O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou na quarta-feira, 20 de janeiro, a decisão do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de voltar como Estado-parte ao Acordo de Paris sobre Mudança Climática.
O tratado foi assinado em 2015 com a participação americana – os EUA ocupam a segunda colocação entre os países que mais emitem CO2, atrás apenas da China -, cancelada após a decisão do ex-presidente Donald Trump de abandonar o Acordo.
Em nota, Guterres elogiou o passo dado por Biden de “se juntar à coalizão crescente de governos, cidades, estados, empresas e indivíduos que tomam ações para enfrentar a crise climática.”
Guterres lembrou da Cúpula da Ambição do Clima, realizada em setembro de 2020, quando os países produtores da metade das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) se comprometeram com a neutralidade de carbono.
Para o secretário-geral, “o compromisso de hoje do presidente Biden eleva esse número para dois terços, mas ainda há um longo caminho a percorrer.”
Guterres disse que “a crise climática continua a piorar e o tempo está se esgotando para limitar o aumento da temperatura a 1,5º C e construir sociedades mais resistentes ao clima que ajudem a proteger os mais vulneráveis.”
Cooperação
Após a troca de governo em Washington, Guterres conta com “a liderança dos Estados Unidos para acelerar os esforços globais rumo às emissões neutras”, por meio de uma nova contribuição nacional com metas ambiciosas para 2030 e financiamento climático antes da COP-26, a Conferência sobre Mudança Climática, marcada para Glasgow, na Escócia, ao final de 2021.
Guterres reiterou que está empenhado em trabalhar de perto com o presidente Joe Biden e outros líderes internacionais para superar a emergência climática e recuperar melhor o mundo da Covid-19.
Chefes de agência
Vários chefes de agência parabenizaram o novo presidente dos Estados Unidos pela posse.
O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, disse que Biden é “um forte defensor dos refugiados” e que já “assumiu compromissos importantes para restaurar o programa de reassentamento de refugiados dos Estados Unidos e garantir que os direitos humanos e os valores humanitários sejam centrais ao sistema de asilo” do país.
Grandi lembrou que a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) conta “com o apoio robusto e constante do governo e do povo dos Estados Unidos por mais de 70 anos.”
Já pela sua conta oficial no Twitter, o diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA) David Beasley, cumprimentou o novo presidente e a nova vice-presidente, Kamala Harris.
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Beasley disse que os Estados Unidos e a agência “têm sido parceiros incríveis, por seis décadas, lutando contra a fome global e salvando milhões de vidas juntos.”
O chefe do PMA disse que os parceiros têm agora “a oportunidade de garantir que o alimento seja um dos maiores construtores da paz do nosso tempo.”
Também no Twitter, o diretor-geral da Organização Internacional para Migrações (OIM) saudou o novo presidente e à recém-empossada vice-presidente dos Estados Unidos. António Vitorino disse que espera trabalhar com Joe Biden e Kamala Harris para fortalecer a cooperação de apoio aos migrantes e pessoas deslocadas através de uma abordagem inclusiva e com base nos direitos humanos.
Durante o briefing aos correspondentes estrangeiros, nesta terça-feira (19), o porta-voz do secretário-geral da ONU foi perguntado sobre como António Guterres deve se relacionar com o novo presidente americano e quando haveria uma reunião dois líderes.
Carta
Stephane Dujarric disse que o secretário-geral deve enviar uma carta a Biden e Harris felicitando-os pela posse e dizendo esperar continuar a cooperação da ONU com o novo governo.
O porta-voz lembrou que os Estados Unidos têm um papel chave na liderança de temas globais, e que a ONU elogia relatos de novas medidas em várias áreas como mudança climática, saúde global e outros temas.
Dujarric ressaltou que a cooperação do chefe da ONU com o novo governo americano deve ser positiva.
António Guterres espera trabalhar com o presidente Biden e com o novo secretário de Estado assim como a nova embaixadora do país na ONU. Os dois foram indicados por Joe Biden, mas precisam ter seus nomes confirmados pelo Congresso do país.