No interior do Amazonas, jovens comunicadores estão levando informação sobre os cuidados para evitar a Covid-19 de forma leve e lúdica para as crianças indígenas. “Me sinto privilegiado por fazer parte de algo que pode impactar na vida de muita gente”, conta Anderson Teles Marques, editor de vídeo e fotógrafo de 28 anos e membro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
A produção audiovisual “Grandes Guerreiros e Guerreiras” foi realizada por jovens de diferentes regiões do Amazonas (AM). Vera Tukano, de 23 anos, produtora de rádio e colaboradora da Coiab, explica que a ideia é transmitir a mensagem de que a união continua sendo o melhor antídoto contra o coronavírus. “Decidimos criar essa visão: a de que somos parentes, somos um grupo que enfrenta a mesma doença.”
Os componentes culturais indígenas utilizados na narrativa, como a língua dos seres da floresta e os elementos ancestrais, foram peças-chave para que as crianças compreendam os métodos de prevenção da doença. “Optamos em fazer uma animação para crianças porque assim poderíamos usar uma linguagem mais simples, que todos pudessem entender”, explica Anderson.
O filme foi produzido pela Coiab em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Fundação Oswaldo Cruz, e integra o projeto Povos Indígenas da Amazônia no Combate à Covid-19 (Piaac). Além de Anderson e Vera, participaram da atividade Patrícia Guajajara, Kauri Waiãpi, Esco Tikuna, Cledson Karitiana, Alana Manchineri, Mariana Aikanã, Victória Correa, Mateus Compart, Ian Wapichana, Jakeline Carvalho Xavier e Talita Oliveira.
Desafios e resultados
Os percalços pela falta de acesso de qualidade a recursos básicos, como internet, ainda afligem grande parte das comunidades indígenas amazonenses, o que dificultou o andamento do projeto. “Um desafio é a conectividade porque são jovens de diferentes regiões da Amazônia”, explica Anderson. Vera conta que muitas vezes os colegas não participavam das reuniões por conta do sinal da internet. “Às vezes dava para acessar só de dia e à noite não, horário da reunião.”
A inclusão das medidas preventivas da Covid-19 no roteiro também foi um processo desafiador. “As dificuldades foram a de colocar elementos como máscara, álcool em gel 70% e a vacinação de uma forma que não quebrasse a imersão na história”, diz Anderson.
A reação do público após a promoção de “Grandes Guerreiros e Guerreiras” foi recompensadora: mais de 2 mil visualizações nas mídias sociais do Unicef e há expectativa de atingir populações indígenas de vários países através das mídias da ONU no mundo.
Nas comunidades, os resultados também foram excelentes. “Alguns jovens relataram que em suas aldeias, algumas pessoas choraram porque a história as fez sentir muitas emoções”, conta Anderson.
Assista ao vídeo:
(Via ONU News)