Por ONU News
Em todo o mundo, cerca de 40% das terras estão degradadas, o que afeta a vida de 3,2 bilhões de pessoas com a perda de produtividade biológica e econômica.
Para debater esse desafio, a ONU organiza nos próximos dias a 16ª Sessão da Conferência das Partes (COP16), da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), em Riad, na Arábia Saudita.
Aumento de 29% na ocorrência de secas
Na abertura da conferência, realizada na segunda-feira, 2 de dezembro, o presidente recém-eleito da UNCCD e ministro saudita do Meio Ambiente, Abdulrahman Alfadley, disse que as terras degradadas representam maior risco de migração, instabilidade e insegurança para muitas comunidades.
As secas, que são uma questão prioritária na COP16, estão se tornando mais frequentes e severas, aumentando em 29% desde 2000, devido às mudanças climáticas e à gestão insustentável da terra.
Em discurso por vídeo, a vice-secretária-geral da ONU pediu aos delegados da COP16 que façam sua parte e “virem a maré”, concentrando-se em três prioridades, incluindo o fortalecimento da cooperação internacional.
Amina Mohammed destacou que também é crucial “intensificar” os esforços de restauração e trabalhar em direção à “mobilização em massa de financiamento”.
De acordo com ela, “os investimentos acumulados devem totalizar US$ 2,6 trilhões até 2030”. Mohammed sublinhou que o valor equivale ao que o mundo gastou em defesa somente em 2023.
Nutrindo a humanidade
Já o secretário-executivo da UNCCD, Ibrahim Thiaw, ressaltou que a restauração da terra é essencial para “nutrir a própria humanidade”. Para o especialista, “a maneira como o solo é administrado hoje determinará diretamente o futuro da vida no planeta”.
Ele falou de sua experiência pessoal de conhecer agricultores, mães e jovens afetados pela perda de terras, enfatizando que o custo da degradação se faz presente em todos os aspectos da vida. Isso inclui aumento do preço dos mantimentos, sobretaxas inesperadas de energia e pressão sobre as comunidades.
De acordo com os dados da UNCCD, nos quatro anos até 2019, terras saudáveis do tamanho da Índia e da Nigéria combinadas foram afetadas pela degradação da terra.
Thiaw explicou que agricultura, pastoreio excessivo, urbanização, mineração, desmatamento e outros fatores estão impulsionando esse declínio, agravado pelas mudanças climáticas.
Participantes chegam no primeiro dia da conferência sobre desertificação COP16 em Riad, Arábia Saudita/Foto: UNCCD/Papa Mamadou Camara
Ações ambiciosas e inclusivas
A COP16 oferece uma oportunidade para líderes globais de governos, organizações internacionais, setor privado e sociedade civil de se reunirem para discutir as pesquisas mais recentes e traçar um caminho para um futuro sustentável do uso da terra.
Representando organizações da sociedade civil presentes na conferência, Tahanyat Naeem Satti apelou por “ações ambiciosas e inclusivas na COP16”. Para ele, a “participação significativa de mulheres, jovens, povos indígenas, pastores de rebanhos e comunidades locais na tomada de decisões em todos os níveis deve ser institucionalizada”.
A conferência está programada para durar 2 semanas, até 13 de dezembro, e inclui debates e negociações em torno dos seguintes objetivos:
- Acelerar a restauração de terras degradadas até 2030 e além;
- Aumentar a resiliência à intensificação das secas e das tempestades de areia e poeira;
- Restaurar a saúde do solo e aumentar a produção de alimentos benéficos para a natureza;
- Garantir o direito à terra e promover a equidade para uma gestão sustentável;
- Garantir que a terra continue fornecendo soluções climáticas e de biodiversidade;
- Promover oportunidades econômicas, incluindo empregos decentes para os jovens.