Com as férias escolares chegando, que tal propor mais brincadeiras na natureza e menos telas e consumo?
A pesquisa O papel da natureza para a saúde das crianças no pós-pandemia, idealizada pelo programa Criança e Natureza, em parceria com a Fundação Bernard van Leer e o WWF-Brasil entrevistou 1.000 famílias em todo o país e constatou que 75% delas querem oferecer mais momentos na natureza para as crianças.
As famílias disseram que as crianças pedem menos para utilizar eletrônicos quando estão ao ar livre (86%) e identificaram outros benefícios que esse contato com a natureza traz, como a melhora da qualidade e quantidade do sono (88%), maior atividade física (93%) e diminuição de problemas emocionais, como ansiedade (85%).
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Nos últimos dois anos, com a pandemia de Covid-19, as crianças ficaram ainda mais confinadas e ligadas nas telas, tornando-se mais suscetíveis às mensagens comerciais de empresas que seguem direcionando – ilegalmente – publicidade ao público infantil com o intuito de fazê-lo pedir brinquedos ou outros itens à família.
Para ajudar na missão de afastar as crianças dos eletrônicos nestas férias e brincar mais, os programas Criança e Natureza, Criança e Consumo e o Portal Lunetas, do Instituto Alana, prepararam sugestões de atividades para entreter os pequenos com muita natureza e criatividade e sem apelos consumistas.
Os impactos da pandemia na alfabetização infantil
1- Passeie com as crianças pelo bairro!
No período de férias, que tal tirar as crianças de dentro de casa? Você pode propor atividades que estimulem a interação com o meio ambiente, como passear por praças e parques do seu bairro. Que tal conversar com os pequenos e incentivá-los a encontrar os diferentes tipos de flores, galhos, plantas, pedras e sementes?
Durante o trajeto, você pode pedir para as crianças irem recolhendo alguns itens para utilizá-los em desenhos, pinturas e até esculturas com elementos da natureza. O meio ambiente é um espaço cheio de oportunidades para os pequenos se divertirem.
2- Que tal cultivar uma TiNi?
Ajude os pequenos a desenvolverem autonomia e paciência ao cultivarem mudinhas de plantas em espaços pequenos, chamadas de TiNis. Para criar uma é necessário um vaso para que as crianças plantem sementes diversas e aprendam mais sobre as espécies, a germinação, o ciclo das plantas e o cuidado.
As crianças também podem desfrutar de atividades sociais, como passar mais tempo com os avós e trocar informações sobre as plantas, conhecer mais sobre a fauna, criar abrigo para insetos ou usar a criatividade na decoração de suas TiNis. Para ajudar, o programa Criança e Natureza disponibiliza gratuitamente o livro TiNis -Terra das Crianças e o Guia para pequenos criadores de TiNis.
3- Descubra novos lugares verdes
As crianças têm um espírito explorador e vibram ao tocar ou interagir com outros seres vivos. Que tal aproveitar as férias para conhecer novos espaços verdes? Pode ser uma praça, um parque ou uma Unidade de Conservação, que são áreas naturais protegidas.
O Criança e Natureza, em parceria com o WWF-Brasil, listou espaços próximos a capitais, com boa estrutura de visitação. Essas podem ser ocasiões para contar às crianças sobre a necessidade de preservar a natureza e explicar os impactos que sua destruição pode causar ao planeta. O Portal Lunetas preparou um especial sobre emergência climática e um videomanifesto, protagonizado por crianças, que trazem muita informação e argumentos para esse diálogo.
4- Leve os pequenos para acampar!
Este ano, vamos pensar em proporcionar experiências diferentes, mais verdes e menos poluentes? Acampar em família é uma ótima opção para se divertir ao ar livre. Você pode montar uma barraca no quintal ou em Parques Nacionais e outros lugares apropriados para acampamentos, por exemplo. Com isso, pais, mães e filhos podem dormir sob as estrelas, conversar no escuro da barraca e conhecer alternativas para brincar e aprender com materiais naturais (madeira, tecido, sementes, terra, etc.). Para ajudar os pais, o programa Criança e Natureza disponibiliza o guia “Acampando com crianças”.
5. Abuse da imaginação!
Que tal pensar em atividades que não incentivam o consumismo? Você pode separar alguns itens que tem dentro de casa e deixar as crianças brincarem livremente, deixando a imaginação fluir: um lençol que pode se transformar em uma capa ou até um graveto que pode se transformar em uma varinha. O importante é mostrar que as crianças não precisam de muitos brinquedos novos, geralmente de plástico, para se divertir. O Portal Lunetas traz diversas dicas sobre brincadeiras sem plástico.
O programa Criança e Consumo disponibiliza a pesquisa Infância Plastificada que mostra que o excesso de brinquedos plásticos pode trazer consequências graves para a saúde e para o meio ambiente mas, os materiais naturais favorecem o desenvolvimento das crianças.
6. Menos shopping e mais parques
Durante as férias, as crianças querem sair para se divertir e, muitas vezes, as famílias costumam passear em grandes centros comerciais para entretê-las. Esse tipo de passeio, além de trazer custos, expõe as crianças a um ambiente que estimula o desejo de comprar e faz com que elas associem, desde cedo, o lazer ao consumo. Uma alternativa mais bacana é programar passeios ao ar livre, em parques, jardins, praias, praças ou espaços onde as crianças possam brincar livremente, sem a necessidade de consumir. Que tal aproveitar para fazer um piquenique com comidas saudáveis?
7. Promova um encontro de trocas com os mais chegados!
Aproveite os dias de folga para mexer nos armários e retirar o excesso de brinquedos, roupas, e outros itens, junto com as crianças. Proponha um encontro com as crianças da família ou os amiguinhos mais próximos – tomando os devidos cuidados ainda por conta da pandemia – para trocar os itens. Os “novos” brinquedos e roupas certamente serão ressignificados, ganhando uma nova chance de uso. Essa é também uma boa oportunidade para ensinar às crianças sobre sustentabilidade. Outra dica é sugerir aos pequenos que escolham alguns itens para doar e, dessa forma, compartilhar com alguém o que elas não usam mais.
8. Adultos, fiquem de olho nas telas
Nos momentos em que as crianças estiverem em frente às telas, é importante que pais, mães e responsáveis acompanhem os conteúdos que as crianças assistem para saber se há inserções de publicidade infantil.
Segundo monitoramento realizado pelo programa Criança e Consumo, canais infantis de TV por assinatura, em média, chegam a exibir uma publicidade infantil a cada três minutos de programação. Então, quando notar esse tipo de conteúdo, aproveite para explicar aos pequenos que essas publicidades – que tentam convencê-los de que ter vale mais do que ser – são apenas estratégias das marcas para aumentar suas vendas.
As redes sociais também merecem atenção: muitas empresas se aproveitam da popularidade de canais de youtubers mirins ou adultos que promovem conteúdos para as crianças. Uma forma disso acontecer são os vídeos de unboxing, onde os influencers desembrulham e exibem “presentes” em seus vídeos, estimulando o desejo de consumo nas crianças. Estratégias como essas já são proibidas pela legislação nacional e podem ser denunciadas por qualquer cidadão.