A campanha também conta com o site cerrados.org.br , que terá informações e dicas de mobilização para a preservação local, bem como chatbot pela página da Rede Cerrado no Facebook . A iniciativa é resultado da articulação entre o WWF-Brasil e a Rede Cerrado – esta reúne mais de 50 organizações da sociedade civil que atuam na promoção da sustentabilidade, em defesa da conservação do Cerrado e dos seus povos.
Poucos sabem, mas o Cerrado é indispensável para a regulação hídrica do Brasil: as raízes das árvores deste Bioma atuam como uma esponja gigante, absorvendo e estocando água da chuva e distribuindo para 8 bacias hidrográficas do Brasil, alcançando milhões de nascentes e aquíferos importantes, como o Bambuí, Urucuia e Guarani.
A relevância do Bioma está em suas propriedades pouco conhecidas, tanto na fauna quanto na flora. Mesmo abrigando 12% da população brasileira e alcançando 11 estados mais o Distrito Federal – o Cerrado ainda é pouco conhecido e valorizado se comparado à Amazônia, por exemplo. Trata-se da maior savana biodiversa do mundo, que abriga 5% de todas as espécies da Terra (32% das quais são únicas), com 12 mil espécies de plantas.
O Cerrado tem ainda um patrimônio cultural vivo nas comunidades tradicionais e povos originários, também conhecidos como guardiões da biodiversidade e das águas do Cerrado. Eles detêm um saber especializado sobre o uso dos recursos naturais, ciclos da natureza, clima e conservação do Bioma, de onde retiram seu sustento.
“No Cerrado vivem cerca de 80 etnias indígenas, além de quilombolas, extrativistas, geraizeiros/as, vazanteiros/as, quebradeiras de coco, veredeiros e veredeiras, ribeirinhos e ribeirinhas, apanhadores de flores sempre-viva, pescadores e pescadoras artesanais, barranqueiros e barranqueiras, fundo e fecho de pasto, sertanejos e sertanejas, ciganos e ciganas, agricultoras e agricultores familiares, entre tantos outros, que vivem, principalmente, do extrativismo e do artesanato”, lembra Maria do Socorro Teixeira Lima, quebradeira de coco e coordenadora-geral da Rede Cerrado.
De acordo com ela, os modos de vida tradicionais são importantes aliados na conservação dos ecossistemas, pois formam paisagens produtivas que proporcionam a continuidade dos serviços ambientais prestados pelo Cerrado, como a manutenção da biodiversidade, dos ciclos hidrológicos e dos estoques de carbono.
Pastagens e desmatamento
O setor agropecuário cobre 40% do solo do Cerrado e embora existam mecanismos de recuperação da terra, cerca de 30% das pastagens estão degradadas ou subutilizadas. A riqueza e biodiversidade do Cerrado tem perdido espaço para o desmatamento causado pelo mau gerenciamento das cadeias produtivas de carne bovina, soja e também do processo de especulação fundiária – retratado no quarto episódio, que mostra como moradores da comunidade Cacimbinha enfrentam invasões, ameaças e se tornam vítimas da grilagem de terras. A história mostra como a jovem Lusineide se torna uma liderança comunitária, organiza um projeto, une vizinhos e cria novas ferramentas de proteção do Cerrado no oeste da Bahia.
Caminhos e ferramentas
Para responder ao desafio de mobilizar mais pessoas em prol do Cerrado, a campanha inclui ferramentas virtuais de capacitação de movimentos e vozes locais, com conhecimento e legitimidade para propor pautas em defesa do ambiente e das comunidades do Bioma.
Pelo messenger do perfil no Facebook da Rede Cerrado será possível conhecer vários caminhos e ferramentas de mobilização social , incluindo exemplos de boas práticas e tutoriais passo-a-passo. Orientações sobre como organizar um financiamento coletivo, acompanhar ou propor um projeto de lei, como fazer um twitaço ou uma Live, entre outras opções, estão disponíveis de forma dinâmica e clara. Todas as ferramentas preveem o uso com poucos recursos e forte embasamento digital, de forma a envolver pessoas de todo o Bioma.