[Artigo] Net Zero: conseguimos reduzir a pegada de carbono do mundo digital?

A indústria de computadores, celulares e televisores emite mais gases de efeito estufa do que todo o setor de aviação/Foto: Kevin Grieve/Unsplash

Por Leonel Oliveira*

Há uma enorme mudança no cenário político, financeiro, socioeconômico e, claro, ambiental. Muitos dos fatores que impactam as emissões de CO2 na atmosfera estão longe dos olhos da maioria das pessoas – e a proliferação onipresente da tecnologia digital é parte desta história.

O impulso global da indústria de TI para promover a transformação digital está tendo um impacto maior do que poderíamos pensar. A Universidade de Lancaster, junto à consultoria ambiental britânica Small World Consulting, revelou que a indústria de computadores, celulares e televisores emite mais gases de efeito estufa do que todo o setor de aviação.

Em termos específicos, o mesmo estudo afirma que o verdadeiro nível de emissões da indústria de TI e Telecomunicações pode ser de estimado entre 2,1 e 3,9% do total de CO2 produzido pelo mundo. Este é um número que inclui áreas como datacenters, tráfego na Internet e o uso de smartphones, televisões e outros dispositivos digitais. Esse processo na verdade começa com – e inclui muito – o consumo de energia e as emissões industriais associadas à produção e fabricação de todos os nossos dispositivos e sistemas.

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Com a inclusão de novos recursos aumentando a cada dia em nossos smartphones, há um custo maior a ser pago. Não apenas em termos de quanto os fabricantes pedem por seus dispositivos nas lojas, mas os custos associados a um maior consumo de energia.

Os dispositivos são, naturalmente, a ponta desta discussão, mas devemos reconhecer o que está acontecendo no datacenter, que representa cerca de 20% das emissões indiretas no Escopo 2 da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) para a maioria das organizações.

De acordo com a EPA dos EUA, as emissões do Escopo 2 são emissões indiretas de efeito estufa associadas à compra de eletricidade, vapor, calor ou refrigeração. Embora ocorram fisicamente na instalação onde são geradas, elas são contabilizadas no inventário de gases de efeito estufa de uma organização porque são resultado do uso de energia da organização.

Neste ponto, devemos lembrar dos recursos dos nossos smartphones, que em sua grande maioria estão no modelo de nuvem, ou seja, estão em um datacenter, que requer cada vez mais energia para manter infraestruturas digitais.

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Leonel Oliveira

Ter o entendimento de que sustentabilidade é reconhecer que os recursos são finitos e devem ser utilizados de forma conservadora e sábia, com vistas a deixar um mundo melhor, é essencial para avançar em nossa necessidade de equilibrar meio ambiente e economia.

As noções iniciais de “Green IT” e os sistemas de classificação “Energy Star” dos anos 90 foram agora amplamente atualizados com a mudança para o NetZero, que é alcançar um equilíbrio entre o carbono emitido para a atmosfera e o carbono removido dela.

Mas até mesmo a NetZero tem desafios. O foco na descarbonização se concentra em apenas um único elemento de toda a equação de sustentabilidade, ignorando outras preocupações ambientais como embalagem, produto, água e resíduos. Ela também dá origem a toda uma gama de modelos climático-econômicos gerados por computador que nem sempre se confirmam na prática do mundo real.

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O que podemos fazer?

Podemos transformar os datacenters para atender às metas de neutralidade climática. Usar automação, sistemas de refrigeração inovadores e energias renováveis e, agora, podemos transformar as arquiteturas tradicionais de datacenter de três camadas para arquiteturas de próxima geração. Isto significa usar tecnologias, incluindo a nuvem privada baseada em infraestrutura hiperconvergente (HCI), fundamental para reduzir o consumo de energia e a pegada de carbono dos datacenters.

A nuvem privada com HCI tem o potencial de alavancar o progresso tecnológico em diferentes áreas e reduzir o consumo de carbono em áreas-chave, gerando um impacto imediato e positivo na redução das emissões de carbono, além de reduzir significativamente o superprovisionamento, oferecendo um consumo adequado à demanda. Esta tecnologia também alavanca maior automação e otimiza a utilização dos recursos disponíveis, sem precisar de mais recursos físicos (hardware).

Combinando tudo isso com uma redução geral nos componentes de hardware, a pegada de carbono da HCI pode ser significativamente reduzida em comparação com as infraestruturas tradicionais de três camadas. Na prática, é fazer agora um movimento efetivo para tornar a tecnologia que movimenta nosso mundo mais sustentável.

*Country manager da Nutanix Brasil.

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