Secas e degradação da terra já afetam quase metade da população mundial

Um homem planta uma muda no norte de Burkina Faso
Um homem planta uma muda no norte de Burkina Faso/Foto: Banco Mundial/Andrea Borgarello

Por ONU News

Em todo o mundo, cerca de 40% das terras estão degradadas, o que afeta a vida de 3,2 bilhões de pessoas com a perda de produtividade biológica e econômica.

Para debater esse desafio, a ONU organiza nos próximos dias a 16ª Sessão da Conferência das Partes (COP16), da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), em Riad, na Arábia Saudita.

Aumento de 29% na ocorrência de secas

Na abertura da conferência, realizada na segunda-feira, 2 de dezembro, o presidente recém-eleito da UNCCD e ministro saudita do Meio Ambiente, Abdulrahman Alfadley, disse que as terras degradadas representam maior risco de migração, instabilidade e insegurança para muitas comunidades.

As secas, que são uma questão prioritária na COP16, estão se tornando mais frequentes e severas, aumentando em 29% desde 2000, devido às mudanças climáticas e à gestão insustentável da terra.

Até 2050, três em cada quatro pessoas em todo o mundo, cerca de 7,5 bilhões de pessoas, sentirão o impacto da seca.

Em discurso por vídeo, a vice-secretária-geral da ONU pediu aos delegados da COP16 que façam sua parte e “virem a maré”, concentrando-se em três prioridades, incluindo o fortalecimento da cooperação internacional.

Amina Mohammed destacou que também é crucial “intensificar” os esforços de restauração e trabalhar em direção à “mobilização em massa de financiamento”.

De acordo com ela, “os investimentos acumulados devem totalizar US$ 2,6 trilhões até 2030”. Mohammed sublinhou que o valor equivale ao que o mundo gastou em defesa somente em 2023.

Nutrindo a humanidade

Já o secretário-executivo da UNCCD, Ibrahim Thiaw, ressaltou que a restauração da terra é essencial para “nutrir a própria humanidade”. Para o especialista, “a maneira como o solo é administrado hoje determinará diretamente o futuro da vida no planeta”.

Ele falou de sua experiência pessoal de conhecer agricultores, mães e jovens afetados pela perda de terras, enfatizando que o custo da degradação se faz presente em todos os aspectos da vida. Isso inclui aumento do preço dos mantimentos, sobretaxas inesperadas de energia e pressão sobre as comunidades.

De acordo com os dados da UNCCD, nos quatro anos até 2019, terras saudáveis do tamanho da Índia e da Nigéria combinadas foram afetadas pela degradação da terra.

Thiaw explicou que agricultura, pastoreio excessivo, urbanização, mineração, desmatamento e outros fatores estão impulsionando esse declínio, agravado pelas mudanças climáticas.

Participantes chegam no primeiro dia da conferência sobre desertificação COP16 em Riade, Arábia Saudita

Participantes chegam no primeiro dia da conferência sobre desertificação COP16 em Riad, Arábia Saudita/Foto: UNCCD/Papa Mamadou Camara

Ações ambiciosas e inclusivas

A COP16 oferece uma oportunidade para líderes globais de governos, organizações internacionais, setor privado e sociedade civil de se reunirem para discutir as pesquisas mais recentes e traçar um caminho para um futuro sustentável do uso da terra.

Representando organizações da sociedade civil presentes na conferência, Tahanyat Naeem Satti apelou por “ações ambiciosas e inclusivas na COP16”. Para ele, a “participação significativa de mulheres, jovens, povos indígenas, pastores de rebanhos e comunidades locais na tomada de decisões em todos os níveis deve ser institucionalizada”.

A conferência está programada para durar 2 semanas, até 13 de dezembro, e inclui debates e negociações em torno dos seguintes objetivos:

  • Acelerar a restauração de terras degradadas até 2030 e além;
  • Aumentar a resiliência à intensificação das secas e das tempestades de areia e poeira;
  • Restaurar a saúde do solo e aumentar a produção de alimentos benéficos para a natureza;
  • Garantir o direito à terra e promover a equidade para uma gestão sustentável;
  • Garantir que a terra continue fornecendo soluções climáticas e de biodiversidade;
  • Promover oportunidades econômicas, incluindo empregos decentes para os jovens.

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