As empresas fizeram progressos limitados na cobertura e qualidade das divulgações financeiras relacionadas ao clima, expõe o Barômetro Global de Divulgação de Riscos Climáticos, elaborado pela EY. Ao todo, 54% das organizações reconhecem as mudanças climáticas como uma questão material, mas menos de 10% delas utilizam diferentes cenários para informar riscos e oportunidades ligadas ao clima.
No estudo, a EY examinou a divulgação de mais de 950 empresas de diversos setores em 34 países, incluindo o Brasil, durante o período do relatório de 2018-19. O objetivo foi identificar como organizações têm adotado as recomendações da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD), além de sugerir áreas de melhoria, tanto em termos de qualidade quanto de cobertura das divulgações de riscos climáticos.
“A avaliação dos riscos e oportunidades relacionadas ao clima não é simples e exige análises detalhadas. No entanto, a divulgação de informações sobre o planejamento dos cenários das mudanças climáticas não só aborda as recomendações da TCFD, mas também fornece às empresas novas contribuições para a estratégia e o planejamento do negócio, o que melhora a capacidade e os processos internos”, afirma Leonardo Dutra, sócio de consultoria para mudanças climáticas da EY.
Setores e empresas brasileiras
Mineração, manufatura, transportes e energia, segmentos com a exposição mais significativa ao risco de transição (aqueles com exposição direta às cadeias de abastecimento de combustíveis fósseis ou com substitutos de baixo carbono facilmente acessíveis), apresentaram uma pontuação mais elevada de modo geral. No setor financeiro, os bancos lideram com os melhores índices.
Com os melhores resultados da América Latina, o Brasil está entre os 10 países com mais respondentes que utilizam a metodologia e entre os 5 primeiros em relação ao detalhamento dos cenários. Ao todo, 89% das empresas brasileiras mencionam os elementos da TCFD e 42% o fazem de forma mais aprofundada. No país, o destaque fica por conta das empresas de mineração, que têm bons índices nas respostas.
Relação Covid-19
Nos últimos meses, os impactos da pandemia demonstraram o elevado grau de vulnerabilidade das cadeias de valor das organizações, revelando a dependência de certas regiões, indústrias e modos de transporte. Mais uma comprovação de que é preciso aumentar a resiliência empresarial por meio da avaliação de riscos, reforça o estudo.
“Temos que fazer as perguntas certas para obtermos as repostas que desejamos. ‘Quais são as maiores fontes de emissão na minha cadeia de valor? A que tipos de riscos climáticos minha empresa está exposta a longo prazo? Como meus produtos e serviços serão afetados pelas políticas e metas de carbono?’ Esse é o momento para as empresas reforçarem conhecimentos sobre as mudanças climáticas e impulsionarem a sua liderança na descarbonização e na concretização de oportunidades na nova normalidade”, diz Leonardo Dutra.
Este post tem sinergia com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13. Para saber mais sobre os ODS, clique aqui.