Mesmo com La Niña, janeiro de 2025 foi o mais quente da história

Segundo o observatório Copernicus, a temperatura média global foi 1,75oC superior aos níveis pré-industriais, confirmando projeções preliminares de novo recorde de calor em janeiro/Foto: lifeforstock / Freepik

Por ClimaInfo

O choque se confirmou. Dados do serviço climático do observatório europeu Copernicus indicam que janeiro de 2025 foi o mais quente desde o início dos registros, em 1850. O recorde foi registrado mesmo com a incidência do fenômeno La Niña, que em situações anteriores ajudou a aliviar o calor.

A temperatura média global de superfície foi de 13,23ºC, superando em 1,75ºC os níveis pré-industriais e em 0,09ºC o último recorde para janeiro (13,14ºC), em 2024. Esse índice também ficou 0,79ºC acima da média de janeiro de 1991-2020.

De acordo com o Copernicus, janeiro de 2025 foi o 18º mês em um período de 19 meses em que a temperatura média global na superfície ficou 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Em 12 desses 18 meses, de setembro de 2023 a abril de 2024 e de outubro de 2024 a janeiro de 2025, as médias ficaram acima de 1,5ºC, variando entre 1,58ºC e 1,78ºC. Pode parecer pouco, mas são variações suficientes para provocar alterações climáticas significativas e perigosas.

Na Europa, as maiores anomalias de temperatura alta foram observadas na Rússia Ocidental, na Escandinávia e na Finlândia, no sul e no leste do continente, além da Turquia. Globalmente, o calor também foi sentido com mais força no nordeste do Canadá, no Alasca, Sibéria, na maior parte da África, no sul da América do Sul e a Austrália. A Antártica também experimentou temperaturas predominantemente mais altas do que a média.

Temperatura média global do mar

Já a temperatura média global na superfície do mar também seguiu alta em janeiro de 2025, ainda que em patamar inferior ao observado em janeiro de 2024. Segundo o Copernicus, a média ficou em 20,83ºC, a segunda maior marca para o mês da série histórica, cerca de 0,2ºC inferior ao recorde histórico do ano passado e 0,07ºC acima do registrado no mesmo mês em 2016.

Os dados do observatório Copernicus estão em linha com projeções preliminares que indicavam um janeiro de calor recorde ao redor do mundo. Com a confirmação, agora os cientistas se esforçam para entender os fatores por trás desse calor anormal. Nos últimos anos, o fenômeno El Niño ajudou a impulsionar as temperaturas globais para cima, mas o La Niña não entregou o alívio esperado.

“É isso que torna tudo um pouco surpreendente: não estamos vendo esse efeito de resfriamento, ou pelo menos uma frenagem temporária, na temperatura global como esperávamos ver”, observou Julien Nicolas, cientista do Copernicus, ao Guardian.

Sobre o La Niña, a expectativa do Copernicus é que o fenômeno, mais fraco do que o normal, se dissipe ainda neste semestre, por volta de março. Isso porque as temperaturas predominantes em partes do Oceano Pacífico equatorial sugerem desaceleração ou estagnação do movimento em direção ao fenômeno de resfriamento.

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