Nos últimos três anos, as empresas em atuação no Brasil implantaram 1.340 projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa, totalizando um investimento de mais de US$ 85,8 bilhões que resultaram em 217,9 milhões de CO2 evitados nesse período.
Esses dados tiveram destaque no Painel de Ação Climática, evento paralelo da Semana Latino-Americana e Caribenha do Clima (Climate Week), que foi realizada de 19 a 23 de agosto em Salvador (BA). O encontro foi promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS ) em parceria com a Neoenergia.
A diretora técnica do CEBDS, Ana Carolina Szklo, reforçou que as iniciativas para redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas já são realidades nos grandes grupos em atuação no Brasil. Segundo ela, o risco climático já é um fator considerado, inclusive, para tomada de decisão de investimentos.
“A ação climática tem impulsionado projetos de inovação, competitividade, gerenciamento de riscos e crescimento das empresas, ao mesmo tempo em que proporcionam as reduções de emissões necessárias para mitigar as mudanças climáticas e contribuir com o Acordo de Paris”, destacou Ana Carolina, que moderou o painel.
Diretora-presidente adjunta da Neoenergia, Solange Ribeiro ressaltou que 88% da energia produzida pela companhia é limpa, um número superior à média nacional. “Nossa política de mudanças climáticas está alinhada ao ODS 13 (Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos)”, observou a executiva.
No painel, Ribeiro fez uma defesa enfática da adoção do mercado de carbono no Brasil. “O mercado de carbono é muito importante para ser regulamentado. Não é mais opcional, faz parte do core business e da sustentabilidade do negócio no longo prazo”, afirmou.
Itaú Unibanco: metas de redução emissões de GEE
A superintendente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do Itaú Unibanco, Luciana Nicola, destacou que a instituição tem metas públicas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e publica editais para compensar CO2. A executiva ainda destacou que o Bike Itaú é um dos projetos do banco para contribuir com redução de emissões e conscientização. “Se todas as cidades usassem todo potencial de deslocamento por bicicletas, teríamos uma redução de 18% de CO2 nos centros urbanos.”
Nicola destacou ainda a Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), iniciativa composta por investidores de diversos setores para classificar e mensurar os riscos climáticos. “Temos um grupo na Febraban (Federação Brasileira de Bancos) para criar um padrão para TCFD. O que a gente percebe é que existem diferenças de setor para setor. Quais são mais sensíveis às mudanças climáticas e como devemos olhar para eles?”, perguntou Luciana. A maioria das empresas brasileiras já vem se antecipando à identificação de riscos ocultos em suas operações, com 57% delas utilizando políticas de precificação interna de carbono.
Setor de cimento
As empresas do setor de cimentos têm compromisso para redução de emissões de CO2 no Brasil. “Já em 1999 começamos a discutir um compromisso para redução de CO2. E agora temos um roadmap do setor de cimentos nacional para tornar o setor ainda mais eficiente”, informou Álvaro Lorenz, diretor técnico global da Votorantim Cimentos.
Segundo ele, no Brasil, o setor de cimento representa 2,6% das emissões de GEE, bem abaixo da média global. Estamos em uma posição de vanguarda nesse tema”, afirmou o executivo da Votorantim Cimentos, no evento paralelo da Semana do Clima. Esse é um dos eventos regionais da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) que antecedem a COP-25, que será realizada em dezembro, em Santiago, no Chile.
Apoio à precificação de carbono
Itaú, Natura e Lojas Renner, empresas associadas ao CEBDS, aderiram no dia 20 deste mês, em Salvador, à carta aberta do CEBDS que defende a Precificação de Carbono no Brasil. Com isso, o documento passa a contar com o apoio total de 31 CEO`s e CFO’s de grandes empresas e organizações para o estabelecimento de um mecanismo de precificação adequado às características da economia e ao perfil de emissões de GEE do País. Dessa forma, a organização pretende incentivar investimentos, garantir a competitividade das empresas e estimular a inovação tecnológica de baixa emissão.
(Com informações de Matheus Zanon, do CEBDS)