Saiba como o cultivo do tabaco ameaça à biodiversidade

O cultivo do tabaco constitui uma séria ameaça à biodiversidade e provável causa de desertificação em muitos países, informa a Organização Mundial da Saúde (OMS), em relatório recente sobre a produção e comércio do tabaco na África.

De acordo com informações de Amatijane Candé, da ONU News, o documento realça tendências no cultivo e produção do tabaco, bem como o comércio dos seus derivados, como o cigarro. O seu cultivo provoca erosão do solo, perdas substanciais e irreversíveis de árvores e outras espécies florestais.

Nos últimos anos, o foco do cultivo do tabaco mudou para a África e acredita-se que as razões estejam ligadas ao ambiente de regulação mais favorável e uma crescente demanda do produto. Cerca de 1,77% do PIB (Produto Interno Bruto) de Moçambique advém da exportação do tabaco, e o Timor-Leste investe 1,03% do PIB para importar cigarro.

De acordo com a OMS, a epidemia do tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou/Foto: Marcelo Moreno

A terceira edição do Relatório Global da OMS sobre Tendências na Prevalência do Consumo de Tabaco 2000-2025 indica que, no continente africano, os usuários adultos do produto aumentaram de 64 milhões em 2000 para 73 milhões em 2018. Em nível global, as cifras registaram um declínio de 60 milhões no mesmo período.

Quanto ao consumo, o número permanece ainda menor do que na maioria das outras regiões, embora tenha aumentado em muitos países devido ao agressivo marketing da indústria. Os prejuízos são bem conhecidos, mas os riscos que a produção impõe sobre os agricultores, a família e o meio ambiente são pouco discutidos ou documentados.

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Doença de tabaco verde

Os riscos de saúde a que os cultivadores são expostos incluem “a doença de tabaco verde”. A patologia é causada pela nicotina que a pele absorve durante o tratamento das folhas molhadas, o uso pesado de pesticidas e a exposição ao pó do tabaco, acrescenta o relatório.

No âmbito socioeconômico, o relatório destaca arranjos contratuais que deixam os agricultores sempre presos ao círculo vicioso de dívida e incapazes de conseguir um preço justo. Como exemplo, o estudo aponta caso de crianças em situação de vulnerabilidade social que, em alguns países, trabalham em detrimento das aulas para aumentar a renda da família.

O tabaco é a principal causa evitável de morte em todo o mundo/Foto: Unsplash/Fotografierende

Controle

Para a OMS, o tabaco é uma ameaça a muitos recursos da terra. Seu impacto é sentido de maneiras que vão além dos efeitos da fumaça liberada no ar e o seu cultivo destrói o ambiente e ameaça à saúde.

A organização reitera também o compromisso em apoiar os Estados-membros na provisão de alternativas econômicas viáveis, a proteção do meio ambiente e a saúde das pessoas. Em 2018, mais de 3,5 milhões de hectares de terra foram plantados.

Em nota, o diretor do Departamento da Promoção da Saúde da OMS, Ruediger Krech, disse que o relatório vai ajudar os legisladores, pesquisadores e defensores da saúde pública a aumentar a consciência sobre a produção e o comércio do tabaco na África.

Ruediger sublinhou também a necessidade de se utilizar o conhecimento para defender a aceleração da implementação de medidas de controle do tabaco.


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