Emergência Climática: maioria dos brasileiros acredita que terá de mudar de casa

61% dos brasileiros acreditam que terão de mudar de casa por conta das Mudanças Climáticas
61% dos brasileiros acreditam que terão de mudar de casa por conta das Mudanças Climáticas

De acordo com a pesquisa ‘Global Views On Climate Change’ realizada pelo Instituto Ipsos, os brasileiros estão entre os que mais se preocupam com o impacto das Mudanças Climáticas causadas pelas atividades humanas em seu cotidiano nos próximos anos.

Segundo o estudo, 61% dos brasileiros acreditam que terão que deixar suas casas nos próximos 25 anos devido às mudanças climáticas, colocando o Brasil em segundo lugar no ranking geral, logo atrás da Turquia (68%) e à frente da Índia (57%).

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Com o aumento da frequência de eventos climáticos extremos que abalam estruturas antes consideradas estáveis, a pesquisa indica que os brasileiros estão percebendo que as mudanças climáticas não são mais conceitos abstratos, mas sim uma parte integral de suas vidas diárias.

“Do Amazonas ao Pampa, o Brasil experimenta diretamente as consequências desse fenômeno. Em meio a esse panorama desafiador, surge a inevitável reflexão sobre a origem dos preços elevados do café que degustamos diariamente, do azeite, da ração animal… Todos esses são exemplos tangíveis de aumentos não causados pela inflação comum, mas sim pela necessidade de ajuste de valores devido às transformações climáticas que impactam a produção agrícola e a cadeia de suprimentos, por exemplo. Em meio a esse cenário, é possível compreender que a crise climática não apenas se manifesta nas mudanças atmosféricas, mas também reverbera em cada aspecto de nossa vida cotidiana, desde o café da manhã até o lugar onde vivemos”, avalia Daniela Garcia, CEO do Instituto Capitalismo Consciente Brasil.

Pessimismo com o futuro

Os participantes brasileiros da pesquisa também demonstraram um pessimismo em relação ao futuro do planeta, com 85% das pessoas entrevistadas no país afirmando que acreditam que os impactos das mudanças climáticas serão ainda mais graves nos próximos 10 anos, um número superior à média global, que é de 71%.

Infraestrutura para cidades resilientes

Mais uma vez essas questões chamam a atenção para a urgência de implementar soluções que possam tornar as cidades mais resilientes e preparadas para um futuro no qual os eventos climáticos extremos serão cada vez mais comuns devido ao processo de aumento do aquecimento global.

De acordo com a definição da ONU, as cidades resilientes são aquelas capazes de “resistir, absorver, adaptar-se e recuperar-se dos efeitos de um perigo de maneira tempestiva e eficiente, através, por exemplo, da preservação e restauração de suas estruturas básicas e funções essenciais, bem como fazendo investimentos em soluções mais sustentáveis.

Diante do aumento constante das chuvas intensas e dos riscos climáticos, a necessidade de repensar a infraestrutura urbana é incontestável. Segundo o diretor e coordenador da Câmara Técnica de Gestão de Recursos Hídricos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção São Paulo (ABES-SP), Luís Eduardo Grisotto, investir em uma infraestrutura de drenagem e o manejo de águas pluviais urbanas minimizariam, por exemplo, os riscos de deslizamentos e inundações em grande parte das regiões brasileiras, mas, infelizmente, essas soluções têm sido negligenciadas no Brasil.

Ausência de planejamento

De acordo com ele, a ausência de planejamento, investimentos insuficientes e a dificuldade de implantação e gestão desses serviços têm prejudicado sistemas de drenagem urbana por décadas. “Embora a recente aprovação do Marco Legal do Saneamento prometa mudanças significativas, a resolução dos problemas relacionados às inundações, entre outros desastres naturais, ainda está longe de ser alcançada”, pontua Grisotto.

Ele informa que a ABES, por meio de suas Câmaras Temáticas de Drenagem e de Recursos Hídricos, está comprometida em mudar essa realidade, auxiliando na criação de nova configuração das cidades para prevenir desastres cotidianos. “A entidade busca contribuir para a segurança da população frente a eventos climáticos extremos, promovendo debates, eventos, notas técnicas e informações qualificadas”, informa.

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Além disso, Grisotto destaca que a ABES trabalha no desenvolvimento de soluções e programas de investimento, com o objetivo de aumentar a resiliência das cidades e melhorar os serviços de drenagem. A entidade também incentiva o desenvolvimento tecnológico e a harmonização entre as cidades e seus recursos hídricos, visando à melhoria do clima, da paisagem, da qualidade e disponibilidade de água, bem como a sustentabilidade ambiental e urbana, se colocando como uma importante voz nessa discussão e empenhada em buscar soluções inovadoras e colaborativas para enfrentar, por exemplo, os desafios do sistema de drenagem urbana.

“A ação decisiva hoje garantirá a segurança e o bem-estar das comunidades brasileiras no amanhã desafiador que se avizinha”, avalia Luís Eduardo Grisotto.

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