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A alimentação saudável é um grande objetivo dos dias atuais para boa parte da população. Por isso, vários produtos vêm sendo desenvolvidos com a promessa de saúde e bem-estar a quem consome, mas nem sempre significa consumir comida de verdade. Isso porque nem todos se preocupam com a origem dos alimentos para além de seu valor nutritivo.
O processo de produção também importa para a qualidade desse alimento, bem como a própria qualidade dos ingredientes utilizados. Mas, para uma parcela crescente da população, essa é uma preocupação constante, principalmente para os que aderiram a uma dieta vegana, sem ingredientes tóxicos e de origem vegetal: o chamado plant-based.
Segundo a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOP), de 2018, cerca de 14% da população brasileira se considera vegetariana. Em um cenário em que o vegetarianismo cresce exponencialmente no Brasil, há uma busca intensa por ingredientes que atendam às necessidades nutricionais e ao paladar exigente desses consumidores. Desta forma, a farinha de babaçu surge como uma alternativa versátil e sustentável, capaz de substituir farinhas convencionais e agregar valor aos pratos, alinhando saúde e sabor em cada refeição.
Produtos de origem vegetal que imitam sabor e textura dos produtos de origem animal também vem se tornando cada vez mais comuns no mercado, e o famoso hambúrguer vegetal pode ser feito com farinha de mesocarpo, além de frituras vegetais, pães, doces, sorvetes e iogurtes veganos e vegetarianos que também podem ser produzidos com a ajuda dessa farinha e de outros produtos vindos do babaçu. A versatilidade da farinha de mesocarpo do coco babaçu pode ser vista pela quantidade e qualidade de receitas desenvolvidas com esse produto.
Empreendimento feminino
A utilização da farinha de mesocarpo do babaçu apoia diretamente iniciativas como a Rede Mulheres do Maranhão, um coletivo de mulheres extrativistas que se dedicam à colheita e processamento do babaçu de forma sustentável. Essas mulheres transformam a cultura do babaçu em negócios sustentáveis, e o aproveitamento do mesocarpo do coco babaçu é um dos principais produtos desse empreendimento de mulheres.
Ao transformar o mesocarpo do coco em farinha aproveita-se partes do fruto que antes eram descartadas, já que a amêndoa era a parte mais importante. Com o beneficiamento de todas as suas partes é possível aumentar a quantidade de produtos derivados e com isso a possibilidade de negócios sustentáveis e socialmente responsáveis, promovendo a conservação da biodiversidade local e fortalecendo a economia solidária.
A farinha de mesocarpo do babaçu é, assim, um alimento sustentável e socialmente responsável, pois é produzido por comunidades tradicionais através do extrativismo vegetal do coco e seu beneficiamento é feito em cooperativas. Oriundo das matas de cocais brasileiras, possui uma quantidade incrível de vantagens em um único fruto, agradando vegetarianos e veganos. São nutrientes antioxidantes, fibras e proteínas presentes desde a casca até a amêndoa do coco. Além disso, sua origem sustentável o torna extremamente atrativo para quem faz questão de conhecer a história do alimento que consome.
O babaçu é a alternativa vegetariana que merece ser melhor explorada, pois podem ser produzidos tanto cosméticos quanto produtos alimentícios – tudo isso e muito mais pode ser feito através desse fruto presente em boa parte do Brasil, mas que existe em maior abundância no Maranhão. O trabalho da Rede Mulheres do Maranhão inova ao dar valor a esse fruto tão tradicional na cultura maranhense e que merece estar nas prateleiras dos mercados nacionais.