar a iluminação artificial apenas quando necessário contribui para a economia de energia;
  • Investir em sensores de presença e sistemas de automação também pode otimizar o uso das lâmpadas, ajustando a iluminação conforme a necessidade.

O uso eficiente de lâmpadas LED é uma prática que vai além da simples escolha de um produto de qualidade. Ao adotar esses hábitos, contribuímos para minimizar os impactos ambientais e alcançamos uma economia significativa no longo prazo, reforçando o compromisso com o meio ambiente.

*Natalia Fochi – Gerente de Sustentabilidade e Logística da Reciclus.

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O fim dos lixões: um marco para a sustentabilidade no Brasil

Desde a promulgação da Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o Brasil vive uma transformação importante na gestão de resíduos. A lei decretou o fim dos lixões a partir de 2014, um marco que visava erradicar essas áreas de disposição final de resíduos sólidos sem qualquer controle ambiental ou técnico adequado.

No entanto, o Novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020) estendeu esse prazo para agosto de 2024 para municípios com até 50 mil habitantes, reconhecendo os desafios que ainda se apresentam para a completa implementação da lei.

A transição dos lixões para sistemas mais sustentáveis é um processo complexo. A falta de infraestrutura adequada, capacitação técnica e recursos financeiros suficientes para investimentos em tecnologias de tratamento de resíduos são barreiras que muitos municípios ainda precisam superar. Para que essa mudança seja eficaz, é necessário um esforço conjunto entre os setores público e privado, além de um engajamento ativo das comunidades.

Os lixões são responsáveis por diversos impactos ambientais e sanitários negativos. Sem qualquer controle, eles contaminam o solo, a água e o ar com substâncias tóxicas e gases poluentes. Sua presença afeta ecossistemas naturais e recursos hídricos por longos períodos, colocando em risco a saúde pública e o meio ambiente.

A substituição desses espaços por aterros sanitários é crucial para mitigar esses impactos. Por essa razão, é fundamental o investimento em aterros sanitários equipados com sistemas de impermeabilização e coleta de gases. Esses sistemas são projetados para evitar a contaminação do solo e das águas subterrâneas, além de capturar gases como o metano, que podem ser utilizados para a geração de energia.

Além disso, a promoção da coleta seletiva e da reciclagem é essencial. Reduzir a quantidade de resíduos destinados à disposição final não só prolonga a vida útil dos aterros sanitários, mas também promove a economia circular, onde materiais recicláveis são reintegrados à cadeia produtiva, gerando valor econômico e empregos.

O fim dos lixões não é apenas uma necessidade ambiental e sanitária, mas também uma obrigação legal. Alcançar uma gestão mais responsável e sustentável dos resíduos sólidos exige o engajamento de diversos setores da sociedade — governos, empresas e comunidades.

Governos devem criar e implementar políticas públicas eficazes, enquanto as empresas devem investir em tecnologias limpas e práticas de produção sustentáveis. As comunidades, por sua vez, precisam ser integradas às ações de Educação Ambiental, dessa forma, poderão se engajar em práticas de repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar.

A erradicação dos lixões no Brasil é um passo fundamental para a construção de um agora mais sustentável. Embora os desafios sejam muitos, a colaboração entre os setores público e privado, aliada ao engajamento das comunidades, pode transformar a gestão de resíduos no país.

*Natalia Fochi é Gerente de Sustentabilidade e Logística da Reciclus.

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