A Semana Latino-Americana e Caribenha do Clima (Climate Week) foi encerrada na tarde desta sexta-feira, 23 de agosto, em Salvador (BA), com apelos por mais ambição e colaboração de governos, setor privado e sociedade civil para a implementação dos planos climáticos nacionais, também conhecidos como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), no sentido de alcançar os objetivos do Acordo de Paris, estabelecido em 2015 na capital francesa.
Ao longo de cinco dias, quatro mil pessoas de diversos países participaram do evento promovido pela ONU (Organização das Nações Unidas) em parceria com a Prefeitura de Salvador. Cerca de 70% da malha hoteleira da cidade esteve ocupada nesse período.
O evento também procurou enviar uma mensagem de solidariedade a todos os brasileiros que sofrem as consequências dos recentes incêndios na Amazônia, ao ressaltar que proteger as florestas do mundo é uma responsabilidade coletiva, uma vez que elas são vitais para a vida e uma parte considerável da solução para a mudança climática.
Os resultados da Semana do Clima de Salvador servirão para alimentar as discussões da Cúpula sobre a Ação Climática, convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para 23 de setembro, em Nova York.
Mobilização
Em uma mensagem de vídeo, o enviado especial do secretário-geral da ONU para a Cúpula, Luis Alfonso de Alba, disse que as semanas climáticas regionais fornecem uma plataforma crítica para mobilizar a ação climática.
“Nesta semana, líderes, especialistas, representantes dos governos, empresas e sociedade civil se uniram para discutir as soluções para as mudanças climáticas que enfrentamos. Sabemos que precisamos agir agora para fazer a transformação profunda de sociedades e economias, limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, como o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática deixou claro. Para alcançar este objetivo, precisamos de ação positiva e colaboração entre todas as partes interessadas”, defendeu.
COP-25
A Semana do Clima de Salvador também contribuiu para impulsionar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-25), que será realizada em Santiago, no Chile, de 2 a 13 de dezembro. O evento esteve perto de ser sediado pelo Brasil, mas o governo federal não demonstrou o interesse necessário, ao alegar motivos orçamentários.
Na capital da Bahia, ministros do Meio Ambiente do Brasil, Argentina, Chile, Guatemala e Nicarágua, além do vice-ministro da Colômbia participaram das discussões plenárias de alto nível. Entre os participantes, havia representantes de organizações intergovernamentais, Nações Unidas, setor privado, sociedade civil e academia.
No total, a Semana do Clima de Salvador realizou 79 eventos, incluindo diálogos técnicos e temáticos, workshops, eventos paralelos e exposições que foram promovidas durante os cinco dias.
Planos insuficientes
Os participantes da Semana do Clima ouviram que os atuais planos nacionais de ação climática são insuficientes para manter o mundo no caminho para alcançar o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global o mais próximo possível de 1,5 graus Celsius. A esse respeito, o evento de Salvador ajudou a impulsionar o avanço para a próxima rodada de NDCs, até 2020.
A Semana do Clima de Salvador foi a segunda semana a ser organizada neste ano. A primeira foi realizada em março, em Accra (Gana), na África. A próxima está prevista para Bangkok, na Tailândia (Ásia-Pacífico), de 2 a 6 de setembro.
Pacto pelos oceanos
Durante o encerramento em Salvador, autoridades assinaram o Termo de Compromisso para o Futuro dos Oceanos, promovido pela Future Ocean Alliance e que será levada para a COP-25, com o objetivo de combater a poluição nos oceanos e mares.
No caso da capital baiana, já foram dados passos concretos como a implantação do Parque Marinho da Barra, que protege uma parte importante do litoral da cidade, além da primeira praia com Bandeira Azul do Nordeste, localizada na Ilha dos Frades, e o projeto de lei a ser encaminhado para a Câmara de Vereadores referente à proibição da venda de sacolas e canudos plásticos nos principais estabelecimentos comerciais.