Bachelet diz que pandemia dá lição sobre importância de investimentos sociais

Michelle Bachelet destaca lições da pandemia/Foto: Mark Garten/UN

A pandemia de Covid-19 está evidenciando várias lições sobre o despreparo para enfrentar uma crise de saúde global. Isto se vê até mesmo em países ricos e poderosos. A declaração foi feita pela alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.

Médica pediatra e ex-presidente do Chile, por duas vezes, Bachelet lembrou que a pandemia deve durar por algum tempo, uma vez que apenas agora se espalha pelos países em desenvolvimento no Hemisfério Sul.

Ela falou dos efeitos catastróficos sobre economias e da forma como a covid-19 evidencia as desigualdades sociais feitas por mãos humanas.

E são os marginalizados e mais pobres que sofrem mais com o que a alta comissária chamou de os maiores déficits de direitos humanos.

Negligência

Para Bachelet, a covid-19 está ensinando algumas lições entre elas o alto preço pago pela negligência dos direitos econômicos e sociais de partes da população.

Ela afirma que é preciso aprender a lição agora para evitar outras crises previsíveis e que requerem solidariedade global como a mudança climática.

Bachelet lembrou que alguns países já começam a reabrir suas economias e outros veem um aumento no número de novas infecções e mortes.

A isso, juntam-se complicações sobre a falta de informação a respeito do comportamento do vírus e do tempo que levará para que ele esteja sob controle.

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Teste de liderança

Para a ex-presidente chilena, a resposta de cada país afetará a todos numa questão que é também um teste de liderança política.

A alta comissária de Direitos Humanos afirma que reabrir o país rapidamente pode levar a uma segunda leva de infecções, que deve custar mais vidas.

E que qualquer tentativa de retomar a rotina de trabalho, das escolas e de movimentos não será livre de riscos.

Bachelet lembrou que apenas alguns países aplicaram as recomendações de testagem, rastreamento, tratamento e isolamento desde o surgimento da pandemia. Ela citou Coreia do Sul, Alemanha e Nova Zelândia por tomarem medidas corajosas e rapidamente.

Ressurgimento

Mas ressaltou que mesmo ali, ocorre um ressurgimento de casos ainda que em menor escala após a reabertura.

Ao comentar riscos em asilos e residências para a terceira idade, Bachelet afirmou que antes de reabrir é preciso ter planos para esses locais.

Testar residentes e funcionários de instituições psiquiátricas, centros de tratamento para dependentes químicos, e assegurar que haverá isolamento e cuidados para quem se infectar com o novo coronavírus.

Bachelet disse que a negligência com idosos durante a pandemia foi horrorosa.

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Superlotação

Ela pediu medidas para detentos, migrantes, refugiados e deslocados internos, e que fosse dada atenção ao problema da superlotação.

Michelle Bachelet defendeu medidas especiais em favelas urbanas e outras áreas sem água corrente, saneamento básico e cuidados de saúde.

A alta comissária citou outros grupos vulneráveis como pessoas com deficiência e pacientes com doenças crônicas recomendando que as medidas se baseiem em dados e ciência.

Dívida

Para ela, jamais foi tão claro compreender que ninguém deve ser excluído de programas de proteção social e que os países pobres vão precisar do apoio da comunidade internacional.

Bachelet disse que o alívio da dívida dos países pode ajudar a redirecionar os recursos para gastos em áreas chaves como saúde, alimentação, água e saneamento, emprego e proteção social.

A alta comissária elogiou países africanos que mesmo afetados por epidemias de ebola e HIV conseguiram responder rapidamente com medidas para evitar a contaminação com a covid-19. Muitos inclusive estão fornecendo assistência alimentar a grupos mais carentes.

No Iraque, um voluntário que trabalha para um grupo apoiado pelo PnuD entrega uma sacola de alimentos a uma família vulnerável no distrito de Tawrij, localizada nos arredores de Karbala/Foto: Abdullah Dhiaa Al-deen/PnuD

Violência de gênero

Bachelet manifestou preocupação com o aumento da violência de gênero, do discurso de ódio e da desinformação.

Para ela, é fundamental proteger os trabalhadores e aqueles considerados essenciais que recebem salários baixos.

Por fim, a alta comissária de Direitos Humanos da ONU defendeu o envolvimento e constante consulta à população sobre as medidas e decisões que vão afetá-las diretamente.

Confiança

Bachelet diz que isso ajuda a criar mais confiança nas autoridades.

E que ainda que seja difícil para os políticos não pensarem em política, está claro que essa pandemia não será resolvida por ideologias ou política, mas sim políticas públicas sensíveis, cuidadosas e geridas por líderes humanos e compassivos.

Lugar na História

Para Michelle Bachelet o equilíbrio entre obrigações econômicas, de saúde e de direitos humanos durante a pandemia é uma das experiências mais delicadas e decisivas na vida de todos os líderes e governos.

(Via ONU News)

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