Empresas veem oportunidades de US$ 5 tri com ações climáticas

Levantamento identificou uma média de mais de US$ 3 bilhões por empresa global em oportunidades climáticas
Levantamento identificou uma média de mais de US$ 3 bilhões por empresa global em oportunidades climáticas

As empresas estão enxergando mais oportunidades de negócios ao enfrentar as mudanças climáticas, com as maiores corporações do mundo identificando quase US$ 5 trilhões em potenciais ganhos, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 13 de novembro, pelo CDP (Carbon Disclosure Project), em meio a encontro de governos no Azerbaijão para discutir o futuro do clima na COP29.

As expectativas cresceram substancialmente, com as 500 maiores empresas do mundo elevando os benefícios financeiros potenciais de US$ 2,1 trilhões em 2018 para US$ 4,8 trilhões em 2023 – mais que o dobro (127%) em cinco anos.

A análise é do CDP, organização sem fins lucrativos que opera o principal sistema de reporte ambiental do mundo, com base em empresas listadas que representam mais de dois terços do valor dos mercados acionários globais, além de milhares de empresas privadas.

Considerando esse grupo mais amplo de todas as empresas que divulgam seus dados, foram identificadas oportunidades que totalizam US$ 16 trilhões no ano passado – um valor equivalente ao PIB da Alemanha, Índia e Japão somados. Desse montante, na América Latina e Caribe foram constadas oportunidades que totalizam US$ 618 bilhões.

Oportunidades mais impactantes

Por empresa, o valor financeiro médio identificado é de US$ 3,1 bilhões, sendo as oportunidades mais impactantes aquelas relacionadas à mudança de produtos e serviços; atração de novos mercados; e construção de resiliência climática.

“As empresas estão cada vez mais observando o combate às mudanças climáticas como um investimento no futuro – e é assim que os governos precisam começar a ver suas NDCs antes do próximo ano”, afirmou Sherry Madera, CEO do CDP.

“Essa análise mostra que há trilhões em oportunidades na economia global. Agora, o setor empresarial precisa que os governos apresentem planos detalhados para que o mercado possa agir, concretizar esses ganhos e impulsionar o crescimento verde. Com o foco das negociações da COP29 em finanças, acreditamos que o único caminho para o sucesso é ver práticas empresariais ambiciosas e a meta de 1,5°C caminhando juntas”, acrescentou Madera.

Progresso ainda é lento

No entanto, a análise do CDP também revela que o progresso das empresas para alinhar suas atividades principais com as metas climáticas ainda é lento. Globalmente, apenas 16% das empresas geram a maior parte de sua receita com produtos de baixo carbono, enquanto a média reportada da parcela do investimento (CapEx) destinado aos planos de transição climática corporativa é de apenas 25%. Na América Latina, mais de 20% das empresas já geram a maior parte de sua receita com produtos de baixo carbono.

Os dados mostram que as empresas estão enfrentando dificuldades para transformar as expectativas de oportunidade em realidade, por meio da adaptação de portfólios de produtos e serviços – o que sugere que NDCs mais fortes e políticas de incentivo são necessárias para mobilizar o capital privado.

A falta de ação aumenta o risco de enfrentar desafios empresariais significativos. Entre as empresas do Global 500, dados do CDP mostram uma maior conscientização sobre o impacto financeiro dos riscos climáticos desde 2018. As empresas analisadas identificaram mais de US$ 1,3 trilhão em riscos relacionados ao clima – um aumento de 29% desde 2018 – com destaque para preocupações em torno de regulamentação, impactos de mercado e riscos físicos agudos.

A transparência sobre o progresso e a ambição climática das empresas é um ponto crítico nas negociações da COP, pois ajuda os governos a estabelecer e alcançar metas com uma abordagem abrangente. Como um reforço à disponibilidade de dados ambientais padronizados para orientar os governos, o número de empresas que reportam dados ambientais pelo CDP cresceu para mais de 24.800 (+7%) em 2024, incluindo aquelas que representam mais de 66% do valor total dos mercados acionários globais.

Na América Latina, cerca de 1.850 empresas reportaram suas informações neste ano, sendo a maioria, mais de 66%, brasileiras. Em relação às Mudanças Climáticas, cerca de 1.848 empresas latino-americanas compartilharam seus dados por meio do CDP, sendo 1.231 delas do Brasil.

Pequenas e médias empresas

Mais de 12.500 empresas no mundo reportaram através do novo questionário específico para pequenas e médias empresas (PMEs) do CDP, enquanto mais de 15.000 divulgaram dados sobre a natureza. Na América Latina, cerca de 988 empresas reportaram por meio do novo questionário específico para PMEs, e cerca de 1.373 divulgaram dados sobre natureza. 

“É altamente encorajador ver que mais de 12.500 pequenas e médias empresas relataram por meio do novo questionário PME do CDP neste primeiro ano”, disse Nigar Arpadarai, Campeão de Alto Nível de Mudanças Climáticas da ONU. “A divulgação é um primeiro passo crucial para a ação e será essencial para preparar as PMEs e as cadeias de suprimentos para o futuro nos principais mercados emergentes. O CDP tem sido um grande parceiro em minha campanha para capacitar milhares de pequenas empresas a prosperar na transição verde – ajudando as PMEs a obter informações que facilitarão a compreensão de onde concentrar sua atenção, desenvolver capacidade e agir.

“A parceria entre o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil com o CDP traz ainda mais relevância para o uso de dados ambientais na tomada de decisão governamental. As instituições já contam com uma parceria histórica consolidada no compartilhamento de dados para o SIRENE Organizacionais, ferramenta pública que recebe os relatos voluntários de inventários de emissões de gases efeito estufa das organizações. Agora, estamos em processo de finalização da expansão desta parceria com um novo acordo guarda-chuva que facilitará o compartilhamento de dados amplos para outros ministérios, alimentando o sistema DataClima+ com dados que serão usados para o monitoramento das NDCs brasileiras e para o desenvolvimento de relatórios, como os Biennial Transparency Reports (BTR)”, destacou Márcio Rojas, Coordenador-Geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil.

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