Empresas comunicam ESG, mas poucas dialogam com a sociedade civil

Uma análise de mais de 3,3 milhões de dados digitais, entre 2019 e 2021, realizada pela consultoria de comunicação Llorente y Cuenca (LLYC), aponta que a conversação sobre ESG ainda se concentra na “bolha” entre empresas e escolas de negócio e está desconectada de causas e propósitos da sociedade civil/Foto: Ryoji Iwata /Unsplash

O ESG (Environmental, social and Governance) é uma das siglas mais faladas no ambiente digital e corporativo nos últimos anos. Mas de que forma o ambiente digital reflete a dimensão de importância que esse conceito traz atualmente?

Para entender estas e outras questões, o estudo Dissonâncias do ESG com a sociedade civil, realizado pela Llorente y Cuenca (LLYC) analisou, entre o período de 2019 a 2021, mais de 3 milhões de menções em redes sociais, blogs e sites sobre o tema, incluindo a análise da conversação sobre ESG das 100 maiores empresas brasileiras listadas pela Revista Exame (2021).

O objetivo é entender de que forma a conversação em ESG avança e impacta a sociedade civil em um movimento de transição ao capitalismo verde e consciente.

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A análise mostra que os principais influenciadores no tema não possuem a mesma atividade em redes mais democráticas, como o Twitter, e focam sua comunicação no LinkedIn, conversando quase que exclusivamente com o setor empresarial.

Comunicação difusa

Ao também não possuírem perfis oficiais em outras redes, as companhias conversam apenas com seus pares e mantém uma comunicação difusa em seus sites ao diluir o ESG em outras seções, como a de Negócios, Recursos Humanos, Comunicação Corporativa e Sustentabilidade.

“Este é um dado importante, porque mostra como estamos, sem perceber, conversando com nossa “bolha digital”, tanto de forma pessoal como profissional, e é, acima de tudo, um alerta para repensarmos nossa comunicação nas redes. A pandemia trouxe muitas reflexões e novas demandas da sociedade civil, ao mesmo tempo que vimos o tecido social se esgarçar, com a desconfiança da sociedade em governos e empresas.

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Neste momento de recuperação da confiança, é muito importante que a comunidade empresarial entenda que precisa ir além da sua bolha digital, além da dimensão do negócio, reorientando sua conversação e avançando num diálogo legítimo, de alcance a sociedade civil, de forma mais transparente e “entendível”, diz Anatricia Borges, Diretora Brasil de ESG da LLYC.

Além disso, em uma breve comparação com os EUA, o estudo mostra que, no Brasil, a conversação em ESG está em ascensão no Linkedin, mas se mantém concentrada num diálogo entre empresas e influenciadores da rede, sem conexão relevante com outros setores da sociedade civil.

Volume de menções

Para se ter uma ideia, em 2021, os Estados Unidos obtiveram um volume de menções 453,09% maior sobre ESG do que no Brasil, impulsionadas por personalidades e influencers de diferentes segmentos da sociedade, como os de política, esportes e artes.

Já no Brasil, a conversação se manteve restrita à esfera digital empresarial, de escolas de negócio e de influencers na rede profissional, mas de forma irrelevante no Twitter, que tem maior alcance e engajamento da sociedade civil.

Thyago Mathias, diretor-geral na LLYC Brasil, aponta que é inegável que estamos em uma transição de conhecimento contínuo, mas é preciso pensar se estamos conduzindo a gestão ESG com a responsabilidade necessária.

Transformação autêntica e eficiente

“Como uma consultoria de atuação global, a LLYC tem como demanda produzir e compartilhar conhecimento sobre um tema que é urgente. A partir de estudos como esse, queremos propor a reflexão e criar insumos para se pensar o assunto junto a sociedade civil para que toda transformação ocorra de forma autêntica e consciente.”

O estudo revela, ainda, avanços importantes e de impacto na recuperação da confiança da imprensa e do seu papel social, diante da proliferação das fake news nos últimos três anos. Para Sonia Consiglio, especialista em sustentabilidade, SDG Pionneer pelo Pacto Global das Nações Unidas e colunista do Valor Investe, “trata-se de um novo capitalismo. Sustentabilidade é uma condição para competir”, afirma.

O estudo completo está disponível e pode ser acessado AQUI.

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