Pós-pandemia: Uma oportunidade para reconstrução da economia em bases sustentáveis
A pandemia fez com que parássemos para questionar nosso comportamento e repensarmos o caminho que queremos seguir no futuro. É um período longo de home office, com muitas restrições, redução de viagens aéreas e outras grandes alterações em nosso convívio familiar e social e nas atividades de entretenimento com multidão. Vai transformar substancialmente a economia, os serviços, as tecnologias e os hábitos.
Com relação ao consumo, o isolamento social e o confinamento dentro de casa já superou o tempo necessário para a mudança de hábitos, fazendo com que as prioridades de consumo mudem e coisas pequenas e corriqueiras do dia a dia sejam valorizadas. Ainda que de forma inconsciente o consumidor passou a questionar o que consome e o impacto disso no ambiente.
Não podemos prever o futuro mas podemos afirmar que esse episódio deixará marcas profundas na sociedade. O período de angústia, sofrimento e perdas deve gerar um grande trauma de forma global. Toda a geração que passou por isso ficará marcada e sairemos dessa com novas visões de mundo.
É possível prever algumas grandes tendências do mundo que virá. Acreditamos que sairemos mais preparados para os desafios ambientais e que a humanidade usará de forma mais sustentável os recursos naturais do planeta.
A crise do coronavírus deve acelerar a transição da sociedade para formas que nos ajudem a lidar com outra crise global – a das mudanças climáticas – que certamente vai durar pelos próximos séculos.
É uma oportunidade única para adotarmos como estratégia de recuperação o direcionamento dos investimentos para um desenvolvimento sustentável. Precisamos retomar o investimento, o crescimento e o emprego, mas não podemos recuperar o modelo econômico atual e sim reconstruir a economia em bases sustentáveis. Investir em sustentabilidade é uma alternativa para o fortalecimento da economia.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “Precisamos trabalhar juntos agora para preparar o terreno para uma recuperação que construa uma economia mais sustentável, inclusiva e equitativa, guiada por nossa promessa compartilhada – a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, concluiu.
Tornar uma estrutura de negócio altamente sustentável e ao mesmo tempo lucrativa não é uma tarefa fácil. O esforço para que a mudança aconteça será mútuo e gradual, mas as empresas precisam estar conscientes de que o consumidor fará uma pressão muito maior em relação a sustentabilidade agora e no futuro próximo e é importante estar preparado para reagir a isso de forma consistente.
Uma economia inteligente preserva os recursos naturais. Preservar os biomas brasileiros e outros ricos serviços ambientais não é apenas um imperativo para as futuras gerações do planeta, mas também para uma economia inteligente no momento atual, pois respeita a base da economia que é nosso capital natural.
Utilizar esse ativo nacional de forma sábia requer visão e planejamento claros. Este é um caminho seguro para reconstruir a partir da crise, e construir um futuro melhor, produtivo, competitivo, resiliente e inclusivo.
*Sócia-diretora do Rusch Advogados, mestre em Direito Econômico com ênfase em Direito Ambiental pela UFBA; pós-graduada em Direito Ambiental pela PUC-SP; graduada em Direito pela UFBA. Secretária da Comissão de Meio Ambiente da OAB-BA. Membro do Conselho de Meio Ambiente da Fieb. Membro do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coema) da Confederação Nacional das Indústrias (CNI); foi especialista visitante no curso de Direito Ambiental Comparado na Universidade do Texas (EUA) e cursou International Environmental Law na Pace University School of Law, em Nova York.
Idioma: Inglês, espanhol e alemão.