A primeira fábrica de hidrogênio verde do Brasil deverá entrar em operação até o fim de 2023, no Polo Industrial de Camaçari, na Bahia. O lançamento da pedra fundamental da planta da Unigel, maior fabricante de fertilizantes nitrogenados do País, foi realizado nessa terça-feira, 26 de julho, e foi acompanhado pela Eco Nordeste.
Com investimento inicial de US$ 120 milhões (R$ 650 milhões, na cotação atual), a fábrica terá capacidade de produção de 10 mil toneladas/ano de hidrogênio verde, que serão convertidas, nesse primeiro momento, em 60 mil toneladas/ano de amônia verde. Na segunda fase do projeto, prevista para entrar em operação até 2025, a Unigel pretende quadruplicar a produção de hidrogênio e amônia verdes.
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Para a primeira fase do projeto, a Unigel adquiriu da alemã Thyssenkrupp três eletrolisadores com potência total de 60 MW de energia. A energia eólica que será utilizada no processo virá da Casa dos Ventos, no município de Várzea Nova (BA), uma das maiores empresas de geração de energia a partir de fontes renováveis do País. A parceria entre as companhias tem duração de 20 anos e investimentos de R$ 1 bilhão.
A empresa já é a maior produtora nacional da amônia produzida a partir de combustíveis fósseis, cuja produção é escoada para o exterior por meio dos terminais de exportação do Porto de Aratu, também na Bahia. “A Unigel está focada em investimentos que permitam a descarbonização de suas operações e também contribuindo com soluções para a indústria”, destacou o CEO da Unigel, Roberto Noronha Santos.
5 principais vantagens do hidrogênio verde
- Não emite gases do efeito estufa em sua produção, quando armazenado por células a combustível
- Pode abastecer veículos pesados, aviões e navios
- Pode ser utilizado em equipamentos da indústria pesada
- Complementa a cadeia das energias renováveis, como eólica e solar
- Produção em áreas portuárias já existentes, o que facilita o armazenamento e a distribuição logística
Aplicações e destino final
De acordo com a Companhia, os produtos serão ofertados a clientes que encontram no hidrogênio verde e na amônia verde uma importante solução para seus desafios de descarbonização. Entre as aplicações estão o uso do hidrogênio como matéria-prima na siderurgia e no refino de petróleo, e também como combustível para veículos diversos, além do uso da amônia por navios graneleiros e porta-contêineres, substituindo combustíveis fósseis.
A amônia verde também poderá ser utilizada para fortalecer o portfólio de produtos sustentáveis da Unigel, uma vez que é matéria-prima na fabricação de fertilizantes e acrílicos. “Dado o potencial do Brasil na geração de energia eólica e solar, a Unigel acredita que o País tem uma grande oportunidade de ser referência para o mundo no hidrogênio verde, solução que traz versatilidade ao transformar energia renovável em matérias-primas e combustíveis carbono zero”, constatou Noronha.
Setores descarbonizados
O hidrogênio verde é obtido a partir da quebra da molécula de água (eletrólise) que utiliza energia renovável como matéria-prima. No entendimento da Unigel, a amônia desponta como a forma mais econômica e viável de armazená-lo e transportá-lo.
“Ao longo de nossos quase 60 anos de história, desenvolvemos tecnologias e investimos para atender às demandas industriais e do agronegócio. Com este projeto, a Unigel dá mais um importante passo rumo à descarbonização de diversos setores, contribuindo substancialmente para combater as mudanças climáticas do planeta”, observou o fundador e presidente do Conselho de Administração da Unigel, Henri Slezynge.
Potencial do Nordeste
O potencial do Nordeste brasileiro em relação ao desenvolvimento do H2V foi tema de uma das reportagens da série especial colaborativa “As Energias do Nordeste”, lançada no fim de 2021. Além da fábrica recém-anunciada pela Unigel na Bahia, o nordeste brasileiro também sediará, nos próximos anos, projetos de hidrogênio verde nos portos de Pecém (Ceará) e Suape (Pernambuco).
Coordenador dos projetos Governadores pelo Clima e HidroSinergia no Centro Brasil no Clima (CBC), Sérgio Xavier vê o hidrogênio verde como uma alternativa energética que representa uma grande oportunidade aos estados do Nordeste.
“A União Europeia já definiu políticas muito claras para investir no hidrogênio verde como um combustível de transição energética para substituir as fontes fósseis, e isso vai criar uma oportunidade para muitos estados do nordeste brasileiro, uma vez que o hidrogênio verde pode ser produzido de forma limpa, pois ele precisa de energias renováveis.”
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Maior projeto integrado do mundo
A fábrica de hidrogênio verde da Unigel ficará localizada entre as unidades de amônia e de monômero de estireno, e gerará 500 empregos (entre diretos e indiretos), de acordo com a Companhia. Quando estiver concluída, ao fim do ano que vem, a planta baiana será o maior projeto integrado de hidrogênio verde do mundo.
“Ainda não temos mercados consolidados no Brasil na área de amônia e hidrogênio verdes. Por isso aqui nós temos um belo exemplo de empreendedorismo, com foco em soluções sustentáveis. O Brasil tem a oportunidade de ser um fornecedor de energia renovável para o mundo”, ressaltou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, presente no evento de lançamento da pedra fundamental.
(Via Agência Eco Nordeste)