A National Geographic Society acaba de lançar o Mapa Mundial da Água. O projeto faz parte da Iniciativa Global de Água Doce e está previsto para ser desenvolvido nos próximos cinco anos, entendendo melhor a crescente escassez de água doce em todo o mundo e inspirando ações sustentáveis nesse sentido.
O mapa foi criado pela National Geographic Society – em cooperação com a Universidade de Utrecht, na Holanda, e a Esri – para identificar pontos críticos de disponibilidade de água doce, visualizar oferta e demanda global e registrar como as pessoas usam esse recurso.
Um quarto da população mundial ainda carece de acesso à água potável
A cartografia é baseada em um dos modelos de código aberto mais avançados que existem para rastrear essa disponibilidade em diferentes partes do mundo.
O mapa traz uma visualização interativa de cada local e mostra quanta água as pessoas consomem para uso agrícola, industrial e doméstico; e o que há disponível na natureza.
O documento é baseado em modelos hidrológicos elaborados pela Universidade de Utrecht, integrando mais de 40 anos de dados históricos e será atualizado para monitorar regularmente as mudanças na disponibilidade e demanda de água.
Situação atual é precária
A humanidade enfrenta uma crise de disponibilidade de água doce caracterizada pela existência de abundância em alguns lugares e insuficiência em outros. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2025 metade da população mundial poderá viver em áreas com escassez de água e isso se acentua entre as comunidades marginalizadas.
Isso se deve não apenas às mudanças climáticas, como também ao rápido desenvolvimento urbano, à poluição, ao colapso da infraestrutura hídrica, ao crescimento e distribuição populacional e à má gestão dos recursos hídricos.
Entenda mais sobre o Mapa Mundial da Água
Como os fatores que impulsionam a disponibilidade de água são complexos e variam em cada região, o Mapa Mundial da Água contém várias camadas para visualizar a lacuna entre a oferta e a demanda. Ele foi desenvolvido pelos exploradores da National Geographic e pelos especialistas em água da Universidade de Utrecht, Marc Bierkens e Niko Wanders, e utiliza uma tecnologia de ponta da Esri chamada GIS.
É uma ferramenta de visualização exclusiva que permite aos usuários explorar o mapa simulando a disponibilidade de água em escala global, indicando áreas onde a demanda excede a disponibilidade de recursos hídricos renováveis – o que foi considerado uma verdadeira lacuna hídrica.
As principais conclusões do primeiro Simpósio Global de Soluções Sustentáveis
“Mapear o mundo e como as pessoas interagem com seus recursos naturais é uma marca registrada da National Geographic Society desde nossos primeiros dias. Nossos recursos globais de água doce são insubstituíveis e usar o mapeamento para contar sua história – e como as pessoas, a vida selvagem e a natureza a usam – faz parte de nosso compromisso contínuo de proteger as maravilhas do nosso mundo”, comenta Alex Tait, geógrafo da National Geographic Society.
“O Mapa Mundial da Água será uma ferramenta poderosa para apoiar a pesquisa, conservação, educação e as narrativas sobre a água doce, completa Tait.
A ferramenta também já identifica 22 pontos críticos em todo o mundo, incluindo o Vale Central, na Califórnia; Java; Indonésia; o Delta do Rio Nilo, no Egito; e a Bacia do Rio Indo, no Paquistão. Com base nos dados coletados ao longo de 40 anos, foi possível determinar que esses locais enfrentam escassez crítica de água devido à diferença entre a demanda para uso humano e a disponibilidade do recurso.
Essas crises são agravadas por diversos fatores, entre eles as mudanças climáticas, o aumento do consumo e o desenvolvimento econômico, que pressionam a disponibilidade de água para fins agrícolas, municipais, industriais e pecuários.
“A crise de disponibilidade de água exigirá a compreensão e a ação de todos nós”, disse Marc Bierkens. “Esse mapa é o primeiro passo para disseminar informações sobre o problema e nos ajudar a abrir a discussão sobre soluções que gerem consciência global sobre o assunto”.
O mapa também será aprimorado com histórias dos exploradores da National Geographic – e de contadores de histórias apoiados pela Iniciativa Mundial de Água Doce – que estão documentando os desafios da água doce em suas comunidades, bem como soluções sustentáveis. A primeira equipe será anunciada durante a Semana da Água, de 22 a 24 de março, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
Ferramenta é essencial para a conscientização do público
Por meio do Mapa Mundial da Água, os usuários também poderão pesquisar sobre a bacia hidrográfica na qual vivem (com visualizações no mapa com precisão de até 10 km) para entender a disponibilidade de água doce, a demanda e os problemas de sustentabilidade que afetam sua comunidade e qualquer outra região no mundo.
“Para entender e trabalhar melhor a crise global da água, é necessário quantificar e contextualizar a oferta e a demanda pelo recurso, portanto, o mapeamento é fundamental”, explica Sean Breyer, gerente do programa Living Atlas of the World, do Esri.
“Estamos orgulhosos de continuar nossa longa associação com a National Geographic Society e fortalecer nossa colaboração com a Universidade de Utrecht por meio do Mapa Mundial da Água para ajudar a criar uma compreensão mais profunda de uma das questões globais mais prementes da atualidade.”
Ao criar uma interface interativa que aproxima o público em geral de dados que normalmente só são utilizados e acessíveis a instituições científicas podemos melhorar nossa compreensão coletiva dos desafios que enfrentamos em relação ao acesso mundial à água doce e da crescente crise hídrica. O Mapa Mundial da Água serve como uma ferramenta educativa para ajudar as pessoas de todo o mundo a entender agir para proteger os recursos de água doce.