A importância das cidades na luta contra às mudanças climáticas

Guterres deu vários exemplos de como as cidades já estão tendo sucesso na ação climática. Na foto, Medellín, na Colômbia
Guterres deu vários exemplos de como as cidades já estão tendo sucesso na ação climática. Na foto, Medellín: Unsplash/Mike Swigunski

O chefe das Nações Unidas, António Guterres, destacou o papel das cidades no combate à mudança climática e na recuperação da pandemia de Covid-19. Na sexta-feira, 16 de abril, ele compareceu ao encontro virtual do Grupo C40 de Grandes Cidades para a Liderança Climática, que já inclui mais de 90 centros urbanos. Entre as cidades de língua portuguesa estão: Lisboa, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Para Guterres, as cidades são “uma força positiva e crescente no cenário global.” Segundo o secretário-feral da ONU, elas foram as que mais sofreram com a pandemia, com altas taxas de mortalidade e infecção e enormes perdas econômicas, além de estarem na linha de frente da crise climática.

O secretário-geral também destacou a importância da adaptação, dizendo que não pode ser negligenciada

Como as cidades serão determinantes para uma recuperação verde pós-pandemia

Atualmente, mais de metade da população mundial vive em cidades. Até 2050, quase sete em cada 10 vão residir em zonas urbanas. Além disso, mais de 90% desse crescimento deve ocorrer em países em desenvolvimento.

Atualmente, 50 milhões de residentes urbanos já enfrentam efeitos da subida do nível do mar e tempestades frequentes ou severas. Em meados do século, mais de 3,3 bilhões de moradores de cidades poderão ficar sob risco de impactos climáticos severos.

Carbono

As cidades também têm uma grande pegada de carbono emitindo 70% dos gases de efeito estufa globais.

Para o secretário-geral, “o investimento em recuperação é uma oportunidade para esta geração de colocar a ação climática, a energia limpa e o desenvolvimento sustentável no centro das cidades, preparando-as para uma onda iminente e sem precedentes de crescimento urbano.”

O mundo precisa zerar emissões líquidas até 2050 se quiser cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5º C.

Guterres contou que uma coalizão crescente de países, cidades, empresas e instituições financeiras comprometeu-se com esse objetivo, mas disse que essa visão “não se reflete em planos concretos.”

Metas

Segundo ele, será preciso cortar as emissões globais em 45% até 2030 em comparação com os níveis de 2010.

E o caminho para chegar lá passa por três frentes:

Primeiro, ele disse que os prefeitos devem cooperar com líderes nacionais para apresentar contribuições nacionalmente determinadas mais ambiciosas, antes da Conferência Climática da ONU (COP-26), que será realizada em novembro no Reino Unido.

Depois, as cidades podem fazer planos ambiciosos para a próxima reunião e assumir o compromisso de ter emissões liquidas zero até 2050.

Por fim, podem usar a recuperação da pandemia para acelerar o investimento e a implementação em infraestrutura limpa e verde e sistemas de transporte.

Exemplos

Guterres deu vários exemplos de como as cidades já estão tendo sucesso na ação climática. Desde as novas linhas de teleférico na Cidade do México, à promessa de Johanesburgo de ter emissões liquidas zero para todos os edifícios até 2030 ou o objetivo de Lisboa de multiplicar a produção de energia solar 50 vezes.

Para ele, o desafio é acelerar e aumentar a escala. As principais áreas de ação são a eliminação progressiva do carvão e o investimento em edifícios e sistemas de transporte inteligentes.

Conheça o plano de ação climática de Salvador

O chefe da ONU afirmou que “acabar com o uso do carvão é o passo mais importante que o mundo pode dar para garantir que o aumento da temperatura seja limitado a 1,5 grau.

Ele disse que as cidades têm muito a ganhar com isso, incluindo ar limpo; espaços verdes ao ar livre e pessoas mais saudáveis. Muitas das pessoas que estão sofrendo e morrendo prematuramente por causa da poluição do carvão.

Cidades como Nova York foram as mais afetadas pela pandemia, com maior taxa de mortalidade e queda de economia/Foto: ONU/Evan Schneider

Em 2030, pelo menos 80% da geração de energia nas cidades deve ser proveniente de fontes renováveis.

Mudanças

Para cumprir as metas globais, as emissões dos edifícios, que são responsáveis por mais de um terço do consumo global de energia, devem cair 90% até meados do século, em comparação com os níveis de 2010.

Já as redes de transporte lançam 14% das emissões globais na atmosfera.

Para atingir a neutralidade de carbono, mundo precisa de planos “limpos e viáveis”

Guterres disse que o mundo precisa de uma revolução na mobilidade urbana, com melhor eficiência de combustível, veículos com emissão zero e mudanças em direção a caminhadas, ciclismo, transporte público e viagens mais curtas.

O secretário-geral também destacou a importância da adaptação, dizendo que não pode negligenciada porque “os impactos das mudanças climáticas estão aqui e vão crescer.”

Neste momento, apenas 5% do investimento no clima urbano vai para adaptação e resiliência, mas ele pediu que 50% do financiamento climático fornecido por países desenvolvidos e bancos multilaterais de desenvolvimento fosse para esta área.

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