Degelo na Antártica pode elevar nível do mar em 2,5 metros

O estudo ressaltou também que a recuperação do gelo perdido na Antártica seria possível somente com uma improvável reversão da temperatura média global para os níveis anteriores à Revolução Industrial

O aquecimento vivido pela Antártica nas últimas décadas pode ter sido o suficiente para que boa parte de suas plataformas de gelo e geleiras desapareça, mesmo que o mundo consiga conter o aumento da temperatura dentro dos limites definidos pelo Acordo de Paris, entre 1,5ºC e 2ºC.

Esta é a conclusão de um novo estudo, publicado nesta semana na Nature, conduzido por pesquisadores da Alemanha e dos EUA. Se as estimativas feitas por esse estudo estiverem certas, o nível global dos mares pode subir até 2,5 metros – uma elevação que colocaria em risco boa parte das áreas litorâneas do mundo.

A elevação potencial dos oceanos é ainda mais assustadora se considerarmos um cenário de aquecimento de 4oC acima dos níveis pré-industriais, compatível com a trajetória recente das emissões de carbono da Terra: com um calor dessa magnitude, o mar pode subir mais de seis metros. O estudo ressaltou também que a recuperação do gelo perdido na Antártica seria possível somente com uma improvável reversão da temperatura média global para os níveis anteriores à Revolução Industrial, em meados do século XIX. Assim, as perdas de gelo e neve no continente podem ser permanentes, sem possibilidade de recuperação no curto prazo geológico. O The Guardian destacou o estudo.

O impacto da mudança do clima sobre as borboletas

Na busca por dados sobre o impacto da mudança do clima sobre a vida na Terra, as borboletas têm sido aliadas improváveis de cientistas para se desvendar os efeitos do aquecimento. Um novo estudo publicado na revista Journal of Animal Ecology por pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido) analisou quase quatro mil borboletas para registrar sua temperatura. Como são ectotérmicas – não produzem calor suficiente para se manterem – as borboletas necessitam de temperaturas altas para voar e, em tese, se beneficiariam com um ambiente mais quente, resultante do aquecimento global.

No entanto, o estudo revelou que temperaturas mais extremas, mais características em cenários de aquecimento global, podem representar problemas para as borboletas, especialmente para as espécies que dependem de habitats sombreados para regular sua temperatura.

Balanço global da recuperação verde: muitas promessas, poucas ações

No Guardian, Fiona Harvey fez um balanço sobre o cumprimento das promessas feitas por diversos países nos últimos meses em torno de uma recuperação econômica verde pós-pandemia. O resultado não é bom: centenas de bilhões de dólares que poderiam impulsionar a transição energética para fontes renováveis acabaram no bolso de empresas fósseis. Do G20, apenas Reino Unido, Alemanha e França apresentaram planos detalhados, com ações, incentivos e metas claras para recuperação verde. A União Europeia como um todo é outra exceção. Entretanto, fora da Europa, a situação é risível.

Nesse cenário, a China é um ponto de interrogação. Ao mesmo tempo em que apostou fortemente numa retomada econômica baseada em energia fóssil, Pequim anunciou nesta semana pretensões para garantir que o pico de suas emissões aconteça antes do final desta década, com sua neutralização total até 2060. Esse esforço exigiria investimentos verdes consideráveis, que ainda não estão definidos. Por ora, como uma análise publicada pelo Carbon Brief deixou clara, os estímulos econômicos para a energia fóssil superaram em três vezes aqueles direcionados para energia renovável na China.

A CNN também repercutiu esse cenário ambíguo para a recuperação pós-pandemia no mundo.

(Via ClimaInfo)

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