Chuvas trágicas na Espanha são impulsionadas por atmosfera mais quente

Em todo o mundo, estão sendo registrados mais incidentes de eventos climáticos extremos
Em todo o mundo, estão sendo registrados mais incidentes de eventos climáticos extremos/Foto: OMM/Daniel Pavlinovic

Por ONU News

Chuvas recordes e inundações repentinas atingiram a Espanha nos últimos dias, matando mais de 150 pessoas e causando grandes perdas econômicas.

A região de Valência, no sudeste do país, foi a mais afetada, com alguns locais recebendo em apenas oito horas um volume de água equivalente a um ano de chuva, de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet).

Alertas em vigor

O número de mortos já ultrapassa 150 e uma enorme operação de resgate e socorro foi montada. Imagens mostraram pessoas arrastadas em carros e torrentes intensas de água. O governo espanhol declarou três dias de luto nacional. Milhares de pessoas ficaram sem energia e o transporte foi interrompido. Um alerta de nível dois está ainda em vigor para o leste do país, incluindo a área de Valência.

Além disso, um alerta vermelho de nível máximo está em vigor para esta sexta-feira, 1º de novembro, na província de Huelva, no extremo sudoeste da Espanha, que também foi atingida por chuvas torrenciais.

O aeroporto de Jerez, no sudoeste do país europeu, recebeu um recorde de 114,8 mm de chuva em 24 horas na quarta-feira.

Ciclo hidrológico acelerado e imprevisível

A secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Celeste Saulo, afirmou que como resultado do aumento das temperaturas, “o ciclo hidrológico se acelerou, se tornando mais errático e imprevisível”.

Saulo esclareceu que “uma atmosfera mais quente retém mais umidade, o que é propício a chuvas fortes”. Para cada 1°C de aquecimento, o ar saturado contém 7% a mais de vapor de água em média, aumentando o risco de eventos extremos de precipitação.

O fenômeno que atingiu a Espanha, conhecido como Depressão Isolada em Níveis Elevados (Dana, na sigla em espanhol), geralmente ocorre durante o outono porque o calor da superfície restante do verão vai de encontro a uma súbita chegada de ar frio originada nas regiões polares. O fenômeno também impactou o sul da França.

As temperaturas globais do ar e dos oceanos estão atingindo novos recordes

As temperaturas globais do ar e dos oceanos estão atingindo novos recordes/Foto: OMM/Eneko Perez

Umidade excessiva na atmosfera

O chefe de Monitoramento Climático da OMM, Omar Baddour, explicou que a “presença de ar quente perto da superfície sendo alimentada pela umidade excessiva do Mar Mediterrâneo e a instabilidade gerada pelo conflito com o ar frio na atmosfera superior leva a grandes nuvens convectivas com fortes chuvas e inundações repentinas”.

Baddour disse que a emergência climática deve tornar esses sistemas mais intensos por causa das águas do mar mais quentes, além do aumento da umidade na atmosfera.

A OMM trabalha com seus membros, os Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais, para garantir que previsões oportunas e precisas cheguem às pessoas a tempo e permitam que ações precoces sejam tomadas.

Efeito das mudanças climáticas

Outras partes da Europa também foram gravemente atingidas por inundações este ano. Em meados de setembro de 2024, uma área muito grande da parte central do continente registou chuvas fortes, quebrando recordes locais e nacionais.

O Instituto Meteorológico Norueguês emitiu alertas de um evento do tipo “rio atmosférico”, que atingirá os países nórdicos nas próximas horas.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), eventos climáticos extremos que causam inundações e secas impactantes tornaram-se mais prováveis e mais graves devido às mudanças climáticas causadas pelos seres humanos. O órgão declarou que isso tem sido confirmado por repetidos eventos extremos.

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