Reino Unido fecha sua última usina térmica a carvão

Uma vista aérea da estação de energia Ratcliffe perto de Nottingham, Inglaterra. Fotografia: Christopher Furlong/Getty Images

Por ClimaInfo

Um dos símbolos da Revolução Industrial do século 19, o carvão finalmente ficará limitado aos livros de história no Reino Unido. Depois de mais de 142 anos, os britânicos celebraram o fechamento de sua última usina termelétrica a carvão na segunda-feira, 30 de setembro. O combustível, que já foi crucial para a economia britânica, não será mais consumido para geração de energia elétrica.

O fechamento é resultado de quase uma década de medidas para descarbonizar a matriz elétrica do Reino Unido. Em 2015, quando as primeiras ações foram tomadas, as térmicas a carvão representavam quase um terço da eletricidade produzida no país. Em 2021, durante a COP26 de Glasgow, na Escócia, o governo britânico se comprometeu a abandonar definitivamente o carvão a partir de 2025.

Nesse ínterim, o Reino Unido conseguiu reduzir significativamente a representatividade do carvão em sua matriz elétrica, com recordes sucessivos de dias em que toda a demanda energética foi atendida por fontes renováveis, sem o uso do carvão. No ano passado, o combustível era responsável por apenas 1% da eletricidade britânica.

Coube à usina de Ratcliffe-on-Soar, em Nottinghamshire, a honraria de ser a última planta a carvão a ser fechada no Reino Unido, depois de quase 60 anos de operação. Os 170 funcionários, remanescentes dos quase 3 mil que trabalharam na usina em seu auge nos anos 1980, assistiram ao desligamento da última unidade geradora.

Com o fechamento da usina em Nottinghamshire, o Reino Unido se tornou o primeiro país do G7 a abandonar definitivamente o carvão. Mas o feito é ainda mais importante pelo simbolismo: por muito tempo, a indústria do carvão foi a mola da economia britânica, a ponto de representar 80% da energia elétrica gerada no país nos anos 1980.

Não à toa, como o Guardian lembrou, as usinas britânicas foram as primeiras grandes emissoras de gases de efeito estufa, com uma pegada de carbono acumulada que bate a de países inteiros. Desde a abertura de sua primeira usina a carvão, em 1882, até o fechamento de Ratcliffe, as usinas a carvão do Reino Unido queimaram 4,6 bilhões de toneladas de carvão e 1,4 bilhão de toneladas de dióxido de carbono, mais do que a maioria dos países já produziu a partir de todas as fontes de combustíveis fósseis.

O feito foi celebrado por ativistas climáticos, que lembraram que o Reino Unido ainda tem um caminho acidentado pela frente em seu objetivo de descarbonizar totalmente sua matriz energética. “A prioridade agora é se afastar do gás fóssil, desenvolvendo o mais rápido possível o enorme potencial de energia renovável nacional do Reino Unido”, destacou Tony Bosworth, da Friends of the Earth, ao Guardian.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*