O movimento Jovens pelo Clima (também identificados pelo lema Sextas-feiras pelo Futuro ou Fridays for Future) realiza nesta sexta-feira, 19 de março, sua primeira grande mobilização do ano pedindo aos líderes de governos e empresas de todo o mundo que parem de prometer e comecem a tomar medidas concretas para frear o aquecimento global.
Impulsionado desde 2018 pela ativista Greta Thunberg, o movimento deve contar com uma mistura de protestos físicos e digitais em mais de 700 locais em 50 países, incluindo o Sudeste e Nordeste brasileiros (veja o mapa ).
O movimento juvenil mundial está pedindo um basta nas “promessas vazias”, em meio a uma enxurrada de anúncios de metas zero líquidas em longo prazo de governos e empresas às vésperas da COP26.
Eles estão especificamente preocupados com o fato de que estas metas são frequentemente vagas, contêm sérias lacunas e não levarão às reduções de emissões de curto prazo necessárias para manter o aquecimento a 1,5°C.
Um artigo publicado esta semana na revista científica Nature, assinado, entre outros, pelo cientista Joeri Rogelj, apóia esta crítica e apresenta três sugestões para metas mais rigorosas e transparentes.
“Quando sua casa está em chamas, você não espera por 10, 20 anos para chamar os bombeiros; você age o mais rápido e o máximo que puder”, afirma Greta Thunberg, do Sextas-Feiras para o Futuro na Suécia.
Sentença de morte
“Atrasar os cortes de emissões por 10 ou 20 anos é uma sentença de morte para países como Uganda”, afirma Vanessa Nakate, do Rise Up Movement em Uganda. “Com 1,2 graus de aquecimento, as pessoas aqui já estão sofrendo com uma seca sem precedentes, fome e enchentes.”
“A crise climática não é uma oportunidade de relações públicas”, afirma Mitzi Jonelle Tan, do Youth Advocates for Climate Action das Filipinas. “Passei muitas noites no ano passado no escuro, sem eletricidade, já que as Filipinas foram arrasadas por uma temporada de tufões sem precedentes. Precisamos de ações concretas e urgentes de governos e empresas, e não de mais vazios buracos ‘net-zero”.
“Não devemos esperar até 2030 ou 2040 – o orçamento de carbono já está diminuindo, e o planeta já está em chamas”, alerta Dominika Lasota, do Sextas-feiras para o Futuro da Polônia. “Os jovens de todo o mundo têm uma mensagem clara para os políticos: Chega de promessas vazias. Exigimos uma ação clara, suficiente e imediata agora”.
Manifestações estão sendo organizadas por ativistas das Sextas pelo Futuro em Natal (RN), João Pessoa (PB), Cuiabá (MT) Belo Horizonte (MG), Ribeirão Preto (SP), São Paulo (SP), Curitiba e Balsa Nova (PR), Palhoça (SC) e Santa Maria (RS). Na capital paulista as ações serão 100% digitais. Em outras cidades haverá a fixação de cartazes em frente às prefeituras, mas sem reuniões de pessoas.
França
Estão previstas demonstrações em 41 cidades de toda a França, com uma grande marcha em Paris a partir das 14h00, horário local. Os jovens ativistas consideram fracas as medidas apresentadas pelo governo em sua recente Lei Climática.
Alemanha
Haverá ações em mais de 210 cidades na Alemanha na sexta-feira. Em Berlim, os ativistas participarão de demonstrações de bicicletas e barcos. Para facilitar o protesto criativo, os organizadores já enviaram mais de 10.000 pacotes com giz e estêncil por todo o país.
Banco Standard Chartered
Em 20 países (incluindo as Filipinas, Quênia, Zâmbia, África do Sul, Bangladesh e Reino Unido) os ativistas realizarão protestos físicos em frente aos escritórios do Standard Chartered Bank. Eles estão pedindo ao Standard Chartered , que tem promovido fortemente suas credenciais climáticas nos últimos tempos, que cumpra suas promessas e pare de financiar empresas que estão construindo infraestrutura de energia fóssil.