Mata Atlântica: ONU reconhece esforços para restauração com prêmio global

A Mata Atlântica abriga a onça-pintada, o gato-maracajá, o bugio-preto e o mico-leão-dourado, todas espécies ameaçadas de extinção. Foto: © Matt Flores/Unsplash
A Mata Atlântica abriga a onça-pintada, o gato-maracajá, o bugio-preto e o mico-leão-dourado, todas espécies ameaçadas de extinção/Foto: © Matt Flores/Unsplash

As Nações Unidas (ONU) reconheceram uma iniciativa para restaurar a icônica Mata Atlântica da América do Sul como um dos 10 esforços pioneiros para reavivar o mundo natural em todo o planeta.

A ONU condecorou o trabalho do Pacto Trinacional da Mata Atlântica, que está ajudando a preservar os habitats de vários animais ameaçados de extinção, incluindo a onça-pintada, como uma das Iniciativas de Referência da Restauração Mundial.

Programa busca impulsionar empreendimentos de restauração na Mata Atlântica

Estas iniciativas, elegíveis para receber apoio, financiamento ou expertise técnica da ONU, mostram como os defensores e as defensoras do meio ambiente estão restaurando ecossistemas danificados. A atividade humana alterou significativamente três quartos das terras do planeta e dois terços de seu ambiente marinho, empurrando um milhão de espécies para a extinção.

O anúncio sobre o Pacto Trinacional da Mata Atlântica ocorreu enquanto lideranças globais se reúnem em Montreal, Canadá, para a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP15), onde governos de todo o mundo deverão acordar um novo conjunto de metas para a natureza para a próxima década. Espera-se que as conversas incluam uma meta global para a restauração de ecossistemas.

A Mata Atlântica, que abrange Argentina, Brasil e Paraguai, é conhecida por sua variedade de paisagens, que vão desde pântanos até florestas montanas. No entanto, séculos de exploração madeireira intensiva e de expansão agrícola ameaçaram muitos desses ecossistemas, bem como os animais que vivem neles. A Mata Atlântica abriga a onça-pintada, o gato-maracajá, o bugio-preto e o mico-leão-dourado, todas espécies ameaçadas de extinção.

Esforço coletivo

Para salvar a floresta, os defensores e as defensoras na Argentina, Brasil e Paraguai passaram três décadas promovendo a conservação das espécies e envolvendo as comunidades locais em suas ações. Um grande esforço incluiu a restauração de importantes bacias hidrográficas ao redor de São Paulo, depois que a cidade foi atingida por uma grande seca.

O trabalho de restauração já ajudou cerca de 154 milhões de pessoas na região, aumentando as oportunidades de emprego, a segurança alimentar e o abastecimento de água. Também está ajudando as comunidades a lutar contra a mudança climática. Até 2050, os três países têm o objetivo de restaurar 15 milhões de hectares de floresta degradada.

“Em todo o mundo, nossas florestas estão sitiadas”, disse a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Inger Andersen. “A restauração da Mata Atlântica por meio do envolvimento das comunidades locais é um poderoso lembrete de que a natureza pode curar quando se dá uma chance e proporcionar enormes benefícios no processo”.

Movimento global

O Pacto Trinacional da Mata Atlântica e outras iniciativas de referência foram selecionadas sob a bandeira da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, um movimento global coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para prevenir e reverter a degradação dos espaços naturais em todo o planeta.

Para Qu Dongyu, diretor geral da FAO, “a FAO, juntamente com o Pnuma na coliderança da Década da Restauração de Ecossistemas, tem o prazer de premiar as 10 iniciativas mais ambiciosas, visionárias e promissoras de restauração de ecossistemas como Iniciativas de Referência da Restauração Mundial de 2022. Inspirados por estes projetos, podemos aprender a restaurar nossos ecossistemas a fim de melhorar a produção, a nutrição, o meio ambiente e a vida de todas as pessoas, sem deixar ninguém para trás”.

Comprometimento global

Em todo o mundo, os países já se comprometeram a restaurar um bilhão de hectares – uma área maior que a China – como parte de seus compromissos com o Acordo do Clima de Paris, as Metas de Aichi para a biodiversidade, as metas de Neutralidade da Degradação da Terra e o Desafio de Bonn.

No entanto, pouco se sabe sobre o progresso ou a qualidade desta restauração. Por isso, o progresso de todas as 10 Iniciativas de Referência da Restauração Mundial será monitorado de forma transparente por meio do Quadro de Monitoramento da Restauração de Ecossistemas (Framework for Ecosystem Restoration Monitoring), a plataforma da Década da ONU para acompanhar os esforços globais de restauração.

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Década da Restauração

A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou os anos 2021 a 2030 como a Década das Nações Unidas da Restauração do Ecossistemas. Liderada pelo Pnuma e FAO, juntamente com o apoio de parceiros, foi concebida para prevenir, deter e reverter a perda e degradação dos ecossistemas em todo o mundo. O objetivo é revitalizar bilhões de hectares, cobrindo tanto ecossistemas terrestres quanto aquáticos. Um chamado global à ação, a Década da ONU reúne apoio político, pesquisa científica e força financeira para a restauração em grande escala.

Pacto Trinacional

Esta Iniciativa de Referência da Restauração Mundial é coordenada pelo Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e pela Rede Trinacional para a Restauração da Mata Atlântica. Recebe apoio de mais de 300 parceiros, que incluem a Sociedade Brasileira para a Restauração Ecológica, a União Internacional para a Conservação da Natureza, a The Nature Conservancy Brazil, a World Resources Institute Brazil, a World Wide Fund Brazil, e muitas outras organizações internacionais e locais.

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