A 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP16) será realizada de 21 de outubro a 1º de novembro em Cali, na Colômbia. Com apenas seis anos restantes para atingir as metas globais de biodiversidade , este é um momento considerado crítico.
Líderes empresariais podem esperar maior atenção, estratégias governamentais fortalecidas e financiamento mais intenso do setor privado.
1) Envolvimento crescente do setor privado
Entre 700 e 1.000 empresas compareceram a Montreal para a COP15 em 2022, marcando o primeiro envolvimento significativo do setor privado em uma COP de biodiversidade.
Os resultados em Montreal, incluindo o Plano de Biodiversidade, “enviaram uma mensagem clara a todas as grandes empresas transnacionais e instituições financeiras no sentido de que se preparem para avaliar e divulgar riscos, dependências e impactos sobre a biodiversidade”, disse Eva Zabey, CEO da Business for Nature.
Todos os sinais apontam para um maior engajamento na COP16. Mais de 130 empresas que representam US$ 1,1 trilhão em receita já pediram por uma ambição política renovada para fortalecer os incentivos, a legislação e as regulamentações para impulsionar a ação corporativa na natureza.
No ano passado, mais de 400 empresas adotaram as recomendações de relatórios da Força-Tarefa sobre Divulgação Financeira Relacionada à Natureza (TNFD), divulgações obrigatórias sobre a natureza entraram em vigor para empresas que fazem negócios com a UE e centenas de instituições financeiras endossaram iniciativas de investidores para envolver empresas na natureza.
Espere ver uma enxurrada de novas metas e estratégias relacionadas à natureza nos próximos meses. Empresas avançadas como Holcim, Tetra Pak, ENGIE, GSK e Kering já abriram caminhos. Compromissos não são atos, no entanto. Se eles são eficazes em interromper e reverter a perda de biodiversidade ainda está para ser visto.
2) Os governos devem impulsionar as estratégias nacionais de biodiversidade
A COP16 serve como um prazo para os países revisarem e atualizarem suas Estratégias e Planos de Ação Nacionais de Biodiversidade (NBSAPs) no intuito de se alinharem ao Plano de Biodiversidade (anteriormente chamado de Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework). Esses planos são a principal ferramenta para cada país formalizar o papel e as responsabilidades de atores não estatais, incluindo empresas. Isso significa maior regulamentação e pressão sobre corporações e instituições financeiras:
- A Áustria se comprometeu a reduzir a importação de produtos prejudiciais à biodiversidade.
- A China disse que restringirá as atividades econômicas para que fiquem dentro dos limites ecológicos.
- A Espanha estabeleceu metas para reformar, redirecionar ou eliminar 50% dos subsídios prejudiciais identificados até 2025.
- E a Lei de Restauração da Natureza da UE teve origem na Estratégia de Biodiversidade da UE para 2030.
Das 196 partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, apenas uma dúzia apresentou planos atualizados. Não está claro quantos países buscarão políticas e regulamentações mais rigorosas para corporações e quão rigorosas elas serão.
3) Grandes oportunidades para o financiamento da natureza no setor privado
Não estamos nem perto de cobrir o déficit de US$ 700 bilhões em financiamento para biodiversidade até 2030 e as negociações recentes terminaram em desordem.
A meta de financiamento da natureza do Plano de Biodiversidade (Meta 18) visa mobilizar pelo menos US$ 200 bilhões por ano de recursos nacionais, internacionais, públicos e privados. Os US$ 500 bilhões restantes por ano virão da redução de incentivos e subsídios que prejudicam a biodiversidade (Meta 19).
Como passo inicial, os países se comprometeram a aumentar o financiamento internacional para a natureza para, pelo menos, US$ 20 bilhões anualmente até 2025. No início deste ano, esse número havia atingido apenas US$ 247 milhões .
Ainda assim, muitas empresas parecem prontas para agir. “Empresas e investidores estão cada vez mais cientes de que investir em capital natural pode trazer benefícios tanto para o clima quanto para a biodiversidade”, disse Charlotte Kaiser, chefe de finanças de impacto do BTG Pactual Timberland Investment Group. “As agendas de clima e biodiversidade da ONU estão se tornando mais alinhadas do que nunca. E mobilizar investimentos para uma bioeconomia sustentável está emergindo como um tópico prioritário globalmente, particularmente na América Latina.”
Está claro que os governos não podem atingir essas metas sozinhos. O setor privado tem um papel crítico a desempenhar na alavancagem de financiamento privado, promovendo financiamento combinado e encorajando investimentos por meio de fundos de impacto e outros instrumentos.
“As tendências apontam para a COP16 como um dos momentos mais importantes para os formuladores de políticas, o setor privado e a comunidade sem fins lucrativos se envolverem no financiamento da natureza neste ano”, projeta Kaiser.