O Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF) será realizado pela primeira vez na América Latina. O evento acontecerá na capital paulista, no Parque do Ibirapuera, de 13 a 16 de maio. A nona edição do WCEF vai explorar o potencial das soluções tropicais para o crescimento sustentável e a relevância da economia circularna transição para uma economia de baixo carbono, justa e inclusiva.
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De olho no Brasil neste ano, o mundo busca o equilíbrio entre o crescimento econômico e a gestão viável dos recursos naturais. A economia circular é chave para enfrentar as causas das crises climática e de biodiversidade, bem como o consumo excessivo.
Os aprendizados e soluções apresentados pelos principais pensadores e agentes de transformação econômica do mundo no WCEF2025, um evento sem fins lucrativos, serão essenciais para impulsionar as negociações climáticas da COP30, que acontecerá em novembro em Belém.
De acordo com a última análise do Painel Internacional de Recursos das Nações Unidas, parceiro científico do WCEF, o uso de materiais virgens disparou no século 21: mais de 90% dos materiais não são reutilizados.
“Estamos continuamente perdendo um enorme valor que poderia acelerar nossas economias”, afirma Kari Herlevi, diretor do Programa de Economia Circular do Fundo de Inovação Finlandês Sitra.
A transição para a economia circular tem potencial de criar 7 milhões de empregos globalmente, de acordo com relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT)e seus parceiros, apresentado no WCEF2024. Somente na América Latina e no Caribe, esse potencial pode chegar a 4,8 milhões de empregos.
“O momento é agora”
“Os investimentos estão cada vez mais direcionados a negócios e projetos circulares. O setor financeiro começou a abraçar as oportunidades da economia circular, e as empresas estão implementando estratégias circulares para obter vantagem competitiva e responder às mudanças de comportamento dos consumidores. O momento é agora”, resume Herlevi.
O WCEF2025 reunirá mais de mil especialistas convidados, incluindo líderes empresariais, formuladores de políticas e cientistas de todo o mundo, em São Paulo, com milhares de participantes acompanhando online.
O evento será organizado conjuntamente pelo Fundo de Inovação Finlandês Sitra, FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), CNI (Confederação Nacional da Indústria do Brasil) e SENAI-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em estreita colaboração com organizações parceiras internacionais.
Sessões colaborativas entre especialistas dos hemisférios Sul e Norte
A programação do WCEF2025 foi construída para promover discussões focadas em temas como negócios, governança, finanças, inovação, pessoas e emprego – elementos essenciais para impulsionar a implementação de soluções circulares efetivas.
Nos dias 13 e 14 de maio, o WCEF contará com 4 plenárias e 12 sessões paralelas, guiadas pelas mais recentes evidências científicas. As plenárias abordarão questões temáticas transversais enquanto as sessões paralelas aprofundarão temas de cada segmento, apresentando exemplos inspiradores, práticos e escaláveis de economia circular.
Nos dias 15 e 16 de maio, o evento contará com sessões aceleradoras organizadas por parceiros do WCEF em São Paulo e ao redor do mundo. Essas sessões conectarão os temas do fórum com as atividades diárias necessárias para a transição circular, permitindo uma maior participação do público e um aprofundamento em tópicos específicos.
Alguns dos temas abordados no programa recém-divulgado, incluem:
- Panorama baseado em dados sobre o estado da economia circular e o uso global de materiais;
- Mudanças sistêmicas necessárias para impulsionar a transição para a economia circular;
- Aprofundamento da troca de conhecimento para acelerar parcerias entre regiões, enfatizando a integração entre os hemisférios Sul e Norte;
- Estratégias circulares da indústria.
Papel central
“O setor produtivo, principalmente a indústria, tem papel central na condução rumo à economia circular com a implementação de soluções concretas para tornar os processos de produção mais sustentáveis”, destaca Kalil Cury Filho, diretor-adjunto do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da FIESP, ao comentar as escolhas do programa.
No Brasil, os sistemas de produção circular têm ganhado cada vez mais força. Pesquisa realizada em 2024 pela CNI e o Centro de Pesquisa em Economia Circular da Universidade de São Paulo (USP), junto à base industrial nacional, revelou que 85% das indústrias no Brasil já adotam pelo menos uma prática de economia circular.
“A indústria é essencial na transição para uma economia circular e pode contribuir mais. Temos promovido uma gestão mais eficiente dos recursos e a valorização de produtos circulares”, aponta o superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.