Eventos climáticos extremos mostram necessidade de mais ações em 2023

Relatório revela que de outubro de 2022 a setembro deste ano, a temperatura anual no Ártico foi a sexta mais quente desde 1900/Foto: © Kathryn Hansen/NAS

Por ONU News

Este ano, os impactos da mudança climática se intensificaram. Desastres como inundações extremas, calor e seca afetaram milhões de pessoas e custaram bilhões de dólares. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), esses fenômenos mostram claramente a necessidade de se fazer muito mais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, além de fortalecer a adaptação às mudanças climáticas, por meio do acesso universal a alertas precoces.

A agência da ONU destaca que os últimos oito anos podem se converter nos mais quentes já registrados. Os números da temperatura global em 2022 serão divulgados em meados de janeiro.

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Devido ao La Niña, agora em seu terceiro ano, 2022 não será o mais quente. Mas esse impacto de resfriamento será de curta duração e não reverterá a tendência de aquecimento de longo prazo causada por níveis recordes de gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera.

Este será o décimo ano consecutivo em que as temperaturas atingiram pelo menos 1°C acima dos níveis pré-industriais. A probabilidade de, temporariamente, quebrar o limite de 1,5°C do Acordo de Paris está aumentando com o tempo.

Para 2023, a previsão é que a temperatura global fique entre 1,08°C e 1,32°C, acima da média do período pré-industrial.

Prioridades

O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, fez uma declaração sobre o assunto lembrando os desastres climáticos deste ano que destruíram vidas, infraestruturas e meios de subsistência como a inundação do Paquistão, as ondas de calor recorde na China, Europa, América do Norte e América do Sul, e a longa seca no Chifre da África que corre o risco de virar uma catástrofe humanitária.

Taalas ressaltou a necessidade de aumentar a preparação para esses eventos extremos e alcançar a meta da ONU de alertas prévios para todos nos próximos cinco anos.

Além dos alertas, entre as prioridades para 2023, há um aumento do investimento no sistema básico de observação global e construção de resiliência a climas extremos.

A OMM também vai promover uma nova maneira de monitorar fontes de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Isso permite uma melhor compreensão do comportamento dos principais gases de efeito estufa na atmosfera.

Água

Os níveis recordes dos gases de efeito estufa são apenas um dos indicadores climáticos. Nível do mar, conteúdo de calor oceânico e acidificação também estão na lista. A taxa de aumento do nível do mar dobrou desde 1993, aumentando quase 10 milímetros desde janeiro de 2020, atingindo um novo recorde este ano.

Os últimos dois anos e meio representam 10% do aumento geral do nível do mar desde que as medições por satélite começaram há quase três décadas.

E 2022 teve um impacto excepcionalmente pesado nas geleiras dos Alpes europeus, com indicações iniciais de derretimento recorde. A camada de gelo da Groenlândia perdeu massa pelo 26º ano consecutivo e choveu, em vez de nevar, no cume pela primeira vez em setembro.

Ártico

A OMM também divulgou um estudo anual sobre a situação do Ártico, com dados compilados pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês). A pesquisa envolveu 147 especialistas de 11 nações e fornece um panorama importante da rápida mudança na região e o impacto que ela tem no meio ambiente, ecossistemas, economia e nas comunidades locais.

O relatório revela que de outubro de 2022 a setembro deste ano, as temperaturas anuais no Ártico foram a sexta mais quente desde 1900, o que seguiu uma tendência de décadas, na qual as temperaturas do ar ficaram mais quentes que aquelas da média global.

Seco e quente

Embora 2022 não tenha quebrado recordes globais de temperatura, houve vários recordes nacionais de calor em muitas partes do mundo.

Grandes partes do Hemisfério Norte estavam excepcionalmente quentes e secas. A Índia e o Paquistão registraram calor recorde em março e abril. A China teve a onda de calor mais extensa e duradoura desde o início dos registros nacionais e o segundo verão mais seco já registrado.

Grandes partes da Europa tiveram repetidos episódios de calor extremo. O Reino Unido notificou um novo recorde nacional em 19 de julho, quando a temperatura ultrapassou os 40°C pela primeira vez. Isso foi acompanhado por secas e incêndios florestais persistentes e prejudiciais. Portugal foi um dos países afetados, especialmente no norte.

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Chuvas fora do normal

Na África Oriental, a precipitação tem estado abaixo da média em quatro estações chuvosas consecutivas, a mais longa em 40 anos, desencadeando uma grande crise humanitária que afeta milhões de pessoas, devastando a agricultura e matando o gado, especialmente na Etiópia, no Quênia e na Somália.

A chuva recorde em julho e agosto levou a grandes inundações no Paquistão. Houve pelo menos 1,7 mil mortes e 33 milhões de pessoas afetadas. 7,9 milhões de pessoas foram deslocadas.

A inundação ocorreu logo após uma onda de calor extrema em março e abril na Índia e no Paquistão.

Uma grande área na parte centro-norte da Argentina, e também no sul da Bolívia, no centro do Chile e na maior parte do Paraguai e Uruguai, experimentou temperaturas recordes durante duas ondas de calor consecutivas no final de novembro e início de dezembro de 2022.

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