Amazon, Microsoft e Meta escondem pegada de carbono real, diz Bloomberg

Amazon, Microsoft e Meta compram créditos que, de forma imprecisa, apagam milhões de toneladas de emissões de suas contas de carbono/Foto: Pete Linforth/Pixabay

Por ClimaInfo

O impulso incessante das empresas de tecnologia para a inteligência artificial está trazendo um custo não revelado para o planeta. A Amazon, a Microsoft e a Meta estão ocultando suas pegadas de carbono reais. Com a compra de créditos vinculados ao uso de eletricidade, essas “big techs”, de forma imprecisa, apagam milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa de suas contas de carbono, segundo uma análise da Bloomberg, reproduzida pelo Estadão. É cara de pau que chama?

A estratégia é similar à de muitas companhias carbono-intensivas, como a Petrobras. As empresas compram certificados de energia renovável (conhecidos como RECs) que podem fazer parecer que a eletricidade consumida de uma termelétrica a combustíveis fósseis como carvão e gás veio de uma fazenda solar. Amazon, Microsoft e Meta dependem de milhões de RECs todo ano para reivindicar reduções de emissões ao fazer divulgações voluntárias ao CDP, organização sem fins lucrativos que administra um sistema global de relatórios ambientais.

O mais surpreendente é que mesmo com essa farsa, as emissões dessas empresas de tecnologia estão aumentando. Recentemente, a Microsoft informou que suas emissões são 30% maiores hoje do que em 2020, quando estabeleceu a meta de se tornar negativa em carbono. Isso explica o fato de que as big tech estão querendo até mesmo mudar as regras que definem o que é o net zero, relata o Financial Times.

A Microsoft e outros líderes de IA insistem que o aumento de suas emissões se deve aos materiais com uso intensivo de carbono usados para construir data centers – cimento, aço e microchips – e não à enorme quantidade de eletricidade que a IA exige. E afirmam que a energia é proveniente, em sua maior parte ou toda, de fontes carbono zero, como a solar e a eólica.

Isso significaria que a IA está sendo alimentada exclusivamente por energia renovável. Mas, segundo Michael Gillenwater, diretor executivo do Greenhouse Gas Management Institute, “não há realidade física para essa afirmação”.

A altíssima demanda elétrica da inteligência artificial – chamada de “obscena” pela New Yorker – preocupa muito pelo impacto ambiental, mostra o New York Times, sobretudo pela velocidade de expansão da tecnologia. Por outro lado, nos últimos anos, cresceram as esperanças de que a IA também possa ajudar a Humanidade a enfrentar problemas ambientais globais, como as mudanças climáticas, destaca o The Conversation.

O problema é que se a energia que alimentar a IA for à base de combustíveis fósseis, não há inteligência que salve o planeta.

Em tempo: não é só energia. O consumo de água por dezenas de instalações no “corredor de data centers” no estado da Virgínia, nos EUA, aumentou em quase dois terços desde 2019, enquanto ativistas ambientais alertam que a demanda por infraestrutura de computação está prestes a “explodir” devido à inteligência artificial, informa o Financial Times. A Virgínia abriga a maior concentração de data centers do mundo, incluindo instalações usadas pelas big techs Amazon, Google e Microsoft.

Os vastos armazéns cheios de computadores e equipamentos de rede usaram pelo menos 7 bilhões de litros de água em 2023. A tendência na Virgínia “levanta questões sobre a sustentabilidade disso”, dado o “crescimento explosivo [dos data centers] que estamos esperando nos próximos anos”, disse Julie Bolthouse, diretora de uso da terra no Piedmont Environmental Council, uma organização sem fins lucrativos baseada no estado.

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