Eletrificação do transporte pressionará por investimentos em energias renováveis

Eletrificação dos transportes é fundamental para uma economia de baixo carbono

Não é só a boiada de Salles que o Brasil vê passar sem nada fazer. O bonde da eletrificação do transporte, tendência forte para o século 21, está passando diante dos nossos olhos sem que nossos governantes sequer percebam.

A eletrificação dos transportes pode ter impactos importantes sobre a demanda de investimentos no setor elétrico, como exemplifica o caso alemão: os operadores das redes elétricas alemãs advertiram na semana passada que o país pode precisar duplicar sua capacidade de geração de energia renovável até 2035, por conta da eletrificação do transporte, além da eletrificação do aquecimento de edificações e de outros setores da economia.

Segundo a Reuters, “ao apresentarem o seu planeamento de capacidade até 2035, as quatro empresas de redes de transmissão de alta tensão afirmaram que a Alemanha necessitará de uma capacidade de geração de energia renovável entre 233 e 261 Gigawatts (GW) até 2035, em comparação com pouco menos de 130 GW recentemente previstos para finais de 2021.”

Dada a apatia da economia brasileira frente a esta tendência global, o impacto da eletrificação do transporte sobre a demanda de energia ainda não é sequer estimado. Para o caso particular da eletrificação do transporte urbano de passageiros por ônibus, Rafael Kelman estimou a demanda em 7,2 GW, “um valor significativo, mas insuficiente para impactar a demanda de ponta do Brasil se ocorrer de madrugada”, segundo ele.

O consumo de energia no mesmo exercício foi estimado em 14 TWh/ano (cerca de 3% do consumo de 2019), o que Kelman diz não ser “um valor desprezível, mas perfeitamente gerenciável em alguns anos de transição”. Mas é importante ressaltar que este impacto foi estimado só para a eletrificação do transporte urbano por ônibus, uma fração somente de toda a demanda por transporte.

Sete razões que impulsionam a energia solar fotovoltaica

Energia solar flutuante

Instalar painéis solares flutuantes na superfície de 1% dos lagos africanos permitiria dobrar a capacidade de geração do continente e aumentar em 50% a oferta de eletricidade. Um estudo publicado na Renewable Energy partiu da superfície de reservatórios das hidrelétricas existentes para aproveitar a infraestrutura de transmissão.

Hoje, 17% da eletricidade do continente africano vem de hidrelétricas. Na Etiópia, Moçambique e Zâmbia, a fonte responde por quase toda a eletricidade. No entanto, a mudança climática está alterando os regimes de chuva e ameaçando a confiabilidade das hidrelétricas.

O estudo imaginou cobrir todos os reservatórios com painéis, o que multiplicaria por 100 a atual capacidade solar instalada de 28 GW. Com os 1% de cobertura, a capacidade passaria para 58 GW. O maior obstáculo, hoje, ainda é o preço. Uma planta solar flutuante é 25% a 30% mais cara do que uma em terra firme. Mas analistas entendem que ainda há muito espaço para o preço do kWh solar cair.

Relatório destaca importância de uma transição energética

(Com informações do ClimaInfo e do Carbon Brief)

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