Dia Internacional das Florestas: Brasil precisa de ações coordenadas urgentes

Dia Internacional das Florestas reforça urgência contra o desmatamento
Dia Internacional das Florestas reforça urgência contra o desmatamento

Projetos de plantio e restauração, florestas em regiões urbanizadas, parques e corredores verdes preservam a vida de espécies, reduzem ilhas de calor, contribuem com a captação de água, minimizam impactos de enchentes, melhoram a qualidade do ar, diminuem ruídos, proporcionam serviços ecossistêmicos e ainda favorecem atividades ligadas ao lazer, bem-estar e qualidade de vida para a população.

Esses são importantes exemplos de ações e os consequentes impactos positivos oferecidos pela natureza que valem ser lembrados neste Dia Internacional das Florestas, 21 de março.

17 ações baseadas nos ODS para 2022

“As florestas abrigam cerca de 80% da biodiversidade terrestre mundial, o que já deveria ser o suficiente para que fossem mais protegidas. Mas o papel que elas têm na saúde e no bem-estar humano reforçam ainda mais a necessidade de políticas públicas para garantir a sobrevivência desses ambientes. Bilhões de pessoas dependem diretamente das florestas para obter abrigo, alimentos, medicamentos, energia e renda”, diz a pesquisadora Teresa Magro, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professora associada do Departamento de Ciências Florestais da Universidade de São Paulo (USP).

O Dia Internacional das Florestas foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1971, para conscientizar a população sobre a importância das florestas para a vida no planeta. Cobrindo praticamente um terço da superfície terrestre, as florestas fornecem serviços essenciais, como a produção de alimentos, regulação do clima e proteção do solo e dos recursos hídricos.

Florestas e Brasil

De acordo com o Relatório de Avaliação Global dos Recursos Florestais de 2020 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 12% das florestas do mundo estão no Brasil, totalizando 497 hectares de área florestal.

Entretanto, o mesmo relatório aponta que o Brasil é o país que mais perdeu área de floresta na última década, com 1,5 milhão de hectares perdidos a cada ano, nos últimos 10 anos. O mundo, todos os anos, perde 10 milhões de hectares, o que faz com que de 12% a 20% de emissões globais de dióxido de carbono (CO2) deixem de ser absorvidas pela floresta e sejam lançadas diretamente na atmosfera.

Para Cecília Herzog, também membro da RECN, professora e pesquisadora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a importância das florestas pode ser considerada por diferentes ângulos, desde o nível macro, por sua relação direta com as mudanças climáticas, até no aspecto regional ou local, observado na saúde e qualidade de vida da população nos centros urbanos.

“As florestas nos fornecem serviços ecossistêmicos de valor inestimável. Desde a regulação do clima e das chuvas necessárias para garantir as atividades econômicas diversas, como a agricultura, passando pelo fornecimento de água e energia, até a sensação de bem-estar que a natureza proporciona, mesmo por meio de ilhas verdes nas selvas de pedras”, ressalta a pesquisadora.

Desmatamento como ameaça

As florestas têm no desmatamento a sua maior ameaça. De acordo com dados do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, elaborado pelo projeto MapBiomas, 13,8 mil quilômetros quadrados foram desmatados no País em 2020, 99% de forma ilegal, um crescimento de 14% em comparação com 2019.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento no Cerrado aumentou 7,9%, entre agosto de 2020 e julho de 2021, alcançando a marca de 8.531 quilômetros quadrados perdidos, o maior desde 2015.

O desmatamento na Amazônia, em 2021, foi o pior em 10 anos, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Os dados apontam que mais de 10 mil quilômetros de mata nativa foram destruídos no ano passado — um crescimento de 29% em relação a 2020.

Cada árvore conta

Entre as medidas de proteção de áreas florestais está a criação de Unidades de Conservação, que podem ser públicas ou privadas. Além de proteger a biodiversidade local, as unidades têm potencial de contribuir com o desenvolvimento regional.

A Fundação Grupo Boticário, por exemplo, mantém duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN): a Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante, no Cerrado goiano; e a Reserva Natural Salto Morato, no município paranaense de Guaraqueçaba, no coração da Grande Reserva Mata Atlântica.

Enquanto a primeira tem concentrado esforços nas ações de conservação e pesquisas científicas, especialmente em relação à ecologia do fogo, a segunda tem investido amplamente em ações recreativas e educativas, sendo aberta à visitação e vivência com a natureza. Juntas, elas preservam mais de 11 mil hectares de vegetação nativa.

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Turismo ecológico

A manutenção de áreas como essas traz uma série de benefícios para toda a sociedade, especialmente por meio de serviços ecossistêmicos fornecidos pela natureza, como a proteção a nascentes, garantindo a qualidade de recursos hídricos, sequestro de carbono e proteção de espécies raras e ameaçadas.

Outros benefícios fundamentais são a geração de ICMS Ecológico para os municípios onde as reservas estão localizadas, o conhecimento científico gerado a partir de diversas pesquisas de campo e o desenvolvimento socioeconômico do entorno, especialmente por meio de atividades de turismo ecológico.

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