As políticas e práticas de ESG (ambiental, social e governança) são cada vez mais exigidas pelos fundos de investimento em todo o mundo. Este foi um dos temas principais do painel “Captação de investimentos para projetos de mineração – Casos de Sucesso”, promovido nesta quinta-feira, 15 de setembro, durante a EXPOSIBRAM 2022, em Belo Horizonte.
Na ocasião, participaram do debate o presidente da BAMIN, Eduardo Jorge Ledsham, o diretor-executivo de Finanças da Ero Brasil, Eduardo de Come, o sócio & CEO da Ore Investments, Mauro Barros, e o sócio da Mattos Filho, Adriano Drummond Trindade (mediação).
Talk-show na EXPOSIBRAM discute os desafios do ESG na mineração
O presidente da BAMIN destacou que a experiência com o ESG foi um grande aprendizado que a companhia teve. “Porque quando chegamos no primeiro banco este foi o principal fator exigido. Um projeto que corta 22 municípios exige uma transparência muito grande. Quanto aos bancos, você não consegue dar um só passo sem este gate. Sem demonstrar o comprometimento do acionista e do projeto com os temas ambientais, de governança e relacionamento com as comunidades, você não consegue”, observou.
Na Bahia, a BAMIN é responsável, atualmente, pelo projeto integrado da Mina Pedra de Ferro, na região de Caetité, da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e do Porto Sul, em Ilhéus. De acordo com Ledsham, a postura da mineradora com os órgãos ambientais tem sido proativa.
Transparência com as comunidades
“Nós nos antecipamos e apresentamos as proposições. É importante ter transparência com as comunidades, deixando claro que há benefícios e contrapartidas. Substituímos o modelo de barragem à montante pelo sistema de filtragem, demonstrando nossa preocupação ambiental e com a segurança de todos”, exemplificou o presidente da BAMIN.
Eduardo de Come lembrou que um dos investidores da Ero Brasil é a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, a qual exigiu compromisso com o ESG para continuar investindo. “Tivemos uma reunião com eles, uma vez, e nos impuseram uma condição para continuar investindo: preencher um relatório deles com questões referentes às práticas de ESG. É uma exigência hoje. O setor de mineração é ainda mais demandando, por conta da natureza de suas atividades, e eu acredito que isso não vá acabar tão cedo, ressaltou.
Relação da mineração com o ESG
Mauro Barros compartilhou com o público a experiência de um investidor relevante que ingressou na Ore, o qual pertence a uma família com grande histórico na área de ESG. “Logo que eles ingressaram na nossa empresa eu disse ao meu sócio que não havia motivo para se preocupar, uma vez que não tem energia eólica ou solar, ou mesmo carros elétricos sem a mineração.”
Realizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), a EXPOSIBRAM 2022 teve início na segunda-feira (12) e termina hoje, depois de reunir mais de 50 mil pessoas na Expominas. O evento é considerado o maior do segmento na América Latina e não era realizado presencialmente desde 2019, por conta da pandemia do coronavírus.
*O editor do Notícia Sustentável viajou à Belo Horizonte à convite da BAMIN.