A 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) terminará na terça-feira, 12 de de dezembro, em Dubai (Emirados Árabes Unidos). O brasileiro Carlos Sanquetta, membro do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e delegado pelo Brasil na cúpula, fez um balanço sobre os primeiros dias do evento.
“O chamado ‘fundo de perdas e danos’ foi criado para ajudar as nações que já sofreram com as mudanças climáticas de alguma maneira, como inundações, alagamentos, perdas econômicas ou sociais”, explica o especialista em mudanças climáticas.
Sanquetta também destaca a participação do estado do Mato Grosso do Sul, que demonstrou bastante foco em solucionar a emissão de gases e trouxe soluções interessantes. O governo do estado apresentou durante a COP28 uma inovação em formato de banco de dados.
O sistema Carbon Control é uma plataforma que será empregada para coletar dados sobre as emissões de GEE provenientes de diversos setores, e uma resposta à uma resolução publicada pela Semadesc anteriormente, que passava a exigir a apresentação do inventário de gases de efeito estufa para os empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental.
Leia também: Temperatura global está perto de ultrapassar limites do Acordo de Paris
Uso e ocupação do solo
Para Sanquetta, o estado do Mato Grosso do Sul em particular, apresenta grande interesse em apresentar soluções por ser um local com histórico de uso e ocupação do solo e o tamanho do seu rebanho bovino. “O Mato Grosso do Sul é um estado que tem bastante emissão do setor rural, do setor agrário, com a produção agropecuária e também pelo próprio histórico de conversão da vegetação original por usos agropecuários, além das queimadas na região do Pantanal. Desta maneira, é um estado que precisa apresentar soluções tecnológicas e inteligentes para as emissões de carbono”, explica.
Outro ponto importante da COP 28, segundo Sanquetta, foi a participação de John Kerry, ex-vice-presidente americano.
“Kerry é bastante participativo nesse processo e agora também é o assessor especial para a questão climática nos Estados Unidos. Ele deu uma declaração muito importante para o mercado de crédito de carbono durante a COP, dizendo que esse mercado se tornará o maior em todo o mundo, mostrando a força que os créditos de carbono têm para alavancar a economia, a tecnologia e o desenvolvimento de alternativas sustentáveis, fazendo parte de uma solução climática global”, relatou o professor.
Mercado de carbono
Sanquetta mantém uma intensa agenda com negociadores e membros das delegações do Brasil e de outros países para que os mecanismos do mercado de carbono possam ser regulamentados por meio do Acordo de Paris e também no nosso país.
A COP28 desempenha um papel de destaque nas iniciativas globais de combate às mudanças climáticas, uma vez que se tornam cada vez mais comuns eventos climáticos extremos, tanto no Brasil, quanto em todo o mundo. Como resultado, representantes diplomáticos de 200 nações e vários líderes governamentais participam da conferência.