A promessa de retornar a fazer exercício físico, comer mais frutas e verduras está no topo da lista de resoluções de Ano Novo para muitos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) recomenda também reduzir a quantidade de alimentos saudáveis e nutritivos jogados fora para ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
De acordo com estimativas globais, cerca de um terço dos alimentos produzidos para consumo humano é perdido ou desperdiçado a cada ano. Essas 1,3 bilhões de toneladas de frutas, vegetais, grãos e raízes são perdidos por derramamento ou deterioração na cadeia da colheita até o mercado, ou por deterioração e descarte quando os produtos chegam aos varejistas e finalmente aos consumidores.
Em um mundo onde a desnutrição é um fator que contribui para cerca de 45% das mortes de crianças menores de cinco anos nos países em desenvolvimento, e onde o consumo de alimentos altamente processados está aumentando as taxas de obesidade, o cumprimento destas resoluções de Ano Novo não é apenas pessoal: é essencial para a humanidade.
Essas resoluções também são essenciais para a sobrevivência do planeta. A produção, o consumo e o desperdício de alimentos, e seus impactos no meio ambiente, será um tema chave de discussão na Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA-5) deste ano, que acontecerá online nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2021.
O Pnuma e seus parceiros estão desenvolvendo a análise de dados e modelagem sobre resíduos alimentares mais abrangente do mundo, que será lançada na Assembleia. Com o título “Índice de Resíduos Alimentares”, o documento será lançado na UNEA-5. Ele propõe novas estimativas de desperdício de alimentos em nível doméstico, varejista e de catering em nível nacional e fornece uma metodologia para que os países possam medir e monitorar o progresso em direção ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12.3, que visa reduzir pela metade o desperdício de alimentos em nível de varejo e consumidor e reduzir o desperdício de alimentos até 2030.
Sistemas alimentares para o futuro
A agricultura e a pressão para produzir commodities mais baratas e mais rápidas estão entre os principais motores da perda de biodiversidade. A produção intensiva de alimentos que depende muito do uso de insumos como fertilizantes, pesticidas e sistemas complexos de irrigação e energia significa menos áreas selvagens para as outras criaturas com as quais compartilhamos a natureza, sejam pássaros, mamíferos, insetos ou organismos microbianos. Enquanto isso, as estruturas políticas e econômicas obrigam os agricultores a pagar o preço por suas terras.
“A pandemia da Covid-19 revelou os obstáculos e bloqueios em nosso sistema alimentar global. Temos a oportunidade de reconstruir melhor e redesenhar a forma como cultivamos, colhemos, vendemos e comemos os produtos da natureza”, disse o oficial do Programa de Sistemas Alimentares Sustentáveis do Pnuma, Clementine O’Connor.
Transformar nossos sistemas alimentares não só ajudará a restaurar a biodiversidade e o habitat, mas também pode fortalecer as oportunidades de mercado para os pequenos agricultores, muitos dos quais são mulheres no caminho para a autossuficiência econômica através da produção sustentável de frutas e vegetais.
Um ano frutífero?
Durante a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-5) deste ano, a reunião virtual de representantes dos Estados-membros da ONU, do setor privado, da sociedade civil, de cientistas e outros líderes proporcionará uma oportunidade para compartilhar e adotar as melhores práticas para a transformação dos sistemas alimentares. O impulso para a produção e consumo sustentável de alimentos gerado pela Assembleia continuará em 2021 com a histórica primeira Cúpula das Nações Unidas dos Sistemas Alimentares.
O ano 2021 também foi designado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como o Ano Internacional das Frutas e Vegetais 2021 para destacar o papel das frutas e vegetais na nutrição humana, subsistência, segurança alimentar e saúde.